Pedro Almodóvar

Pepi, Luci, Bom e Outras Garotas de Montão
Título original: Pepi, Luci, Bom e Outras Garotas de Montão
País: Espanha
Ano: 1980
Gênero: Comédia
Duração: 82 min
Elenco: Carmem Maura, Olvido Gara e Eva Silva.

Sinopse: Pepi (Carmem Maura) é uma mulher louca, que faz tudo muito depressa. Bom (Olvido Gara), uma sádica líder da banda Bonitonas, é sua melhor amiga. Um dia conhece Luci (Eva Siva), a esposa sadomasoquista de um policial que violentou Pepi ao encontrar vasos de maconha em seu apartamento. Nasce entre as três uma grande amizade, ou algo mais, e juntas vivem um período diferente em suas vidas.
Crítica: filme de início de carreira de Almodóvar. Bastante crítico e “escrachado”, coloca em destaque personagens gays, travestis, prostitutas e, curiosamente, uma mulher, dona de casa, casada com um policial que descobre nesse mundo desejos guardados e nunca antes revelados.
A história se arrasta um pouco, mas já mostra a força do trabalho do cineasta.    
Avaliação: **

  
Labirinto de Paixões
Título original: Laberinto de Pasiones
País: Espanha
Ano: 1982
Gênero: Comédia
Duração: 100 min
Elenco: Cecilia Roth, Imanol Arias, Helga Liné, Marta Fernández Muro, Fernando Vivanco, Ofelia Angélica, Ángel Alcázar, Concha Grégori, Cristina Sánchez Pascual, Fany McNamara, Antonio Banderas, Luis Ciges, Agustín Almodóvar, María Elena Flores e Ana Trigo.

Sinopse: na Madri dos anos 80, Riza Niro (Imanol Arias) um homossexual filho do imperador árabe Tirã decide mudar-se para lá, em busca de diversão. Ele tem um relacionamento com o terrorista gay Sadec (Antonio Banderas), que acaba se apaixonando por ele e planeja raptá-lo. Enquanto isso, Riza conhece Sexília (Cecilia Roth), uma cantora ninfomaníaca. Em uma reviravolta do destino eles são tomados pelo que menos poderiam esperar: a paixão do primeiro amor.
Crítica: neste segundo trabalho, Almodóvar ainda está formando o seu estilo irreverente, mas já presente. Percorre o universo underground da época até nas cenas musicais. Abusa dos personagens caricatos, como Fábio (Fany McNamara) que rouba a cena logo no início do filme. Até o próprio Almodóvar faz uma participação como o director da novela em que Fábio atua.
A comédia sarcástica conta uma história de amor invulgar, entre uma jovem ninfomaníaca e o filho homossexual de um imperador árabe. Ela, membro de um violento grupo musical, e ele, mais preocupado com os cosméticos e com os homens, são o fio condutor de uma série de relações entre as personagens mais diferentes que se podem encontrar.
Em meio à música, perseguições, paixão, sexo, Almodóvar sempre consegue falar do amor e suas dificuldades. Um toque sensível do diretor que, mesmo com as situações mais surreais e personagens incomuns, traduz para a tela sentimentos que tocam a todos.
Avaliação: **


Maus Hábitos
Título original: Entre Tinieblas
País: Espanha
Ano: 1983
Gênero: Drama
Duração: 114 min
Elenco: Cecilia Roth, Carmen Maura, Marisa Paredes, Cristina Sanchez Pascual, Chus Lampreave e Lina Canalejas.

