sábado, 30 de agosto de 1997

Caráter

Título original: Karakter
País: Holanda
Ano: 1996
Gênero: Drama
Duração: 119 min
Direção: Mike Van Diem
Elenco: Jan Decleir, Fedja van Huet, Betty Schurman, Tamar van den Dop, Victor Löw e Hans Kesting.

Sinopse: na Roterdã dos anos 20, Drevenhaven, um rígido e temível oficial de justiça, é assassinado. Um jovem advogado, Jacob Katadreuffe (Fedja Van Huet), é preso como o principal suspeito. Interrogado pelos policiais, ele nega e faz uma grande revelação: Drevenhaven era seu pai. A história é então contada em flaskback: a mãe de Jacob teve um caso com Drevenhaven mas se recusou a casar com ele. Por sua vez, Drevenhaven não assume a paternidade. Com muito esforço, Jacob vence erros e obstáculos para subir na vida, mas seu pai sempre aparece em seu caminho, com frieza e críticas, aparentemente se recusando a ajudar e, ainda, atrapalhando Jacob. Com ambição e emoções densas, eles se tornam rivais e os erros levam a conseqüências inesperadas. Adaptado do livro de Ferdinand Bordewijk.
Crítica: o cenário é cuidadosamente ambientado nos anos 20. O bom suspense gira em torno da relação estranha entre um pai e seu filho bastardo. Jacob passa por várias dificuldades. Com um pai ausente e uma mãe calada e aparentemente distante, ainda tem que enfrentar a falta de emprego e dinheiro. Com muito esforço, ele consegue estudar e se graduar, mas com um pai sempre à sombra. As atuações são um pouco teatrais, prejudicando o fluir natural da trama. A adaptação de um livro para um filme é sempre delicado, principalmente quando se precisa transpor para as telas as emoções e o comportamento humano. Difícil explicar o motivo que leva a tanta competição e discórdia entre pai e filho. Faltou essa conexão, o que comprometeu a sustentabilidade da história.
Curiosidade: vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1997, derrotando o filme brasileiro “O Que é Isso, Companheiro?”, de Bruno Barreto.
Avaliação: ***

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sábado, 2 de agosto de 1997

Fargo – Uma Comédia de Erros

Título original: Fargo
País: EUA
Ano: 1996
Gênero: Comédia, drama, suspense
Duração: 98 min
Direção: Joel Coen e Ethan Coen
Elenco: William H. Macy, Frances McDormand, Steve Buscemi, Peter Stormare, Kristin Rudrüd, Harve Presnell, Tony Denman, Larry Brandenburg, John Carroll Lynch, Bruce Bohne e Steve Park.

Sinopse: em 1987 em Fargo, no Dakota do Norte, o gerente (William H. Macy) de uma revendedora de automóveis, ao se ver em uma delicada situação financeira, elabora o seqüestro da própria esposa (Kristin Rudrüd) e faz um acordo com dois marginais, que ganhariam um carro novo e metade dos 80 mil dólares que seriam pagos pelo seu sogro, um homem muito rico. Mas uma série de acontecimentos não previstos cria logo de início um triplo assassinato e uma chefe de polícia grávida (Frances McDormand) tenta elucidar o caso, enquanto mais mortes continuam a ocorrer.
Crítica: o texto trabalha de forma brilhante os elementos absurdos do crime, fazendo comédia com a sua dimensão bizarra. Fargo é um retorno dos autores a suas origens interioranas. Eles jogam com os maneirismos, cadência e expressões locais. Combina-se a narrativa sobre crime e cobiça a uma crítica ácida sobre um lugar vazio, de pessoas vazias, mas que pode gerar uma tragédia amoral. Os irmãos Coen já são famosos por seus filmes de qualidade. Aqui, a mistura de comédia e suspense funciona muito bem e com uma excelente interpretação de Frances Macdormand.
Curiosidade: no Oscar de 1997, agraciado com as estatuetas de Melhor Atriz (Frances McDormand) e Melhor Roteiro Original.
É o primeiro roteiro que a dupla escreve a partir de um evento real: um crime ocorrido na cidadezinha interiorana de Fargo (no estado americano de Minnesota), no gélido inverno de 1987.
Avaliação: ****

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quarta-feira, 11 de junho de 1997

