segunda-feira, 21 de outubro de 1985

A Rosa Púrpura do Cairo

Título original: The Purple Rose of Cairo

País: EUA

Ano: 1985

Gênero: Comédia romântica

Duração: 84 min

Direção: Woody Allen

Elenco: Jeff Daniels, Mia Farrow, Danny Aiello, Irving Metzman, Stephanie Farrow,  Dianne Wiest, Edward Herrmann, John Wood e Van Johnson. 

 

Sinopse: durante os anos da Grande Depressão nos Estados Unidos, Cecília (Mia Farrow) é uma garçonete que, depois de despedida do emprego, passa a se distrair vendo sucessivamente o filme "A Rosa Púrpura do Cairo", até que presencia o dia em que seu ator principal (Gil Sheperd) literalmente sai da tela do cinema para viver a vida real. Os executivos de Hollywood ficam loucos com o ator, querendo impedir que ele continue saindo de outras salas de projeção, enquanto ele passa a ter um caso com Cecília.


Crítica
: Woody Allen, definitivamente, é um cineasta sempre capaz de surpreender o público. “A Rosa Púrpura do Cairo” é mais um exemplo de sua extensa obra cinematográfica. Com muita criatividade e sutileza, constrói uma homenagem ao cinema e aos cinéfilos, compartilhando, por meio da estória de Cecília (Mia Farrow), os sonhos mais profundos de um amante dessa arte.

A trama se situa na década de 30, nos anos da Grande Depressão. Cecília, uma sonhadora garçonete utiliza o cinema como refúgio, para esquecer-se de seus problemas e de suas mágoas, e apenas distrair-se em sua paixão pelos filmes. É então que despedida de seu emprego e desolada, passa a frequentar sucessivamente as sessões da mesma película, A Rosa Púrpura do Cairo. Eis que inesperadamente o personagem sai da tela para declarar seu amor por ela. Sim, ele foge da projeção para viver uma aventura romântica com seu amor na vida real. Porém, o ator que o interpreta passa a intervir na situação, quando começa a se aproximar da jovem.

Com uma narrativa sensível e doce retratam-se as dificuldades enfrentadas pela ingênua protagonista que sofre, também, com os maus tratos de seu marido violento. O cineasta trata, sobre a ótica de uma única personagem, toda a importância que um filme tem para aqueles que amam verdadeiramente o cinema. A trama de protagonista serve como referência à própria vida dos cinéfilos, servindo para mostrar que, tanto para a jovem quanto para esse público, o cinema significa muito mais do que mera diversão.

A cenografia é outro ponto de destaque na produção, pois Allen remonta uma estética caótica à década de 30, onde as ruas são pouco movimentadas e escuras (observe a cena do parque, não há absolutamente ninguém lá), e o bairro onde reside Cecília é pobre e carente de cuidados; toda a técnica é feita e pensada de forma para ilustrar como era a situação norte-americana durante um período denso onde o país se encontrava numa terrível crise econômica.

Embora seja um enredo totalmente surreal, Allen soube na medida certa e com um humor elegante mesclar realidade e ficção, contando, é claro, com a boa interpretação de Mia Farrow.

A obra é obrigatória para todos aqueles que admiram o cinema como arte.


Avaliação
: ****

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sábado, 5 de outubro de 1985

Paris, Texas

Título original: Paris, Texas
País: Alemanha/França
Ano: 1984
Gênero: Drama
Duração: 145 min
Direção: Wim Wenders
Elenco: Harry Dean Stanton, Dean Stockwell, Nastassja Kinski, Hunter Carson, Sam Berry, John Lurie, Tom Farrell, Aurore Clément, Socorro Valdez e Bernhard Wicki.

Sinopse: é a história de Travis (Harry Dean Stanton), um homem perdido no seu próprio inferno. Presumido morto durante quatro anos, reaparece vindo do deserto na fronteira mexicana, cansado do mundo e amnésico. Ele encontra o seu irmão Walt (Dean Stockwell) que é quem cuida do seu fillho, Alex (Hunter Carson), de sete anos. Sua ex-mulher Jane (Nastassja Kinski) o abandonou há muito tempo. Como totais estranhos, Alex e Travis começam a construir uma amizade e a conspirar para encontrar Jane e trazê-la de volta para formar uma verdadeira família.

Crítica: um filho, uma esposa, uma família que se perdeu no tempo. A busca das origens e a longa jornada pelos caminhos desérticos do Texas. É nesse contexto que o filme se desenvolve.
Travis está perdido, desprovido de qualquer sensação. Walt, seu irmão, é quem o encontra e convence-o a acompanhá-lo até sua residência em Los Angeles, onde mora seu filho Alex, que pouco se recorda do pai.
A trama até aí é lenta e só desenvolve-se mais quando Travis começa a ter o interesse em provar para o garoto que é o seu pai verdadeiro, e o mais desafiador: fazer o menino sentir-se como seu filho. Durante o processo de conquista entre pai e filho, ambos saem em viagem na tentativa de encontrar Jane, mãe de Alex, a única que pode preencher a lacuna existencial de suas vidas.
O longa tenta analisar as raízes que compõem os dramas humanos, nos mais simples e complexos acontecimentos que formatam tantas histórias.
Os movimentos de câmera amplos e lentos, empregados pelo diretor, têm o intuito de proporcionar a ideia de um espaço vago e ilimitado, ambientado conforme os personagens.
Apesar de elogiado pela crítica, não é uma película que agrada a todos.

Curiosidade: o nome do filme vem da cidade de Paris – não a capital francesa, mas a que fica no estado do Texas, nos EUA. Mas nenhuma cena do filme se passa na cidade, que é apenas citada como o local de um lote de terra que um dos personagens do filme possui.
Avaliação: **

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