Sinopse: quando o namorado de Yolanda, que trabalha em um clube noturno, morre de overdose, ela foge da polícia para um convento que abriga mulheres de rua. A partir daí, muita confusão está pronta para acontecer.
Crítica: feito na década de 80, o visual grunge e cafona estão lá, mas a música é espetacular. As atrizes fetiches do diretor também marcam presença, Carmen Maura e Marisa Paredes sempre impecáveis. ‘Maus Hábitos’ é uma grande película, polêmica, crítica e sarcástica, tendo como tema a religião e a hipocrisia.
Roteiros inteligentes e diálogos afiados e sensíveis. Vale a pena conferir.
Avaliação: ***


Que Fiz Para Merecer Isso?
Título original: ¿Qué He Hecho Yo Para Merecer Esto?
País: Espanha
Ano: 1984
Gênero: Comédia
Duração: 97 min
Elenco: Carmen Maura, Verónica Forqué, Gonzalo Suárez, Kiti Manver, Cecilia Roth, Ángel de Andrés López, Juan Martínez, Sonia Anabela Holimann, Chus Lampreave, Luis Hostalot, Ryo Hiruma, Javier Gurruchaga, Francisca Caballero e Pedro Almodóvar. 

Sinopse: uma família extremamente problemática vive apertada num flat. Glória e Antônio são os pais, e ele mantém uma adoração por uma cantora alemã de meia idade. Um dos filhos vende heroína; outro dorme com homens. A sogra tem um comportamento estranho também. Dois escritores procuram Antônio para que ele os ajude a transcrever textos de maneira que passem por memórias de Hitler. Ao recusar, eles procuram a tal cantora para que ela interceda junto a ele.
Crítica: para iniciar, já digo que o filme é imperdível. Extremamente engraçado, mas, nem por isso, fútil. Pelo contrário, é repleto de críticas à sociedade hipócrita nas cenas extravagantes, situações esdrúxulas e diálogos inteligentes, no decorrer da trama.
Os personagens são inesquecíveis (com interpretações sublimes) e cada um carrega à sua maneira problemas e pesadelos.
Envolvente, criativo e hilário – só poderia ser mesmo Almodóvar.  Assistir duas vezes é ainda melhor.
Avaliação: ****


Matador
Título original: Matador
País: Espanha
Ano: 1986
Gênero: Drama, suspense
Duração: 110 min
Elenco: Nacho Martínez, Assumpta Serna, Antonio Banderas, Eva Cobo, Julieta Serrano, Chus Lampreave, Carmen Maura, Eusebio Poncela, Bibiana Fernández, Luis Ciges, Eva Siva e Verónica Forqué.

Sinopse: Diego Montes (Nacho Martínez) é um toureiro precocemente aposentado que trocou os touros pelas mulheres. Depois de fazer sexo com elas, matá-las era uma forma de reviver a emoção das estocadas na arena. María Cardenal (Assumpta Serna) é uma advogada criminalista que, secretamente, admira a arte do matador (como também são chamados os toureiros). No momento culminante do amor, ela mata seus parceiros, homenageando assim o mítico ritual da tauromaquia. Até que um dia eles se encontram.
Crítica: no filme Antonio Banderas é Angel, rapaz cujo nome antecipa a função de anjo da guarda, um paranormal que carrega enorme culpa devido às visões que têm, nas quais seus medos e pulsões se confundem com tragédias alheias. Ele é o ponto de interseção entre os demais personagens. Assume a autoria sobre uma matança em série, dando a justificativa de que as vítimas haviam tentado abusar dele, e acaba confinado numa instituição psiquiátrica.
Há cenas desconcertantes, tão comum nos filmes almodovarianos, como o personagem Diego, ex-toureiro, masturbando-se diante de um TV que exibe imagens mórbidas de mulheres sendo violentadas, decapitadas e morta.
O suspense impera na obra, mas não como nas demais, afinal trata-se de Almodóvar que não julga nem censura nenhum tipo de amor. Aos poucos, tudo vai sendo revelado e o final da obra (um pouco surreal) é o ápice do amor para dois dos personagens, sem privações, medos ou explicações.
Avaliação: **


A Lei do Desejo
Título original: La Ley del Deseo
País: Espanha
Ano: 1986
Gênero: Comédia dramática
Duração: 102 min
Elenco: Eusebio Poncela, Carmen Maura, Antonio Banderas, Miguel Molina, Manuela Velasco, Nacho Martínez, Bibí Andersen, Augustin Almodóvar, Tinin Almodóvar e Pedro Almodóvar.

