domingo, 28 de maio de 2006

A Lula e a Baleia

Título original: The Squid and the Whale
País: EUA
Ano: 2005
Gênero: Comédia, drama
Duração: 81 min
Direção: Noah Baumbach
Elenco: Jeff Daniels, Laura Linney, Jesse Eisenberg, Owen Kline, Halley Feiffer, Anna Paquin, William Baldwin e David Benger.

Sinopse: Brooklyn, 1986. Bernard Berkman (Jeff Daniels) já foi um romancista de grande sucesso, sendo que sua esposa Joan (Laura Linney) começa a despontar na área. Tanto Bernard quanto Joan já desistiram de seu casamento, com ambos deixando seus filhos, Walt (Jesse Eisenberg) e Frank (Owen Kline), à própria sorte. Para Walt esta situação serve como aprendizado e amadurecimento, mas para Frank trata-se de uma transição complicada pela qual será obrigado a passar.
Crítica: filmes que criticam em tom ácido a instituição familiar representam uma sólida tradição no cinema independente nos Estados Unidos. “A Lula e a Baleia” é um representante do gênero, porém com uma relevante diferença: o diretor escolheu, para explorar, não um núcleo familiar conservador e suburbano, como é de praxe, mas um casal de burgueses intelectuais de esquerda.
Um detalhe que faz toda a diferença, porque a maioria dos filmes independentes ataca o americano médio, aquele morador do subúrbio que é favorável à pena de morte, vota no Partido Republicano, apoiou a invasão ao Iraque. Já “A Lula e a Baleia” volta-se contra a parcela da população mais liberal e intelectualizada. É um grupo que freqüenta ou freqüentou uma universidade, critica a política externa de George W. Bush e se preocupa com os efeitos do aquecimento global.
É verdade que o cineasta foi sábio ao personalizar cada um dos quatro integrantes da família, de forma que o filme jamais assume estar atacando um grupo social inteiro. Ou seja, o longa não tem a pretensão de falar sobre todas as famílias; deseja contar a história de uma só, com foco explicitamente voltado para o devastador efeito que o divórcio litigioso de um casal, com insultos e chantagem emocional de parte a parte, tem sobre os filhos. Nesse sentido, a obra acerta em cheio seu propósito. É uma história tocante, especialmente se o espectador vem de um lar que guarde alguma semelhança com os personagens.
O enredo é autobiográfico, e isso é assumido pelo diretor, inclusive na ambientação da história: o começo dos anos 1980, quando Noah Baumbach era um adolescente mais ou menos da idade de Walt (Jesse Eisenberg), o filho mais velho.
“A Lula e a Baleia” é um filme de personagens, cujo maior mérito é revelar um diretor e roteirista com grande talento para trabalhá-los. Jeff Daniels e Laura Linney como os protagonistas estão em perfeita sintonia, assim como os dois garotos que integram a família. Vale a pena conferir.
Curiosidade: foi feito em somente 23 dias e com um orçamento de apenas US$ 1,5 milhão. Mesmo assim atraiu bons atores, como Jeff Daniels, mostrando uma faceta diametralmente oposta de sua verve cômica, mais conhecida por filmes como “Debi e Lóide” (1994).
Avaliação: ***

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sábado, 27 de maio de 2006

Araguaya - A Conspiração do Silêncio

Título original: Araguaya – Conspiração do Silêncio
País: Brasil
Ano: 2004
Gênero: Drama
Duração: 105 min
Direção: Ronaldo Duque
Elenco: Norton Nascimento, Françoise Forton, Danton Mello, Narcisa Leão, Stephane Brodt, Fernanda Maiorano, Rasanne Holland, Cássia Kiss, Rômulo Augusto, William Ferre e Fernando Alves Pinto.

Sinopse: no auge da ideologia da segurança nacional do Exército brasileiro, um partido de esquerda dissidente, militantes (a maioria jovem e inexperiente) e inocentes camponeses travam uma batalha contra o Exército em região onde a ambição e a miséria dominam. É onde também está o Padre Chico (Stephane Brodt), um religioso francês que chegou à região do Araguaia no início dos anos 60. A profunda identificação entre Padre Chico e os moradores fazem com que ele presencie eventos ligados à formação da Guerrilha do Araguaia.
Crítica: por se tratar de um grande e importante acontecimento na história do país, enredo não faltaria. Infelizmente, a direção de má qualidade e um elenco ruim não conseguem emocionar, traduzir o que passou nesse momento histórico e nem prender o interesse do espectador. O que se vê é uma sequência de falhas e de cenas desconexas. Perdeu-se, aqui, uma grande oportunidade de retratar aos brasileiros, principalmente jovens, a história que pouco conhecem. O destaque fica apenas para o padre Chico, interpretado por Stephane Brodt, que vive um dilema entre suas crenças religiosas e a situação com a qual se confronta.
Avaliação: *

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sexta-feira, 26 de maio de 2006

Caché

Título original: Caché
País: França/Áustria
Ano: 2007
Gênero: Drama
Duração: 117 min
Direção: Michael Haneke
Elenco: Juliette Binoche, Daniel Auteuil, Maurice Bénichou, Annie Girardot, Lester Makedonsky, Walid Afkir, Daniel Duval, Nathalie Richard, Denis Podalydès, Aïssa Maïga, Caroline Baehr e Christian Benedetti.

