segunda-feira, 25 de março de 2019

Um Elefante Sentado Quieto (Da xiang xi di er zuo)




País: China
Ano: 2018
Gênero: Drama
Duração: 234 min
Direção: Hu Bo
Elenco: Peng Yuchang, Wang Yuwen, Zhang Yu, Congxi Li, Yanmanzi Zhu, Guozhang Zhao-Yan, Ning Wang, Zhenghui Ling, Chaobei Wang e Xiangrong Dong.

Sinopse: sob o céu escuro de uma pequena cidade no norte da China, o individualismo marca várias histórias paralelas. Wei Bu (Peng Yuchang), um garoto de dezesseis anos, se envolve numa briga na escola, que provoca o acidente de um colega, filho de uma família poderosa. Logo, ele precisa descobrir um meio de fugir. A melhor amiga dele, Huang Ling (Wang Yuwen), está em apuros após o vazamento de um vídeo íntimo envolvendo o vice-diretor da escola. O avô de Wei Bu mora com a filha, mas sofre pressão para abandonar o seu próprio apartamento e se mudar para um asilo, deixando mais espaço aos outros moradores. Yu Cheng (Zhang Yu) dorme com a esposa de seu melhor amigo, mas quando o caso é descoberto, este se joga de uma janela e se mata. À medida que as histórias se cruzam em um único dia, eles ouvem falar da cidade vizinha de Manzhouli, onde haveria um elefante sentado, imóvel, por algum motivo misterioso.

Crítica: não deve-se deixar intimidar pelo título e pela longa duração do filme. A trama é excepcional e cada minuto dela tem um propósito, uma mensagem, um recado a ser dado. Não se percebe que são quase 4 horas de filme, tamanha a versatilidade do diretor para conduzir o espectador pela trama interessante, inteligente e amarrada em todos os seus pontos.
Todo personagem, toda situação, toda cena, todo detalhe (e são muitos), todo diálogo tem um razão de ser e tudo será conectado no fluir da trama.
Pessimista ao mostrar uma sociedade egoísta, violenta, alienada, ociosa, sobretudo quando se trata dos jovens, o longa-metragem expõe as mazelas do mundo que vivemos hoje e do que está por vir. Faz uma abordagem psicológica da forma que vivemos. Solitários, sem laços afetivos e sem muitas opções, a vida parece não oferecer muitas oportunidades para um cotidiano melhor. Mas também nos sentimos vitimados pelos outros, responsabilizando-os por nossas ações. Os fracos são explorados e humilhados. As atuações são exemplares.
O diretor usa uma câmera ágil, acompanhando as andanças dos protagonistas pelos cômodos, escadas e corredores em longos planos ininterruptos. Para a composição de imagens, deixa os rostos expressivos dos atores no primeiro plano, enquanto ações importantes ocorrem no fundo do quadro, desfocadas, de forma intencional, a fim de não se distinguir os personagens.
Denso, ousado e forte, o filme tem muito a dizer. Pena que tenha sido o primeiro e o último trabalho de Hu Bo, tendo em vista que cometeu suicídio logo após o término da obra.
Perdemos, certamente, um diretor com um olhar apurado sobre a humanidade.

Avaliação: ****

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