Sinopse: quando seus pais se separam, Tino, que foi molestado por seu pai, faz uma cirurgia e vira Tina (Carmem Maura). Seu irmão Pablo (Eusebio Poncela), cineasta que usa muita cocaína, tenta seduzir um moço, mas um crime muda a vida dos três. Enquanto isso, Tina mantém relação amorosa com o pai, sem seu irmão saber.
Crítica: é o filme que realmente marcou o jeito almodovariano de ser. É fácil de identificar que suas tendências começaram a surgir a partir deste projeto e que vem assinando um estilo parecido desde então. Sempre escolhendo assuntos pouco comuns (ou que até já tenham virado comuns pelo constante abuso de abordagens que vêm sendo feitas ultimamente), Almodóvar aborda o homossexualismo na sua essência mais carnal e possessiva. Não que todos os homossexuais sejam assim, mas foi a vertente que o diretor escolheu para desenvolver sua história, que caberia muito bem em relacionamentos heterossexuais, como já investiu em outras películas como "Carne Trêmula". Em qualquer que seja o caminho traçado pelo enredo, uma marca do cineasta é justamente a humanização de seus personagens. É incrível como ele consegue montar objetos interessantes em cena, que se relacionam entre si, aproveitando todos os ganchos possíveis e imagináveis que eles possam ter.
As cenas iniciais são fortes, não poupando nudez e toques sexuais, mas a partir dali tudo flui na história naturalmente, até atingir o seu clímax, com uma dosagem sutil de ação e desejo, de amor e ódio, de vida e morte.
Mesmo não sendo uma obra-prima nem a melhor de suas películas, é um marco na carreira do cineasta, que começou a mostrar ao mundo sua competência ao conduzir um drama bem construído e denso. Apesar de cair nos lugares comuns que são fáceis de comparar com as produções mais recentes, para a época em que foi lançado, "A Lei do Desejo" mostra-se um brilhante ensaio que ultrapassa a abordagem das escolhas sexuais, mostrando uma análise íntima dos relacionamentos, fazendo-nos questionar até onde podemos ir quando levados pelo amor ou por paixões casuais. Uma trama rápida e de fácil digestão que não perde o brilhantismo e a sensibilidade de Almodóvar.
Destaque para Tina, interpretada competentemente por Carmen Maura, que consegue sair dos estereótipos transexuais e compor um personagem intimamente sofrido e verdadeiro, que choca a cada pensamento, a cada palavra, compartilhando seus traumas amorosos.
Avaliação: ***


Ata-Me
Título original: Átame!
País: Espanha
Ano: 1990
Gênero: Comédia
Duração: 101 min
Elenco: Victoria Abril, Antonio Banderas, Loles León, Julieta Serrano, María Barranco, Rossy de Palma, Francisco Rabal, Lola Cardona, Montse G. Romeu, Emiliano Redondo, Oswaldo Delgado e Concha Rabal.

Sinopse: Ricky (Antonio Banderas) sai de um reformatório psiquiátrico e vai para um set de filmagens, onde Marina Osorio (Victoria Abril), uma ex-viciada em heroína e ex-atriz pornô que ele já conhecia de um bordel, está filmando um filme de terror "B" que está sendo dirigido por Maximo Espejo (Francisco Rabal), um diretor conhecido que está tentando se recuperar após ter tido um forte derrame, que o deixou preso a uma cadeira de rodas. Após o término das filmagens, Ricky invade o apartamento de Marina e lhe diz que quer ser seu marido e o pai dos seus filhos. Ele resolve deixá-la amarrada na cama até Marina aprender a amá-lo, mas diversas situações imprevistas dão um novo rumo aos acontecimentos.
Crítica: uma obra peculiar – marca maior de Pedro Almodóvar. Sensível, singelo, revela o comportamento humano diante das circunstâncias da vida.
Como sempre, diálogos críticos norteiam a trama que joga com os limites e brinca com a hipocrisia. Possui boas cenas.
Não é o melhor fime do cineasta, mas com certeza vale a pena assisti-lo.
Avaliação: ***


