Jia Zhangke, um Homem de Fenyang
País: Walter Salles
Ano:
2015
Gênero: Documentário
Duração: 98
min
Direção: Walter
Salles
Elenco: -
Sinopse: um retrato afetivo do jovem realizador chinês
Jia Zhangke que, para muitos, se tornou um dos mais importantes cineastas de
nosso tempo. Jia Zhangke volta aos locais onde rodou seus filmes, junto com
seus atores, amigos e colaboradores mais próximos para relembrar as fontes de
inspiração dos seus filmes. É a memória de um cineasta e também da China, um
país em convulsão que se desvenda pouco a pouco.
Crítica: Walter Salles nos presenteia com mais um
excelente trabalho. Apresenta-nos Jia Zhang-ke, seu cineasta favorito (desde
que o conheceu no Festival de Berlim de 1998), tanto que se reuniu com o
crítico Jean-Michel Frodon para realizar um filme e um livro sobre ele. O
livro, O Mundo de Jia Zhang-ke, é um mergulho detalhado na obra do cineasta.
A longínqua Fenyang é o
cenário principal desse retorno de Jia à sua cidade natal. Com grande cumplicidade,
Salles permite que entremos na personalidade do realizador de “Plataforma”. Conhecemos
a casa onde morou com os pais depois de 29 anos de sua partida, ouvimos a mãe e
a irmã de Jia. E testemunhamos um embargo de emoção quando ele fala dos poucos
momentos de felicidade que seu pai, perseguido pela Revolução Cultural, teve na
vida.
Walter recolhe testemunhos também
dos principais companheiros de trabalho de Jia, como a atriz e esposa Zhao Tao,
o ator/alterego Wang Hongwei, o ator/primo Han Sanming e os técnicos de sua
fiel equipe. Flashes de uma palestra na Academia de Belas Artes de Pequim
testemunham o interesse que o cinema de Jia Zhang-ke desperta entre os jovens
contemporâneos.
O filme é hábil em costurar
cenas atuais e trechos de sete filmes de Jia, criando elos que contextualizam a
obra em relação à vida do diretor e às transformações por que passou a China
nos últimos 17 anos. O World Park de Pequim, um dos cenários de “O Mundo”, e
algumas locações de “Um Toque de Pecado” também são revisitados nessa viagem
pela memória de um cineasta tão apegado às questões da memória.
O final é singelo e comovente.
Jia está de volta aos cenários de “Plataforma” para um projeto futuro, que vai
retomar os personagens daquele. De alguma forma, ele está refazendo o
itinerário que sempre o conectou com sua província de origem. Volta a falar de
família, problemas de saúde, coisas de uma pessoa como outra qualquer. Este é o
mais profundo retrato de Jia Zhang-ke que alguém poderia produzir: o homem
comum.
Avaliação:
***
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