sábado, 16 de novembro de 2019

Family Romance


País: EUA
Ano: 2019
Gênero: Drama
Duração: 89 min
Direção: Werner Herzog
Elenco: Ishii Yuichi, Mahiro Tanimoto e Miki Fujimaki.

Sinopse: o da Family Romance, Ltda, uma empresa que aluga pessoas substitutas para clientes que precisam de ajuda no dia a dia, seja em algum evento social ou durante uma reunião do trabalho, é contratado para atuar no lugar do pai de uma menina de 12 anos, que está desaparecido.

Crítica: ficção ou realidade? Demoramos alguns minutos para perceber que as primeiras cenas entre pai e filha são, na verdade, uma farsa, uma espécie de encenação teatral, por parte do pai. Explico: o empresário japonês (Ishii Yuichi) é dono da empresa Family Romance, contratado pela mãe para fingir ser o pai de uma garota (Mahiro Tanimoto).
De forma natural, ele convence como pai: leva-a para passeios (tudo sendo pago pela mãe da menina), conversa, ouve suas confidências.
Paralelamente, vamos assistindo a outros trabalhos do “ator” e de seus colegas também “atores”. Um é contratado para se passar pelo pai de uma noiva para leva-la ao altar, Outro simulará a entrega de um prêmio de loteria para uma pessoa que disse ter adorado a sensação de ser surpreendida. Há, ainda, uma aspirante a pop star que contrata pessoas para atuarem como paparazzi e seguirem seus passos numa avenida movimentada de Tóquio. O golpe dá tão certo que não demora muito para cidadãos comuns sacarem os celulares e pedirem selfies com a moça, acreditando estar diante de uma autêntica celebridade.
O filme é notório ao revelar a solidão das pessoas em um mundo cada vez mais individualista. As relações pessoais estão truncadas e “Family Romance” promete cumprir bem o jogo de faz-de-conta.
A questão é quando esse faz-de-conta ultrapassa os limites estabelecidos no contrato. Não se pode se apegar à pessoa com quem está convivendo, afinal tudo é uma farsa. Quando o dono da empresa percebe que a sua suposta filha está se apegando demais a ele, percebe que o melhor a fazer é interromper o trabalho.
Ele mesmo questiona sua vida pessoal e se pergunta se há alguém fazendo o mesmo com ele: contratando alguém para enganá-lo.
Uma cena forte é quando ele pensa em encomendar o próprio caixão para se fingir de “morto”. Morto ele estaria livre das mentiras e dissimulações.  
Todos nós queremos sentir algo especial, todos nós queremos ser amados. Então, a trama é tocante por retratar essa necessidade, ainda que saciada de um jeito não convencional.
Mas, no Japão, esse mercado de aluguel de atores para representar entes queridos, funcionários e, basicamente, qualquer pessoa com quem seja possível ter uma interação humana realmente existe. Ao menos, isso é real.
Filme de grande potencial, com conteúdo profundo, narrativa sábia e atuações convincentes. Foi exibido no Festival de Cannes, no Festival de Londres e na 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

Avaliação: ****

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