De Salto Alto
Título original: Tacones Lejanos
País: Espanha/França
Ano: 1991
Gênero: Drama
Duração: 112 min
Elenco: Victoria Abril, Marisa Paredes, Miguel Bosé, Anna Lizaran, Mayrata OWisiedo e Javier Bardem.

Sinopse: Rebeca trabalha como locutora de um telejornal dirigido por seu marido, Manuel. Ele foi o grande amor da mãe de Rebeca, Becky del Páramo, antes que esta a abandonasse para se dedicar a sua carreira como cantora, e não sabe que Rebeca é filha de Becky. Quinze anos depois a mãe volta a Madri para atuar e acertar alguns assuntos pendentes, especialmente a relação com sua filha. (Javier Bardem no elenco).
Crítica: embora o grande momento de virada de Almodóvar se dê com ‘A Flor do Meu Segredo’, ‘De Salto Alto’ já dá sinais do que virá depois na carreira desse grande cineasta. A narrativa é eletrizada, os momentos melodramáticos superam os cômicos, os personagens são fortes e ganham mais relevo, retratados e expostos em mínimos detalhes.
O universo é de drama, paixões fulminantes, traições, egoísmos, lutas por poder e personagens que precisam desesperadamente de atenção. A disputa e o reencontro entre mãe e filha são situações bem conduzidas, numa história que ainda inclui suspense.
Partilhamos de tudo isso, fascinados com os protagonistas confusos, imperfeitos, cheios de reações improváveis, e, curiosamente, com os quais nos identificamos.
Um filme feito com astúcia, inteligência e criatividade visual e narrativa.
Avaliação: ***


Kika
Título original: Kika
País: Espanha/França
Ano: 1993
Gênero: Drama, comédia
Duração: 114 min
Elenco: Verónica Forque, Peter Coyote, Victoria Abril, Álex Casanovas, Rossy de Palma, Anabel Alonso, Bibí Andersen e Jesús Bonilla.

Sinopse: Kika (Veronica Forqué) é uma maquiadora alegre e de bem com a vida. Ela é chamada para maquiar um defunto, mas ele está vivo, os dois se apaixonam e vão morar juntos. Em torno da adorável Kika, circula uma verdadeira fauna de personagens, bem de acordo com o universo do diretor Pedro Almodóvar. Uma das principais é sua arquinimiga Andrea Caracortada (Victoria Abril), que é apresentadora/diretora de um desses shows de horrores de TV. E em meio a essa fauna, alguns crimes para atrapalhar a vida de Kika.
Crítica: personagens originais e criativos e tramas para lá de ousadas e polêmicas são uma marca registrada na obra de Almodóvar e, nesse trabalho, ele não foge à regra. A trama prende a atenção do espectador, diverte e surpreende, confirmando a primazia incontestável do cineasta.
Destaque para a interpretação de Victoria Abril.
Avaliação: ***


A Flor do Meu Segredo
Título original: La Flor de Mi Secreto
País: Espanha/França
Ano: 1995
Gênero: Drama
Duração: 103 min
Elenco: Marisa Paredes, Imanol Arias, Juan Echanove, Carmen Elías, Rossy De Palma, Chus Lampeave, Joaquin Cortes, Nancho Novo e Jordi Mollá.