Jerry Maguire – A Grande Virada

Título original: Jerry Maguire
País: EUA
Ano: 1996
Gênero: Comédia
Duração: 138 min
Direção: Cameron Crowe
Elenco: Tom Cruise, Cuba Gooding Jr., Renee Zellweger, Kelly Preston, Jerry O'Connell, Jay Mohr, Bonnie Hunt, Regina King, Jonathan Lipnicki, Todd Louiso, Mark Pellington, Jeremy Suarez, Jared Jussim, Benjamin Kimball Smith, Ingrid Beer, Jann Wenner, Nada Despotovich, Alexandra Wentworth, Aries Spears e Kelly Coffield.

Sinopse: Jerry Maguire é um agente esportivo que escreve uma declaração sugerindo que os agentes de esportes tenham menos clientes e sejam mais humanos para com eles. Por isso, acaba perdendo seu emprego e todos os seus clientes, exceto Rod Tidwell, um jogador de futebol americano que é o único a continuar apostando em Maguire. Jerry agora terá que se virar para promover o jogador sem estrutura nenhuma.
Crítica: muito mais que um filme sobre futebol americano, é um filme sobre a vida, seus realacionamentos de amizade, amor e trabalho, com todas as suas dificuldades. Uma verdadeira lição de esperança, perseverança e dedicação.
Alêm de excelente direção e roteiro, o elenco está em harmonia, sobretudo, Tom Cruise e Cuba Gooding Jr. Ambos têm interpretações convincentes e bastante carismáticas. Esse é um dos melhores trabalhos de Tom Cruise.
Para ver e recomendar.
Curiosidade: vencedor do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante (Cuba Gooding Jr.), em 1997.
Avaliação: ****

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sexta-feira, 30 de maio de 1997

O Que é Isso, Companheiro?

Título original: O Que é Isso, Companheiro?
País: Brasil
Ano: 1996
Gênero: Drama
Duração: 105 min
Direção: Bruno Barreto
Elenco: Alan Arkin, Pedro Cardoso, Fernanda Torres, Luiz Fernando Guimarães, Marco Ricca, Cláudia Abreu, Matheus Natchergaele, Nelson Dantas, Maurício Gonçalves, Caio Junqueira, Selton Mello, Du Moscovis, Caroline Kava e Fernanda Montenegro.

Sinopse: em 1964, um golpe militar derruba o governo democrático brasileiro e, após alguns anos de manifestações políticas, é promulgado em dezembro de 1968 o Ato Constitucional nº 5, que nada mais era que o golpe dentro do golpe, pois acabava com a liberdade de imprensa e os direitos civis. Neste período vários estudantes abraçam a luta armada, entrando na clandestinidade e, em 1969, militantes do MR-8 elaboram um plano para seqüestrar o embaixador dos Estados Unidos (Alan Arkin) para trocá-lo por prisioneiros políticos, que eram torturados nos porões da ditadura.
Crítica: o filme nos conta a história do envolvimento de alguns jovens brasileiros, entre os quais Fernando Gabeira, na luta armada contra o regime militar. Para isso, são treinados, adotam novos nomes, assaltam um banco para conseguir recursos que financiem suas atividades e vivem escondidos, em seus "aparelhos" (termo pelo qual se referem aos apartamentos, casas ou chácaras em que se escondem das autoridades).
Atentos ao fato de que a rigorosa censura imposta ao país pelos governantes não permite que eles estabeleçam canais de comunicação com o grande público (o qual pretendem atingir para conseguirem causar comoção, novos aliados para sua causa, o favorecimento da opinião pública ou ainda esclarecimento da massa), Marcão (Luiz Fernando Guimarães), Maria (Fernanda Torres), Fernando (Pedro Cardoso), Clara (Cláudia Abreu) e seus companheiros decidem partir para uma ação bombástica, que teria enorme repercussão, o sequestro do embaixador dos Estados Unidos.
Auxiliados por Toledo (Nelson Dantas) e Jonas (Matheus Natchergaele), dois experientes oposicionistas vindos de um grupo de São Paulo, o grupo consegue capturar Charles Elbrick (Alan Arkin) e mantê-lo em cativeiro durante algum tempo. Furam o bloqueio imposto pela censura e iniciam negociações para poder libertá-lo em troca de prisioneiros do sistema.
O longa é importante para que não esqueçamos o regime e a ditadura militar pelos quais passamos. Deixa um pouco a desejar no quesito história (um maior aprofundamento ajudaria a evitar conclusões distorcidas), sendo impossível não comparar o livro com o longa-metragem, mas a sua intenção em levantar discussões, como a liberdade de imprensa, censura, democracia, ética, idealismo, política, já é bastante válida.
Curiosidade: baseado em livro do político Fernando Gabeira.
Avaliação: ***

