Family Romance
País: EUA
Ano: 2019
Gênero: Drama
Duração: 89
min
Direção: Werner
Herzog
Elenco: Ishii
Yuichi, Mahiro Tanimoto e Miki Fujimaki.
Sinopse: o da Family Romance, Ltda, uma empresa que
aluga pessoas substitutas para clientes que precisam de ajuda no dia a dia, seja em algum evento social ou durante uma reunião do trabalho, é contratado
para atuar no lugar do pai de uma menina de 12 anos, que está desaparecido.
Crítica: ficção ou realidade? Demoramos alguns minutos
para perceber que as primeiras cenas entre pai e filha são, na verdade, uma
farsa, uma espécie de encenação teatral, por parte do pai. Explico: o empresário
japonês (Ishii Yuichi) é dono da empresa Family Romance, contratado pela mãe para
fingir ser o pai de uma garota (Mahiro Tanimoto).
De forma natural, ele
convence como pai: leva-a para passeios (tudo sendo pago pela mãe da menina),
conversa, ouve suas confidências.
Paralelamente, vamos
assistindo a outros trabalhos do “ator” e de seus colegas também “atores”. Um é
contratado para se passar pelo pai de uma noiva para leva-la ao altar, Outro
simulará a entrega de um prêmio de loteria para uma pessoa que disse ter
adorado a sensação de ser surpreendida. Há, ainda, uma aspirante a pop star que
contrata pessoas para atuarem como paparazzi e seguirem seus passos numa
avenida movimentada de Tóquio. O golpe dá tão certo que não demora muito para
cidadãos comuns sacarem os celulares e pedirem selfies com a moça, acreditando
estar diante de uma autêntica celebridade.
O filme é notório ao
revelar a solidão das pessoas em um mundo cada vez mais individualista. As
relações pessoais estão truncadas e “Family Romance” promete cumprir bem o jogo
de faz-de-conta.
A questão é quando esse
faz-de-conta ultrapassa os limites estabelecidos no contrato. Não se pode se
apegar à pessoa com quem está convivendo, afinal tudo é uma farsa. Quando o
dono da empresa percebe que a sua suposta filha está se apegando demais a ele, percebe
que o melhor a fazer é interromper o trabalho.
Ele mesmo questiona sua
vida pessoal e se pergunta se há alguém fazendo o mesmo com ele: contratando
alguém para enganá-lo.
Uma cena forte é quando ele
pensa em encomendar o próprio caixão para se fingir de “morto”. Morto ele
estaria livre das mentiras e dissimulações.
Todos nós queremos sentir
algo especial, todos nós queremos ser amados. Então, a trama é tocante por
retratar essa necessidade, ainda que saciada de um jeito não convencional.
Mas, no Japão, esse mercado
de aluguel de atores para representar entes queridos, funcionários e,
basicamente, qualquer pessoa com quem seja possível ter uma interação humana realmente
existe. Ao menos, isso é real.
Filme de grande potencial, com
conteúdo profundo, narrativa sábia e atuações convincentes. Foi exibido no Festival
de Cannes, no Festival de Londres e na 43ª Mostra Internacional de Cinema de São
Paulo.
Avaliação: ****
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