Sinopse: Leo Macias (Marisa Paredes) é uma romancista de certo sucesso, que assina suas obras com o pseudônimo Amanda Gris. Ela acaba tendo o seu trabalho prejudicado por causa de um casamento infeliz, pois seu marido vive viajando e isso lhe traz desconfianças. É quando ela para de escrever e se afunda nas bebidas, até que algumas surpresas aparecem em sua vida.
Crítica: uma obra bem produzida e dirigida, em uma fase diferente de Almodóvar. Aqui, a comédia dá espaço ao drama, as cores são menos intensas, o ritmo é menos frenético, com personagens mais apegados ao sentimentalismo.
A dúvida de uma mulher entre o que ela quer ser e o que a sociedade espera retratada por meio de uma trama criativa: uma escritora usa um pseudônimo para viver diversos personagens por meio de seus livros e artigos.
Dor, angústia, amor, traição, solidão, amizade, suicídio, tudo é abordado em situações que poderiam ser as nossas no dia-a-dia.
Avaliação: ***


Carne Trêmula
Título original: Carne Trémula
País: Espanha/França
Ano: 1997
Gênero: Drama
Duração: 147 min
Elenco: Javier Bardem, Francesca Neri, Liberto Rabal, Penélope Cruz, José Sancho e Ángela Molina.

Sinopse: Madri, janeiro de 1970. Uma prostituta tem um filho em ônibus, quando tentava chegar na maternidade, e ali mesmo lhe dá o nome de Victor. Após vinte anos, Victor (Liberto Rabal) um homem, que está começando sua vida adulta e tenta se encontrar com Elena (Francesca Neri), uma desconhecida, que uma semana antes teve relações sexuais com ele dentro de um banheiro. Quando telefona, ela não tem idéia de quem ele e mesmo dizendo, ela pede que ele não ligue mais. Apesar deste corte, ele não desanima e consegue ir até o prédio dela. Pensando ser outra pessoa, ela abre a porta através do porteiro eletrônico, mas quando o vê fica bastante irritada, pois para ela foi uma transa, quando estava "doida", mas para Victor foi a primeira vez. Ela decide expulsá-lo, ameaçando-o com uma arma. Os dois brigam e acontece um tiro acidental, que não fere ninguém, mas chama a atenção de uma vizinha, que alerta a polícia e para lá são mandados David (Javier Bardem) e Sancho (José Sancho). Ao ver os dois policiais, Victor se apavora e chega a ameaçar Elena, colocando o revólver em sua cabeça. Enquanto David tenta acalmar a situação, Sancho está exaltado e faz ameaças. Quando Victor solta Helena, parece, que tudo vai se acalmar, mas Sancho pula em cima dele e os dois começam a brigar e novamente a arma dispara, mas desta vez a bala atinge David, que fica paralítico. Ele condenado há seis anos, David e Elena se casam e Sancho e Clara (Ángela Molina), sua esposa, tem um casamento infeliz. Quando Victor posto em liberdade, ele herda 150 mil pesetas da mãe, que morreu de câncer. Ao ir visitar seu túmulo, repara que o pai de Elena está sendo ent. Ele se aproxima como se fosse um amigo da família e, ao dar os pêsames, fala discretamente para Elena que gosta muito dela. Quando todos tinham ido embora e só Victor ficara no local, chega Clara, que se perdera. Os dois começam a conversar e em pouco tempo se tornam amantes. Este o primeiro passo para que o caminho de todos os cinco se cruzem.
Crítica: o filme é puro Almodóvar. Denso e sensível, cômico e dramático, tem um pouco de tudo, até contexto político, apesar de ser retratado de forma sutil.
O roteiro é, como sempre, genial e criativo misturando várias histórias secundárias e que se cruzam, repletas de traições, amores momentâneos e troca de parceiros. Ótias Ótimas sequências e atuações, como a de Javier Bardem.
Avaliação: ***


Mulheres à Beira de Um Ataque de Nervos
Título original: Mujeres al Borde de un Ataque de Nervios
País: Espanha
Ano: 1998
Gênero: Comédia
Duração: 89 min
Elenco: Carmen Maura, Antonio Banderas, Julieta Serrano, Rossy De Palma, María Barranco, Kiti Manver, Fernando Guillén e Guillermo Montesinos.

