Do Outro Lado da Lei
Título original: El Bonaerense
País: Argentina
Ano: 2002
Gênero: Drama
Duração: 105 min
Direção: Pablo Trapero
Elenco: Jorge Román, Mimí Ardú, Darío Levy, Víctor Hugo Carrizo, Hugo Anganuzzi, Graciana Chironi, Luis Viscat, Roberto Posse, Aníbal Barengo, Lucas Olivera, Gastón Polo e Jorge Luis Giménez.
Sinopse: uma cidadezinha remota na área rural da Argentina. Zapa (Jorge Román), um chaveiro de 30 anos de idade, leva uma vida calma e monótona, até que um "serviço" para seu patrão sai errado. Tendo que cumprir pena na prisão, ele é forçado a trocar o lugar onde nasceu pelas violentas favelas de Buenos Aires. Zapa não tem escolha senão entrar para a "Bonaerense", a perversa polícia de Buenos Aires. Ele descobre um mundo podre de favorecimento, injustiça e corrupção. E rapidamente percebe como pode se beneficiar com o sistema. Esta é a história de um homem solitário, perdido em um mundo hostil e desconhecido, que toma consciência do homem que era e do homem que se tornou.
Crítica: o filme retrata o anti-herói, vivido por Jorge Román. O cenário é uma cidade desestruturada, mostrada com uma fotografia granulada e de cores saturadas, que ressalta a crueza do lugar. Ruas imundas e mendigos eram os sinais menos agressivos; manifestações violentas nas ruas e em repartições dão o melhor retrato do caos.
É esse ambiente que espera Zapa (Jorge Román), um chaveiro largado de 30 anos que não pede muito da vida de uma província rural. Certo dia, quando aceita abrir um cofre encomendado por seu chefe, acaba preso. O chefe foge. Mas como tem um tio influente, Zapa é solto e mandado para Buenos Aires, para trabalhar em La Bonaerense, a orgulhosa polícia local.
A inépcia do caipira fica logo evidente, segurando uma arma ou tentando decorar a hierarquia das patentes. Todavia, mais evidente é a ruína da divisão. Viaturas não funcionam, pagamentos atrasam, pistolas precisam ser compradas em contrabando e o preço debitado do salário de cada policial. Com o seu corpo mole, o seu raciocínio lerdo, as suas poucas palavras, Zapa não tem o menor jogo de cintura para lidar com a situação. Mas não tem dificuldades em seguir ordens – e encontra no comissário Gallo (Darío Levy) um padrinho polpudo.
Aos poucos, ele entra no esquema paralelo de remuneração. Na sua província natal, a família fica contente com suas promoções. Ele continua apático, sem caricaturas, mérito da boa atuação de Román, porém aprende rápido a driblar eventuais remorsos. Ficamos constrangidos com as cenas em que ele cobra propina. Temos uma sincera piedade da sua condição. Isso acontece por Zapa não ser a causa, mas a consequência da situação. Ele simplesmente aceita a opção que lhe é imposta. Naquele ambiente, recusar a corrupção seria negar a sobrevivência.
‘Do Outro Lado Da Lei’ conta essa história particular, dentro de um universo muito específico de rotinas e atribuições. Não julga, não faz o elogio do campo, nem demoniza a cidade. Mas esse pequeno relato alcança a transcendência ao revelar como o colapso do poder que rege os demais não demora a contaminar todas as camadas institucionais, inclusive a que deveria zelas por todas, a policial.
Apesar de lento em algumas partes, a mensagem do filme é válida e forte.
Avaliação: ***
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País: Argentina
Ano: 2002
Gênero: Drama
Duração: 105 min
Direção: Pablo Trapero
Elenco: Jorge Román, Mimí Ardú, Darío Levy, Víctor Hugo Carrizo, Hugo Anganuzzi, Graciana Chironi, Luis Viscat, Roberto Posse, Aníbal Barengo, Lucas Olivera, Gastón Polo e Jorge Luis Giménez.
Sinopse: uma cidadezinha remota na área rural da Argentina. Zapa (Jorge Román), um chaveiro de 30 anos de idade, leva uma vida calma e monótona, até que um "serviço" para seu patrão sai errado. Tendo que cumprir pena na prisão, ele é forçado a trocar o lugar onde nasceu pelas violentas favelas de Buenos Aires. Zapa não tem escolha senão entrar para a "Bonaerense", a perversa polícia de Buenos Aires. Ele descobre um mundo podre de favorecimento, injustiça e corrupção. E rapidamente percebe como pode se beneficiar com o sistema. Esta é a história de um homem solitário, perdido em um mundo hostil e desconhecido, que toma consciência do homem que era e do homem que se tornou.
Crítica: o filme retrata o anti-herói, vivido por Jorge Román. O cenário é uma cidade desestruturada, mostrada com uma fotografia granulada e de cores saturadas, que ressalta a crueza do lugar. Ruas imundas e mendigos eram os sinais menos agressivos; manifestações violentas nas ruas e em repartições dão o melhor retrato do caos.
É esse ambiente que espera Zapa (Jorge Román), um chaveiro largado de 30 anos que não pede muito da vida de uma província rural. Certo dia, quando aceita abrir um cofre encomendado por seu chefe, acaba preso. O chefe foge. Mas como tem um tio influente, Zapa é solto e mandado para Buenos Aires, para trabalhar em La Bonaerense, a orgulhosa polícia local.
A inépcia do caipira fica logo evidente, segurando uma arma ou tentando decorar a hierarquia das patentes. Todavia, mais evidente é a ruína da divisão. Viaturas não funcionam, pagamentos atrasam, pistolas precisam ser compradas em contrabando e o preço debitado do salário de cada policial. Com o seu corpo mole, o seu raciocínio lerdo, as suas poucas palavras, Zapa não tem o menor jogo de cintura para lidar com a situação. Mas não tem dificuldades em seguir ordens – e encontra no comissário Gallo (Darío Levy) um padrinho polpudo.
Aos poucos, ele entra no esquema paralelo de remuneração. Na sua província natal, a família fica contente com suas promoções. Ele continua apático, sem caricaturas, mérito da boa atuação de Román, porém aprende rápido a driblar eventuais remorsos. Ficamos constrangidos com as cenas em que ele cobra propina. Temos uma sincera piedade da sua condição. Isso acontece por Zapa não ser a causa, mas a consequência da situação. Ele simplesmente aceita a opção que lhe é imposta. Naquele ambiente, recusar a corrupção seria negar a sobrevivência.
‘Do Outro Lado Da Lei’ conta essa história particular, dentro de um universo muito específico de rotinas e atribuições. Não julga, não faz o elogio do campo, nem demoniza a cidade. Mas esse pequeno relato alcança a transcendência ao revelar como o colapso do poder que rege os demais não demora a contaminar todas as camadas institucionais, inclusive a que deveria zelas por todas, a policial.
Apesar de lento em algumas partes, a mensagem do filme é válida e forte.
Avaliação: ***