A Rosa Púrpura do Cairo
Título original: The Purple Rose of Cairo
País: EUA
Ano: 1985
Gênero: Comédia romântica
Duração: 84 min
Direção: Woody Allen
Elenco: Jeff Daniels, Mia Farrow, Danny Aiello, Irving Metzman, Stephanie Farrow, Dianne Wiest, Edward Herrmann, John Wood e Van Johnson.
Sinopse: durante os anos da Grande Depressão nos Estados Unidos, Cecília (Mia Farrow) é uma garçonete que, depois de despedida do emprego, passa a se distrair vendo sucessivamente o filme "A Rosa Púrpura do Cairo", até que presencia o dia em que seu ator principal (Gil Sheperd) literalmente sai da tela do cinema para viver a vida real. Os executivos de Hollywood ficam loucos com o ator, querendo impedir que ele continue saindo de outras salas de projeção, enquanto ele passa a ter um caso com Cecília.
Crítica: Woody Allen, definitivamente, é um cineasta sempre capaz de surpreender o público. “A Rosa Púrpura do Cairo” é mais um exemplo de sua extensa obra cinematográfica. Com muita criatividade e sutileza, constrói uma homenagem ao cinema e aos cinéfilos, compartilhando, por meio da estória de Cecília (Mia Farrow), os sonhos mais profundos de um amante dessa arte.
A trama se situa na década de 30, nos anos da Grande Depressão. Cecília, uma sonhadora garçonete utiliza o cinema como refúgio, para esquecer-se de seus problemas e de suas mágoas, e apenas distrair-se em sua paixão pelos filmes. É então que despedida de seu emprego e desolada, passa a frequentar sucessivamente as sessões da mesma película, A Rosa Púrpura do Cairo. Eis que inesperadamente o personagem sai da tela para declarar seu amor por ela. Sim, ele foge da projeção para viver uma aventura romântica com seu amor na vida real. Porém, o ator que o interpreta passa a intervir na situação, quando começa a se aproximar da jovem.
Com uma narrativa sensível e doce retratam-se as dificuldades enfrentadas pela ingênua protagonista que sofre, também, com os maus tratos de seu marido violento. O cineasta trata, sobre a ótica de uma única personagem, toda a importância que um filme tem para aqueles que amam verdadeiramente o cinema. A trama de protagonista serve como referência à própria vida dos cinéfilos, servindo para mostrar que, tanto para a jovem quanto para esse público, o cinema significa muito mais do que mera diversão.
A cenografia é outro ponto de destaque na produção, pois Allen remonta uma estética caótica à década de 30, onde as ruas são pouco movimentadas e escuras (observe a cena do parque, não há absolutamente ninguém lá), e o bairro onde reside Cecília é pobre e carente de cuidados; toda a técnica é feita e pensada de forma para ilustrar como era a situação norte-americana durante um período denso onde o país se encontrava numa terrível crise econômica.
Embora seja um enredo totalmente surreal, Allen soube na medida certa e com um humor elegante mesclar realidade e ficção, contando, é claro, com a boa interpretação de Mia Farrow.
A obra é obrigatória para todos aqueles que admiram o cinema como arte.
Avaliação: ****