segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Conduta de Risco

Título original: Michael Clayton
País: EUA
Ano: 2007
Gênero: Drama
Duração: 119 min
Direção: Tony Gilroy
Elenco: George Clooney, Tom Wilkinson, Tilda Swinton, Sydney Pollack e Pamela Gray.

Sinopse: Michael Clayton (George Clooney) é um ex-promotor público que agora trabalha para um grande escritório de advogados em Nova York. Descontente com seu trabalho, seu divórcio e seu fracasso financeiro, ele se envolve com o caso de um processo coletivo contra uma corporação, que fabrica produtos agrícolas que podem ameaçar a saúde de seus usuários.
Crítica: “Conduta de Risco” traz de volta os thrillers políticos da década de 70. Trata-se de uma história sobre ética profissional e social e a linha que não deveria separar as duas, cuidadosamente elaborada pelo roteirista Tony Gilroy, em seu primeiro trabalho também como diretor.
Com excelentes diálogos, permeados com ácidos comentários e críticas, e personagens marcantes, interpretados por elenco competente, a tensão é constante no filme, quase sem direito à trégua.
A montagem não-linear, e sim com grandes blocos de flashbacks e apresentações desencontradas de personagens, é proposital para que entendamos todos os jogadores em campo. E, no momento de suas revelações, é que o filme empolga mais ainda.
Curiosidade: em 2008, levou o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante (Tilda Swinton).
Avaliação: ****

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domingo, 9 de dezembro de 2007

XXY

Título original: XXY
País: Argentina/França/Espanha
Ano: 2007
Gênero: Drama
Duração: 86 min
Direção: Lucía Puenzo
Elenco: Ricardo Darín, Inés Efron, Valeria Bertucelli, Germán Palacios, Carolina Pelleritti, Martin Piroyansky, Guillermo Angelelli, César Troncoso, Jean Pierre Reguerraz, Ailín Salas, Luciano Nóbile e Lucas Escariz.

Sinopse: Alex (Inés Efron) é hermafrodita, ou seja, tem características sexuais masculinas e femininas. Tentando fugir dos médicos que desejam corrigir a ambigüidade genital da criança, seus pais a levaram para um vilarejo no Uruguai. Eles estão convencidos de que uma cirurgia deste tipo será uma violência ao corpo de Alex. Até que, um dia, a família recebe a visita de um casal de amigos, que leva consigo o filho adolescente. É quando Alex, que está com 15 anos, e o jovem, de 16, sentem-se atraídos um pelo outro.
Crítica: XXY aborda, em um roteiro enxuto e sem sensacionalismos ou pieguices, um assunto difícil: o hermafroditismo. O olhar feminino da diretora para a questão dos gêneros sexuais e suas ambigüidades nos oferece um denso contato com a realidade de quem tem que se decidir por um sexo. Os problemas da protagonista, áspera e esquiva, afloram na tela naturalmente, graças à excelente interpretação de Inés Efron, que mantém a delicadeza do feminino e, ao mesmo tempo, sabe expor a agressividade do mundo masculino. A figura do pai (Ricardo Darín) também é bastante decisiva no longa. Sem apontar soluções ou respostas prontas, que soariam moralistas, Lucía propõe uma reflexão sobre a sexualidade dos adolescentes. O filme é imperdível!
Curiosidade: é o primeiro longa-metragem de Lucía Poenzo, e recebeu o Prêmio da Crítica no Festival de Cannes de 2007. Lucía é filha de Luís Puenzo, que conquistou um Oscar de filme estrangeiro em 1986 pelo drama político “A história oficial”.
Avaliação: *****

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sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

A Era da Inocência

Título original: L'Âge des Ténè
País: Canadá
Ano: 2007
Gênero: Comédia, drama, fantasia
Duração: 104 min
Direção: Denys Arcand
Elenco: Marc Labrèche, Diane Kruger, Sylvie Léonard, Caroline Néron, Rufus Wainwright, Macha Grenon, Emma de Caunes, Didier Lucien, Rosalie Julien, Jean-René Ouellet, André Robitaille, Hugo Giroux, Christian Bégin, Thierry Ardisson, Laurent Baffie e Bernard Pivot.

Sinopse: o filme funciona como a terceira parte de uma trilogia formada por O Declínio do Império Americano e As Invasões Bárbaras. Mostra o que acontece, na época atual, depois que o Império (EUA) desabou e vieram as invasões bárbaras (os imigrantes): a idade das trevas teria uma epidemia global que deixava inúmeras vítimas (como a peste negra na Era Medieval) e as guerras santas. Para o diretor, já começaram quando os EUA invadiram o Iraque.