Sinopse: Madri. Pepa Marcos (Carmen Maura), uma atriz que está grávida, mas ninguém sabe, é abandonada pelo seu amante Ivan (Fernando Guillén) e desespera-se tentando encontrá-lo, para exigir explicações. Enquanto tenta falar com ele recebe a visita de Candela (María Barranco), uma amiga que se apaixonou por um desconhecido e, agora, que descobriu que ele é um terrorista xiita teme ser presa. Mais tarde chega ao apartamento Carlos (Antonio Banderas), o filho de Ivan. Ele está acompanhado de Marisa (Rossy de Palma), sua noiva, pois os dois estão procurando um imóvel para alugar. Marisa sem saber bebe um gaspacho cheio de soníferos, que Pepa tinha preparado para Ivan, mas uma confusão realmente acontece quando fica claro que Ivan vai para Estocolmo com outra mulher, Paulina Morales (Kiti Manver) e Lucia (Julieta Serrano), a esposa de Ivan, planeja matá-lo. Apesar de ter sido preterida, Pepa fará de tudo para salvar a vida do amante.
Crítica: roteiro criativo, situações inusitadas e personagens surreais são comuns nos filmes de Almodóvar.
O filme é engraçado e as histórias entrelaçam-se confusamente. O elenco afinado garante a fluidez da trama.
O diretor espanhol começava aqui a trilhar seu caminho para o estrelato e o reconhecimento mundial.
Avaliação: ***


Tudo sobre Minha Mãe
Título original: Todo sobre mi madre
País: Espanha
Ano: 1999
Gênero: Drama
Duração: 101 min
Elenco: Cecilia Roth, Marisa Paredes, Candela Peña, Antonia San Juan, Rosa María Sardá, Fernando Fernán Goméz, Toni Cantó, Eloy Azorín e Penélope Cruz.

Sinopse: no dia de seu aniversário, Esteban (Eloy Azorín) ganha de presente da mãe, Manuela (Cecilia Roth), uma ida para ver a nova montagem da peça "Um bonde chamado desejo", estrelada por Huma Rojo (Marisa Paredes). Após a peça, ao tentar pegar um autográfo de Huma, Esteban é atropelado e termina por falecer. Manuela resolve então ir de encontro ao pai, que vive em Barcelona, para dar-lhe a notícia, quando encontra no caminho o travesti Agrado (Antonia San Juan), a freira Rosa (Penélope Cruz) e a própria Huma Rojo.
Crítica: dramático e profundo e longe dos padrões hollywoodianos. A direção de Pedro Almodóvar, que sempre aborda situações polêmicas, é fantástica, dando muito realismo à história. As atuações são exemplares. O filme é diferente, não tem clichês e ressalta a garra e a força da mulher. Expõe, de forma nua e crua, os preconceitos da sociedade espanhola e mesmo mundial, com o homossexualismo, a Aids, a prostituição, etc. De difícil digestão, porém sensível ao mostrar como uma mãe é capaz de tudo por seu filho, até das atitudes mais extremadas para compensar os erros do passado.
Curiosidade: vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, em 2000.
Avaliação: ***


Fale com Ela
Título original: Hable com Ella
País: Espanha
Ano: 2002
Gênero: Drama
Duração: 116 min
Elenco: Javier Cámara, Darío Grandinetti, Rosario Flores, Leonor Watling, Geraldine Chaplin, Mariola Fuentes, Fele Martínez, Paz Vega, Chus Lampreave, Elena Anaya, Caetano Veloso, Marisa Paredes e Cecilia Roth.

