Título original: Joyeux Noël
País: França/Alemanha/Reino Unido
Ano: 2005
Gênero: Drama
Duração: 94 min
Direção: Christian Carion
Elenco: Daniel Brühl, Diane Kruger, Benno Fürmann, Dany Boon, Guillaume Canet, Alex Ferns, Gary Lewis, Stevern Robertson, Lucas Belvaux, Bernard Le Coq, Ian Richardson, Christopher Fulford, Robin Laing e Joachim Bissmeier.
Sinopse: Natal de 1914, em plena 1ª Guerra Mundial. A neve e presentes da família e do exército ocupam as trincheiras francesas, escocesas e alemãs, envolvidas no conflito. Durante a noite os soldados saem de suas trincheiras e deixam seus rifles de lado, para apertar as mãos do inimigo e confraternizar o Natal. É o suficiente para mudar a vida de um padre anglicano, um tenente francês, um grande tenor alemão e sua companheira, uma soprano.
Crítica: a filmografia relacionada às duas grandes guerras do século passado é numerosa e, normalmente, dentro de um padrão: mostra-se homens de um dos lados da batalha sofrendo as consequências – físicas e psicológicas – provenientes do cenário de barbárie.
‘Feliz Natal’, produção indicada ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2006, investe em uma abordagem diferente, aproveitando-se de uma fantástica história real acontecida nas trincheiras, no Natal de 1914.
Em algum lugar da França durante a Primeira Guerra Mundial, franceses e escoceses tentavam impedir o avanço do exército alemão. Em meio à batalha, os soldados dos três exércitos encontraram momentos para celebrar o Natal. No lado escocês, um padre chamado Palmer iniciou uma cantoria de músicas típicas com seus homens. A resposta alemã foi à altura, com o tenor – agora soldado – Sprink cantando músicas natalinas. Em pouco tempo, os comandantes dos três exércitos acordaram um cessar-fogo para a noite de Natal, promovendo a confraternização entre os soldados.
Trata-se de uma história edificante sobre o melhor lado da natureza humana. É extraordinário – e, a certo ponto, reconfortante – saber que os fatos descritos no filme aconteceram de fato em não apenas uma, mas em diversos locais dos campos de batalha naquela noite. Mais do que uma produção anti-belicisita, Feliz Natal é uma obra universal, capaz de atingir a todos por sua mensagem de esperança e solidariedade.
A direção é certeira, ao não forçar os melodramas e deixar a história falar pos si só. Os soldados vêem-se em dilemas nos quais não haviam entrado até então. Como continuar a guerra após descobrir que o inimigo é igual? Como prosseguir matando quando se tem a noção de que não existem monstros do outro lado, mas seres humanos com desejos e sonhos?
O que realmente emociona é a grandiosidade do acontecimento e da atitude de todos aqueles homens e não o drama pessoal de alguns deles.
Filmado com apurado senso estético na construção de seus quadros e uma belíssima fotografia, o longa começa de maneira inteligente, estabelecendo um interessante contraponto a tudo aquilo que o espectador assistirá em seguida. Logo na primeira cena, Carion realiza uma montagem com três crianças – uma francesa, uma escocesa e uma alemã – em sala de aula, destacando a forma como aprendem a cultivar o ódio pelo “inimigo” desde a infância.
Bem dirigido e interpretado, o filme merece ser visto por sua mensagem de alento e esperança. Mesmo nos momentos mais difíceis, basta um pouco de boa vontade para que o ser humano consiga encontrar seu lado bom.
Avaliação: ****
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