quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Jia Zhangke, um Homem de Fenyang

País: Walter Salles
Ano: 2015
Gênero: Documentário
Duração: 98 min
Direção: Walter Salles
Elenco: -

Sinopse: um retrato afetivo do jovem realizador chinês Jia Zhangke que, para muitos, se tornou um dos mais importantes cineastas de nosso tempo. Jia Zhangke volta aos locais onde rodou seus filmes, junto com seus atores, amigos e colaboradores mais próximos para relembrar as fontes de inspiração dos seus filmes. É a memória de um cineasta e também da China, um país em convulsão que se desvenda pouco a pouco.

Crítica: Walter Salles nos presenteia com mais um excelente trabalho. Apresenta-nos Jia Zhang-ke, seu cineasta favorito (desde que o conheceu no Festival de Berlim de 1998), tanto que se reuniu com o crítico Jean-Michel Frodon para realizar um filme e um livro sobre ele. O livro, O Mundo de Jia Zhang-ke, é um mergulho detalhado na obra do cineasta.
A longínqua Fenyang é o cenário principal desse retorno de Jia à sua cidade natal. Com grande cumplicidade, Salles permite que entremos na personalidade do realizador de “Plataforma”. Conhecemos a casa onde morou com os pais depois de 29 anos de sua partida, ouvimos a mãe e a irmã de Jia. E testemunhamos um embargo de emoção quando ele fala dos poucos momentos de felicidade que seu pai, perseguido pela Revolução Cultural, teve na vida.
Walter recolhe testemunhos também dos principais companheiros de trabalho de Jia, como a atriz e esposa Zhao Tao, o ator/alterego Wang Hongwei, o ator/primo Han Sanming e os técnicos de sua fiel equipe. Flashes de uma palestra na Academia de Belas Artes de Pequim testemunham o interesse que o cinema de Jia Zhang-ke desperta entre os jovens contemporâneos.
O filme é hábil em costurar cenas atuais e trechos de sete filmes de Jia, criando elos que contextualizam a obra em relação à vida do diretor e às transformações por que passou a China nos últimos 17 anos. O World Park de Pequim, um dos cenários de “O Mundo”, e algumas locações de “Um Toque de Pecado” também são revisitados nessa viagem pela memória de um cineasta tão apegado às questões da memória.
O final é singelo e comovente. Jia está de volta aos cenários de “Plataforma” para um projeto futuro, que vai retomar os personagens daquele. De alguma forma, ele está refazendo o itinerário que sempre o conectou com sua província de origem. Volta a falar de família, problemas de saúde, coisas de uma pessoa como outra qualquer. Este é o mais profundo retrato de Jia Zhang-ke que alguém poderia produzir: o homem comum.

Avaliação: ***

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