Crítica: a trama gira em torno do apagado funcionário público do Departamento de Direitos Civis, Jean-Marc Leblanc (vivido por Marc Labrèche), que enfrenta, diariamente, uma rotina que está esgotando toda a sua energia.
Em casa, sua vida familiar é nula. Ele quase não fala com a mulher Sylvie (Sylvie Léonard), uma agressiva e bem-sucedida corretora de imóveis. Suas duas filhas adolescentes preferem o som de seus Ipods a qualquer conversa com o pai.
No trabalho, Jean-Marc frustra-se por sua impossibilidade de solucionar os inúmeros problemas de uma verdadeira multidão, que procura a repartição todos os dias.
Enfim, o diretor usa esse contexto para ironizar as instituições públicas canadenses, retratando-as como imensas estruturas inoperantes. Como fizera em 'As Invasões Bárbaras', ele novamente faz um retrato negativo dos hospitais, desta vez usando como pretexto a doença da mãe de seu protagonista.
No auge da insatisfação existencial, Jean-Marc escapa mentalmente para fantasias mirabolantes com uma top model (Diane Kruger, de Tróia). Ele se imagina transformado num homem másculo, poderoso, que protagoniza as mais incríveis aventuras. Essas são as partes mais hilárias do longa.
Num dia em que arrisca uma aventura na vida real, Jean-Marc envolve-se com uma bela mulher, Béatrice (Macha Grenon). Logo descobre que ela faz parte de um grupo de pessoas que se fantasiam de personagens históricos (no caso dela, da rainha Beatriz de Savóia) e encenam torneios idênticos aos medievais, com cavalos e tudo.
Além das instituições governamentais, a mídia também é criticada. Impossível pensar que foi por acaso que criou a personagem de Karine, jornalista ninfomaníaca e corrupta interpretada com malícia por Emma de Caunes.
Uma curiosidade para os espectadores de língua portuguesa será ver, numa brevíssima cena, um exemplar do Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa, nas mãos do protagonista. Segundo o diretor, a história literária adequa-se ao clima de sonho que caracteriza o protagonista.
Um filme inteligente que mescla humor e fantasia para mostrar as contradições da modernidade.
Muito bom!!!

Avaliação: ***

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quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Sicko – SOS Saúde

Título original: Sicko
País: EUA
Ano: 2007
Gênero: Documentário
Duração: 113 min
Direção: Michael Moore
Elenco: Michael Moore, Reggie Cervantes, John Graham, William Maher e Linda Peeno.

Sinopse: um painel do deficiente sistema de saúde americano. A partir do perfil de cidadãos comuns, somos levados a entender como milhões de vidas são destruídas por um sistema que, no fim das contas, só beneficia a poucos endinheirados. Ali vale a lógica de que, se você quer permanecer saudável nos Estados Unidos, é bom não ficar doente. E, depois de examinar como o país chegou a esse estado, o filme visita uma série de países com sistema de saúde público e eficiente, como Cuba e Canadá.

Crítica: Michael Moore divide opiniões. Polêmico, ele sempre atrai milhares de pessoas ao cinema. Esse documentário é um dos melhores que ele já fez.
Mesmo que ele seja tendencioso e imparcial no que denuncia, temos que admitir a importância do seu trabalho. Nada escapa à sua aguçada ironia: indústria bélica, governo Bush, segurança, capitalismo, sistema de saúde.
Aqui, Moore aponta o sistema americano de saúde como um dos piores. Para provar, percorre hospitais, ouve pessoas, busca respostas, levanta dados, apresenta documentos comprobatórios e, claro, denuncia os interesses corporativos, a omissão de socorro e a corrupção governamental.
Funcionários orientados a buscar brechas para lesar o associado, a ponto de uma empresa ter um bônus oficial para o examinador que negar mais solicitações. Pessoas endividadas porque tiveram o azar de ficar doentes. Pessoas mortas pelo excesso de burocracia. E até mesmo um hospital com um inventivo método de expulsão de pacientes que não têm como pagar pela internação. Inúmeras infrações que retratam a mais pura realidade.
E, ainda, para concluir, visita Cuba e Canadá só para revelar como o sistema público de saúde é eficiente nesses países.
Tudo contado com grande sarcasmo, um humor negro inconfundível e uma edição de imagens, que só mesmo o cineasta poderia fazer.
Simplesmente imperdível!!!

Avaliação: ****

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