sábado, 14 de março de 2009

Entre os Muros da Escola

Título original: Entre les Murs
País: França
Ano: 2009
Gênero: Drama
Duração: 128 min
Direção: Laurent Cantet
Elenco: François Bégaudeau, Nassim Amrabt, Laura Baquela, Cherif Bounaïdja Rachedi, Juliette Demaille, Dalla Doucoure, Arthur Fogel, Damien Gomes e Louise Grinberg.

Sinopse: François Marin (François Bégaudeau) trabalha como professor de língua francesa em uma escola de ensino médio, localizada na periferia de Paris. Ele e seus colegas de ensino buscam apoio mútuo na difícil tarefa de fazer com que os alunos aprendam algo ao longo do ano letivo. François busca estimular seus alunos, mas o descaso e a falta de educação são grandes complicadores.
Crítica: longo, mas jamais cansativo, pois há muito o que contar. Com cara de documentário, vimos o dia-a-dia de um professor e seus alunos, durante o ano letivo, de uma sala de aula multicultural num subúrbio de Paris. O longa é um retrato da França de hoje, em todas as suas contradições étnicas e de imigração.
O roteiro é baseado no livro escrito por François Bégaudeau, que praticamente interpreta a si mesmo, na pele de François Marin, um professor de francês. Todos no filme têm os nomes de seus atores, na vida real. Em nenhum momento, foram empregados atores profissionais. Os adolescentes que compõem a classe secundarista do colégio parisiense têm realmente as suas etnias (seja chinesa, malinesa, marroquina, etc.) e foram preparados especialmente para o filme (eles estão ótimos) e a câmera passeia pela turma, registrando tudo, como se ela não estivesse presente.
As discussões da sala dos professores e do Conselho de Classe sobre disciplina, as histórias pessoais que vão aparecendo, muito esporadicamente (o professor que perde a paciência com sua sala de aula e explode num desabafo para os colegas, a professora que engravida), são temas que povoam esses meses em que Marin criteriosamente procura uma forma de diálogo, uma aproximação com o mundo de seus alunos, entendendo seus limites como ninguém
Um incidente, porém, vai lançar um desafio, na segunda metade da película, para o professor, no momento em que o Conselho de Classe passa a discutir questões sobre a disciplina de um aluno específico, africano, e é nesse instante em que a platéia não tira os olhos da tela. Todos os meios possíveis e imaginários são colocados em pauta pela equipe de profissionais para resolver um problema que nem mesmo aquele colégio é capaz de resolver – o que acaba sendo a contrapartida ao espelho de uma França dividida sociologicamente.
Um brilhante roteiro, simples e complexo ao mesmo tempo, direto e profundo, que aborda o respeito mútuo entre professor e aluno, um tema espinhoso em qualquer lugar do mundo.
Excelente! Não perca.
Curiosidade: vencedor do Festival de Cannes 2008 com a Palma de Ouro de Melhor Filme.
Avaliação: ****

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