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domingo, 23 de março de 1997

Shine – Brilhante

Título original: Shine
País: Austrália
Ano: 1996
Gênero: Drama
Duração: 130 min
Direção: Scott Hicks
Elenco: Geoffrey Rush, Noah Taylor, Armin Mueller-Stahl, Lynn Redgrave, Justin Braine, Sonia Todd, John Gielgud, Chris Haywood e Alex Rafalowicz.

Sinopse: baseado na verdadeira história de pianista australiano David Helfgott, este filme mostra a paixão que David (Geoffrey Rush) tem pela música clássica. Porém, a rejeição de seu pai (Mueller-Stahl) e a pressão para que seus concertos sejam perfeitos o levam ao desequilíbrio mental. Agora só o amor de sua mulher poderá ajudá-lo a compartilhar o seu talento musical com o resto do mundo.
Crítica: ótima adaptação da história verídica do pianista australiano David Helfgott. Com uma genialidade absoluta para música, mas sufocado pela intolerância e mesquinhez do pai repressor, Peter Helfgott, um judeu sobrevivente do holocausto e que perdeu a maior parte da família em campos de concentração.
Peter foi morar na Austrália, onde se casou e teve David, que mostrous-e um músico exemplar, chegando a ganhar vários concursos e ingressar na importante escola de música de Londres.
A tirania do pai, muitas vezes confundida com inveja, levou David a ser internado num hospício. Não era louco, mas chegou bem perto da loucura. Quem o salvou foi uma mulher mais velha (Redgrave), por quem se apaixonou.
Todos os sentimentos de angústia, dúvida e medo são passados ao espectador graças à sensível direção do filme e ao elenco formidável.
Destaque para a bela trilha sonora, com músicas interpretadas pelo próprio Helfgott.
O filme só poderia ser um poquinho mais enxuto.
Curiosidade: Geoffrey Rush levou o Globo de Ouro e o Oscar de Melhor Ator (1997).
Avaliação: ****

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quarta-feira, 12 de fevereiro de 1997

As Duas Faces de um Crime

Título original: Primal Fear
País: EUA
Ano: 1996
Gênero: Drama
Duração: 126 min
Direção: Gregory Hoblit
Elenco: Richard Gere, Laura Linney, Edward Norton, Frances McDormand, John Mahoney e Alfre Woodward.

Sinopse: Richard Gere é Martin Vail, um brilhante e audacioso advogado que aspira à fama. Quando Aaron Stampler (Edward Norton), um coroinha de Kentucky, é acusado do assassinato de um arcebispo de Chicago, Martin resolve defendê-lo, pois vê neste caso a sua grande chance.

Crítica: um filme muito bom, acima da média, nos gêneros ação, policial e suspense. Sim, a trama reúne tudo isso e envolve o espectador a cada sequência, a cada fato, a cada descoberta.
Uma história inteligente e interessante que parte de um crime que parece comum e pequeno e, com o tempo, vai revelando juntamente com os personagens que o crime esconde muito do que se imagina.
Trata de alta corrupção em Chicago, envolvendo imóveis, bispo, procurador de Justiça – e, de quebra, fala em abuso sexual por parte de religiosos católicos. Edward Norton está brilhante como o suspeito que convence o advogado ambicioso, mas muito competente (Richard Gere) e até a psiquiatra especialista (Frances McDormand) de que é esquizofrênico e, portanto, legalmente inculpável.
Richard Gere está eficiente na pele do advogado. E Frances McDormand, claro, é sempre muito boa.
O final é surpreendente e torna a película melhor ainda.

Curiosidade: Edward Norton ganhou uma indicação para o Oscar de melhor ator coadjuvante.

Avaliação: ****

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