Sinopse: na platéia de um espetáculo de Pina Bausch, dois espectadores sentam-se casualmente lado a lado. Um deles é Benigno (Javier Cámara), um jovem enfermeiro; o outro é Marco (Darío Grandinetti), um escritor de 40 e poucos anos. Durante a peça The Fairy Queen, de Henry Purcell, Marco se emociona e começa a chorar. Benigno observa as lágrimas do homem que senta ao seu lado e sente certa compaixão do estranho. Chega a sentir vontade de dizer-lhe que também está emocionado, mas não chega a fazê-lo. Meses depois, os dois se encontram novamente na clínica "El Bosque", na qual Benigno trabalha. Dessa vez, o que os une é a tragédia. A noiva de Marco, Lydia (Rosario Flores), uma toureira profissional, está internada, em coma. O enfermeiro cuida de Alicia (Leonor Watling), uma jovem bailarina, que está no mesmo estado. Depois desse segundo encontro, tem início uma grande amizade entre os dois homens, tão estável e linear como uma montanha-russa. Enquanto estão na clínica, os quatro personagens têm suas vidas repassadas, culminando em um destino inesperado para o quarteto.
Crítica: a história é forte, trata de assuntos como estupro, desejo e morte, mas com muito sutileza. As imagens, a fotografia, a trilha sonora e, claro, a exemplar atuação dos atores tornam o filme muito emocionante.  Almodóvar abusa dos flashbacks, mantém nossa atenção com as inúmeras reviravoltas na trama e surpreende com o inesperado. Inova e ousa, incluindo um filme mudo em preto-e-branco (fictício, é bom dizer) de sete minutos dentro do filme principal, que altera, positivamente, o ritmo do filme, fazendo-nos esquecer um pouco o drama dos personagens principais. Os diálogos, com algum humor, também ajudam a abrandar a situação que poderia ser tratada com tragicidade. Tudo funciona muito bem, num roteiro maduro e consistente.
Avaliação: ****


Má Educação
Título original: La Mala Educación
Ano: 2004
País: Espanha
Gênero: Drama
Duração: 105 min
Elenco: Fele Martínez, Gael Garcia Bernal, Daniel Giménez Cacho, Lluís Homar, Javier Cámara, Petra Martínez, Juan Fernandez, Alberto Ferreiro,   Francisco Maestre, Leonor Watling, Nacho Pérez e Raul Garcia Forneiro.

Sinopse: Madri, 1980. Enrique Goded (Fele Martínez) é um cineasta que passa por um bloqueio criativo e está tendo problemas em elaborar um novo projeto. É quando se aproxima dele um ator que procura trabalho, se identificando como Ignacio Rodriguez (Gael García Bernal), que foi o amigo mais íntimo de Enrique e também o primeiro amor da sua vida, quando ainda eram garotos e estudavam no mesmo colégio. Goded recebe do antigo amigo um roteiro entitulado "A Visita", que parcialmente foi elaborado com experiências de vida que ambos tiveram. Goded lê o roteiro com profundo interesse.
Crítica: mais uma clamorosa película de Almodóvar, tanto em aspectos técnicos como artísticos. Com uma mistura de homenagem ao cinema noir e outra homenagem a si mesmo, retorna às raízes: piadas infames, sórdidas cenas de sexo, o realismo das relações humanas. Má Educação é uma história de idas e vindas no tempo, confunde o espectador e confunde o que é realidade de ficção (há um filme sendo rodado dentro do filme). O roteiro é propositalmente confuso, os personagens (atores excelentes) se misturam e mostram-se diferentes do que pareciam. Mesmo assim, Almodóvar faz um ótimo trabalho de direção e todos esses recortes no roteiro apenas servem para criar um clima maior de suspense – o que funciona muito bem, pois cada revelação é surpreendente. Tudo é sólido e bem estruturado. Difícil encontrar falhas. Com certeza, um dos seus melhores filmes.
Avaliação: *****


Volver
Título original: Volver
País: Espanha
Ano: 2006
Gênero: Comédia, drama
Duração: 121 min
Elenco: Penélope Cruz, Carmen Maura, Lola Dueñas, Blanca Portillo, Yohana Cobo, Chus Lampreave e Leandro Rivera.

