A Vida Invisível

A Vida Invisível

País: Brasil/Alemanha

Ano: 2019

Gênero: Drama

Duração: 134 min

Direção: Karim Aïnouz

Elenco: Carol Duarte, Julia Stockler, Gregório Duvivier, Bárbara Santos, Flávia Gusmão e Antonio Fonseca.

Sinopse: Rio de Janeiro, década de 1940. Eurídice (Carol Duarte) é uma jovem talentosa, mas bastante introvertida. Guida (Julia Stockler) é sua irmã mais velha, e o oposto de seu temperamento em relação ao convívio social. Ambas vivem em um rígido regime patriarcal, o que faz com que trilhem caminhos distintos: Guida decide fugir de casa com o namorado, enquanto Eurídice se esforça para se tornar uma musicista, ao mesmo tempo em que precisa lidar com as responsabilidades da vida adulta e um casamento sem amor com Antenor (Gregório Duvivier).

Crítica: Depois dos filmes “O Céu de Suely” e “Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo”, “A Vida Invisível de Eurídice Gusmão” é, sem dúvida, o melhor trabalho de Karim Aïnouz. Denso, humano, perturbador, incômodo.

A trama retrata fielmente a condição das mulheres no Brasil da década de 1940 e 1950, tendo como protagonistas as irmãs Guida (Julia Stockler) e Eurídice (Carol Duarte).

Muito unidas, elas são separadas pelas escolhas da vida, a princípio, e, posteriormente, pela ignorância do pai. O amor que as une é o que estrutura todo o longa-metragem.

“Nem tudo sai como planejamos”. Essa é a maior mensagem da história que se inspira no livro de título homônimo da autora Martha Batalha.

A pressão social é toda sobre as mulheres. O filme não ameniza, não suaviza, não romantiza. As cenas são duras, cruas, reais. A trilha sonora tem uma grande importância na expressão dos sentimentos.

Estupro conjugal, sangue pós-parto, assédio no trabalho, preconceito, machismo. Não há pudor. As cenas demoradas nos incomodam e essa é a intenção do diretor.

Guida foge para a Grécia com um rapaz, mas ele a abandona e ela volta para o Brasil grávida de quase 9 meses.

Eurídice, que sonha em ser pianista, casa-se com um idiota para satisfazer os pais. Nenhuma das duas queria engravidar, e tudo sai na contramão do que imaginavam para suas vidas.

Terão que se virar para seguir adiante, cada uma a seu jeito, suportando o fardo. Os laços entre elas são abruptamente cortados. Os pais escondem o fato de Guida (renegada e expulsa da família por simplesmente ser mãe solteira) ter tentado voltar para casa e, pior, dizem para Guida que Eurídice está em Viena, estudando piano.

É cruel saber que vivem ambas no Rio de Janeiro, separadas por mentiras.

As atitudes das irmãs diante dos filhos podem ser questionadas, contudo são completamente humanas. A dúvida, a dor, a incerteza, estão presentes na vida de qualquer pessoa, sobretudo mães.

A força das personagens é o que faz o filme fluir tão bem. As atuações não são 100%, o que deveria ser pela densidade do drama. Mas estamos melhorando. Destaque para Julia Stocker, como Guida, e Bárbara Santos, como Filomena (uma bela surpresa). A atriz Fernanda Montenegro faz uma participação especial nos últimos minutos.

O filme, que representará o Brasil na disputa pelo Oscar, deixa sua forte presença em nossa mente.

Avaliação: ****

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Phil Tippett – Delírios e Monstros (Phil Tippett: Mad Dreams and Monsters)

País: França

Ano: 2019

Gênero: Documentário

Duração: 85 min

Direção: Alexandre Poncet e Gilles Penso

Elenco: Phil Tippett, Joe Dante e Paul Verhoeven.

Sinopse: um retrato de Phil Tippett e do legado dele para a animação em stop motion, arte na qual se especializou. A trajetória do artista em Hollywood vai de Star Wars, passa por Steven Spielberg e chega até a filmes mais pessoais, como Prehistoric Beast e Mad God.

Crítica: vencedor de 2 (dois) Oscar por “O Retorno de Jedi” e “Jurassic Park”, Phil Tippett é um animador especializado em stop motion, designer e diretor, que deu vida a criaturas inesquecíveis ao longo da carreira: de Jabba the Hutt aos insetos gigantes de Tropas Estelares.

Mas, além dessa trajetória em Hollywood, há um artista que passa a maior parte dos dias experimentando em sua oficina com tudo o que encontra. O documentário faz um retrato de Tippett e de seu legado, que vai desde o trabalho com George Lucas, Steven Spielberg e Paul Verhoeven, até filmes mais pessoais, como Prehistoric Beast e Mad God.

Para os fãs, o filme é um “prato cheio”. É impressionante a dedicação de Tippett no trabalho, o preciosismo e a atenção aos mínimos detalhes.

Avaliação: ***

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A Grande Muralha Verde (The Great Green Wall)

País: Reino Unido

Ano: 2019

Gênero: Documentário

Duração: 92 min

Direção: Jared P. Scott

Elenco: Inna Modja

Sinopse: pelos olhos da cantora e modelo Inna Modja (da República do Mali), Fernando Meirelles embarca em uma jornada épica pela Grande Muralha Verde da África, um projeto que visa plantar e desenvolver 8 mil quilômetros de árvores e plantas pela extensão do continente africano.

Crítica: produzido por Fernando Meirelles, “A Grande Muralha Verde” traz como ponto de partida a criação de um muro feito por árvores cuja ideia é passar ao longo de toda África e seus desertos reflorestar, contemplando uma área de cerca de 8 mil km para evitar a degradação de terra e desertificação.

Mas o documentário vai além. Passando por Senegal, Nigéria, Etiópia, Mali e Niger, a cantora e modelo Inna Modja debate com moradores locais temas como racismo, conflitos políticos, grupos radicais islâmicos (como o Boko Haram), crescimento populacional, alta taxa de natalidade e crise imigratória.

O documentário lembra como a desertificação e as alterações climáticas são determinantes para gerar crises. Ao mesmo tempo, tenta-se trazer o lado mais humano de cada região exaltando a riqueza de cada cultura e a força da população ao tentar sobreviver ali, sem precisar deixar sua terra em busca de uma vida melhor. A própria trilha sonora exalta a cultura africana com cantores e artistas locais.

O projeto está muito longe de se concluir, tendo somente 15% do processo realizado, com um custo de aproximadamente US$ 4 bilhões. Mas, se concluído, ficará para as gerações futuras.

Avaliação: ***

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