segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Você Nunca Esteve Realmente Aqui (You Were Never Really Here)


País: Reino Unido/França/EUA    
Ano: 2018
Gênero:  Drama
Duração: 89 min
Direção: Lynne Ramsay
Elenco: Joaquin Phoenix, Judith Roberts, Ekaterina Samsonov, John Doman, Alex Manette e Alessandro Nivola.

Sinopse: Joe (Joaquin Phoenix), um veterano de guerra traumatizado, ganha a vida resgatando jovens desaparecidas. Quando um trabalho fica fora de controle, os pesadelos de Joe o alcançam, enquanto uma conspiração é descoberta, levando a uma viagem que pode ser para a sua morte ou para o seu despertar.

Crítica: a diretora escocesa Lynne Ramsay tem no currículo bons filmes – Precisamos Falar sobre Kevin, Morvern Callar e O Lixo e o Sonho – e, agora, Você Nuca Esteve Realmente Aqui, que já levou dois prêmios na última edição (71ª) do Festival de Cannes: Melhor Ator para Joaquin Phoenix e Melhor Roteiro.
O filme é marcante, tem uma história violenta, um protagonista perturbado, um conteúdo forte, mas que se mantém sempre na linha do equilíbrio, sem apelar para o grotesco, sem cair no trivial ou no previsível. O jogo de câmeras, o enquadramento de cenas vistas pelo reflexo dos espelhos ou por câmeras nos ambientes, a excelente trilha sonora, a fotografia que carrega nos tons escuros e esverdeados, criam uma atmosfera sombria e estilosamente perfeita.
O hábil roteiro foge do lugar comum e nos apresenta o personagem Joe, incrivelmente interpretado por Joaquin Phoenix (que, em nenhum momento é caricato), um suspense elegante que não apela nem nas situações mais chocantes, e um diálogo com um humor negro, que abusa das expressões e dos trejeitos.
Joaquin Phoenix está seguro em seu papel de homem pouco sociável, misterioso, matador de aluguel (priorizando os que abusam de menores e, por essa razão, um vingador e um “fazedor” de justiça para muitos), dócil com a mãe idosa em casa e extremamente violento quando está trabalhando. De um momento para outro, Joe parte da inércia para a ação e são as melhores cenas.
Visivelmente perturbado por traumas do passado (sutilmente mostrados na tela com flashbacks de lembranças, sem saturar e, também, na medida certa), que talvez sejam a maior razão de ele ter se tornado o homem que é. Ele e sua mãe compartilham um sofrimento e um passado comuns que nunca são abordados por nenhum dos dois.
A trama dá uma guinada quando Joe é contratado por um senador norte-americano para salvar a filha dele que teria sido levada para um esconderijo.
A partir daí o suspense cresce. Sempre surpreende e aumenta as expectativas do público.
Joe foi feito para Joaquin Phoenix que brilha no longa-metragem, do início ao fim. Mesmo numa trama sem esperança, ele nos cativa.

Avaliação: ****

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