Sinopse: depois de sua morte, uma mãe (Carmen Maura) volta à sua cidade natal para resolver problemas que ficarem pendentes durante sua vida. Aos poucos, seu fantasma se torna um conforto para suas filhas, Raimunda (Penélope Cruz) e Sole (Lola Dueñas), e sua neta (Yohana Cobo).
Crítica: mais um excelente filme do gênio Pedro Almodóvar, que aborda novamente o universo feminino.
A história é de Raimunda, mulher casada e com uma filha de 14 anos, que ainda tenta superar a morte de sua mãe, enquanto cuida da tia. Após um acontecimento em casa e a morte da tia, Raimunda precisa dar continuidade à sua vida, enquanto ouve boatos de que o fantasma de sua mãe aparece para se comunicar.
A quantidade de surpresas presentes nos roteiros de Almodóvar costuma vir aos montes e sempre consegue ser original.
Centrando em um grupo de personagens femininas e na relação entre elas, tudo flui num ótimo ritmo e passando uma mensagem sobre a importância de se acertar as contas com o passado. Todas as personagens carregam algum segredo que as impede de seguir suas vidas com plenitude e a busca em resolvê-los, ainda que involuntariamente, é o ponto-chave da trama.
No entanto, o cineasta ainda acrescenta um detalhe que oferece mais riqueza ao enredo: a morte. Presença constante, ela surge das mais diversas formas – natural, assassinato, doença e até num espírito. Assim, ressalta-se a urgência da mensagem principal. É como se a sombra da morte mostrasse para aquelas personagens e, por conseqüência, para o espectador, a necessidade de não deixar ressentimentos guardados, uma vez que não se sabe quando o fim chegará.
Claro que estes temas pesados são tratados com a leveza e a sensibilidade características do cineasta, empregando humor principalmente em determinadas situações inusitadas.
O longa é, ainda, esteticamente belíssimo e bem filmado, graças à fotografia carregada nas cores fortes.
Penélope Cruz encabeça o elenco com desenvoltura e magnetismo impressionantes. Para mim, é a sua melhor atuação no cinema.
Carmen Maura encarna a mãe com ar de certo deboche que é fundamental para dar sutileza à história. São dela os momentos mais divertidos da película e a atriz demonstra seu talento tanto nestas cenas quanto nas de maior carga dramática.
Volver pode ser considerado facilmente mais um acerto na carreira de Almodóvar.
Assista, emocione-se e divirta-se.
Avaliação: ****


Abraços Partidos
Título original: Los Abrazos Rotos
País: Espanha
Ano: 2009
Gênero: Drama
Duração: 128 min
Elenco: Penélope Cruz, Lluís Homar, Blanca Portillo, José Luis Gómez, Tamar Novas, Rubén Ochandiano, Marta Aledo e Agustín Almodóvar.

Sinopse: há 14 anos, o cineasta Mateo Blanco (Lluís Homar) sofreu um trágico acidente de carro, no qual perdeu simultaneamente a visão e sua grande paixão, Lena (Penélope Cruz). Sofrendo aparentemente de perda de memória, abandonou sua posição de cineasta e preservou apenas seu lado de escritor, cujo pseudônimo é Harry Caine. Um dia Diego (Tamar Novas), filho de sua antiga e fiel diretora de produção, sofre um acidente, e Harry vai em seu socorro. Quando o jovem indaga Harry sobre seus dias de cineasta, o amargurado homem diz se lembrar de detalhes marcantes de sua vida e do acidente.
Crítica: o roteiro é bom e, mais uma vez, Almodóvar surpreende. A trama, mesmo recheada de situações que se assemelham a um folhetim, em momento algum cai na pieguice. Ao contrário, segue com serenidade e de forma inteligente, aguçando a curiosidade do espectador, à medida que segredos vão sendo revelados. Além disso, ainda proporciona momentos hilários.
Avaliação: ***

Read more...

Bilheterias Brasil - TOP 10

Seguidores

  © Blogger templates Newspaper III by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP