Um Elefante Sentado Quieto (Da xiang xi di er zuo)
País: China
Ano: 2018
Gênero: Drama
Duração: 234
min
Direção: Hu
Bo
Elenco: Peng Yuchang, Wang Yuwen, Zhang Yu, Congxi
Li, Yanmanzi Zhu, Guozhang Zhao-Yan, Ning Wang, Zhenghui Ling, Chaobei Wang e Xiangrong
Dong.
Sinopse: sob o céu escuro de uma pequena cidade no
norte da China, o individualismo marca várias histórias paralelas. Wei Bu (Peng
Yuchang), um garoto de dezesseis anos, se envolve numa briga na escola, que
provoca o acidente de um colega, filho de uma família poderosa. Logo, ele
precisa descobrir um meio de fugir. A melhor amiga dele, Huang Ling (Wang Yuwen),
está em apuros após o vazamento de um vídeo íntimo envolvendo o vice-diretor da
escola. O avô de Wei Bu mora com a filha, mas sofre pressão para abandonar o
seu próprio apartamento e se mudar para um asilo, deixando mais espaço aos
outros moradores. Yu Cheng (Zhang Yu) dorme com a esposa de seu melhor amigo,
mas quando o caso é descoberto, este se joga de uma janela e se mata. À medida
que as histórias se cruzam em um único dia, eles ouvem falar da cidade vizinha
de Manzhouli, onde haveria um elefante sentado, imóvel, por algum motivo
misterioso.
Crítica: não deve-se deixar intimidar pelo título e pela
longa duração do filme. A trama é excepcional e cada minuto dela tem um propósito,
uma mensagem, um recado a ser dado. Não se percebe que são quase 4 horas de
filme, tamanha a versatilidade do diretor para conduzir o espectador pela trama
interessante, inteligente e amarrada em todos os seus pontos.
Todo personagem, toda
situação, toda cena, todo detalhe (e são muitos), todo diálogo tem um razão de
ser e tudo será conectado no fluir da trama.
Pessimista ao mostrar uma sociedade
egoísta, violenta, alienada, ociosa, sobretudo quando se trata dos jovens, o
longa-metragem expõe as mazelas do mundo que vivemos hoje e do que está por
vir. Faz uma abordagem psicológica da forma que vivemos. Solitários, sem laços
afetivos e sem muitas opções, a vida parece não oferecer muitas oportunidades
para um cotidiano melhor. Mas também nos sentimos vitimados pelos outros,
responsabilizando-os por nossas ações. Os fracos são explorados e humilhados.
As atuações são exemplares.
O diretor usa uma câmera
ágil, acompanhando as andanças dos protagonistas pelos cômodos, escadas e
corredores em longos planos ininterruptos. Para a composição de imagens, deixa
os rostos expressivos dos atores no primeiro plano, enquanto ações importantes
ocorrem no fundo do quadro, desfocadas, de forma intencional, a fim de não se
distinguir os personagens.
Denso, ousado e forte, o
filme tem muito a dizer. Pena que tenha sido o primeiro e o último trabalho de
Hu Bo, tendo em vista que cometeu suicídio logo após o término da obra.
Perdemos, certamente, um
diretor com um olhar apurado sobre a humanidade.
Avaliação: ****
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