Sinopse: um dia Georges (Daniel Auteuil) e sua esposa Anne (Juliette Binoche) recebem uma fita de vídeo com imagens de sua casa, que fora filmada por uma câmara instalada na rua. Depois disso começam a receber desenhos sinistros. Assustado, o casal tenta descobrir o autor daquelas misteriosas ameaças que perturbam a paz de sua família. Logo percebem que quem os persegue conhece mais sobre o seu passado do que eles poderiam esperar.
Crítica: Caché começa de maneira indecifrável. Mostra o plano fixo de uma fachada residencial de classe média. Minutos depois, a imagem é rebobinada. A perda de referências é instantânea, pois existe uma câmera misteriosa que recorta uma realidade qualquer sem ser a do filme, e não sabemos a origem desse recorte, muito menos o seu destino. O estranho é que nada, inicialmente, distingue essa imagem solta da outra utilizada para contar a história em si.
Estamos na França. Georges Laurent (Daniel Auteuil em excelente interpretação) é apresentador de um programa de televisão sobre literatura, enquanto sua esposa Anne (Juliette Binoche) trabalha numa editora. O quadro familiar se completa com o filho adolescente, Pierrot (Lester Makedonsky). O casal é culto e possui amigos interessantes que visitam a casa com freqüência. Essa vida normal e tranqüila é abalada justamente pelo recebimento contínuo de fitas de vídeo. No início, elas parecem apenas vigiar a entrada da residência dos Laurent, mas logo chegam acompanhadas de embrulhos desenhados que ressaltam o elemento sangue. Esse detalhe aterroriza Anne e o marido. Novas fitas são entregues. Georges reconhece lugares que dizem respeito à sua infância.
O poder da vigilância é aterrorizante. As imagens estão relacionadas com um passado de egoísmo e discriminação que foi, aparentemente, esquecido. O sentimento de culpa vem à tona. Além disso, as fitas acarretam conflitos familiares, revelando relações pouco transparentes entre o casal.
A partir daí, contar o filme seria estragar o elemento surpresa. Mas a história desenvolve-se muito bem, levantando questionamentos sobre racismo, preconceito e desigualdades sociais. Vale a pena assistir e tirar suas conclusões, sobretudo no final da trama, que é uma incógnita.
Avaliação: ***

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sexta-feira, 19 de maio de 2006

O Código da Vinci

Título original: The Da Vinci Code
País: EUA
Ano: 2006
Gênero: Suspense
Duração: 152 min
Direção: Ron Howard
Elenco: Andrey Tatou, Tom Hanks, Jean Reno, Ian McKellen, Alfred Molina e Paul Bettany.

Sinopse: um professor da Universidade de Harvard, Robert Langdon (Tom Hanks) viaja para Paris a negócios. Especialista em simbolismo, recebe uma ligação no meio da noite sobre o assassinato do curador do Museu do Louvre. As pistas para o crime parecem estar escondidas no quadro Monalisa, de Leonardo Da Vinci. Com a ajuda da criptógrafa francesa Sophie Neveu (Andrey Tatou), descobre que o curador estava envolvido em uma misteriosa sociedade secreta. Os dois percorrem a Europa em busca da solução para esse misterioso caso.
Crítica: depois da quantidade de livros vendidos ao redor do mundo, é óbvio que a chegada de O Código da Vinci aos cinemas seria um fenômeno. Porém, o filme não chega aos pés da obra original. Tudo é muito atropelado, sem sal e com conteúdo mal explorado.
Não sou fã dessa literatura; apenas reconheço que possui enigmas muito bem descritos e detalhadamente resolvidos, o suficiente para prender a atenção dos leitores. A trama policial não me impressiona, mas tem um excelente pano de fundo com toda uma aula de história da arte.
Mas até no plano estético, a obra falhou. Nem as obras de arte têm o espaço merecido no filme. Toda a parte do museu do Louvre é vergonhosa, principalmente no que diz respeito à Mona Lisa. O quadro, talvez o mais famoso de todo o mundo, foi reduzido a segundo plano.
No livro, entende-se o porquê da escolha Mona Lisa na história e sua importância para tudo. No longa, uma série de informações é omitida para concentrar-se na pior parte: a intriga policial.
Ainda assim, a produção tem os seus méritos: a parte explicativa do quadro de ‘A Última Ceia’ ficou fantástica, adaptando com boa técnica as explicações do livro para a tela. Infelizmente, esse recurso não se estendeu às demais obras.
Mesmo com duas horas e meia de duração, o roteiro atropelou detalhes relevantes e desperdiçou tempo com algumas coisas desnecessárias. Para uma pessoa que não leu o livro, fica impossível entender tudo o que se passa na trama. Tudo é muito rápido e, simplesmente, jogado na tela.
Pior ainda que a ausência de dados, é a falta de sentimento. Em momento algum somos apresentados aos personagens para compreendermos suas motivações – um problema que não existe no livro. O final modificado é imperdoável, pois tira toda a carga emocional contida na obra literária e altera drasticamente a mensagem da história.
Curiosidade: os produtores não conseguiram permissão para usar iluminação artificial na Mona Lisa, o que vemos no filme é uma réplica.
O Ministério da Cultura francês permitiu que a equipe de filmagens rodasse cenas no interior do verdadeiro Museu do Louvre.
O livro ‘Código da Vinci’ já vendeu mais de 45 milhões de exemplares em todo o mundo.
Avaliação: ***

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quinta-feira, 11 de maio de 2006

O Amor Está no Ar

Título original: Ma vie en l'air
País: França
Ano: 2005
Gênero: Comédia
Duração: 100 min
Direção: Rémi Bezançon
Elenco: Marion Cotillard, Vincent Elbaz, Gilles Lellouche, Elsa Kikoïne, Didier Bezace, Tom Novembre, Cécile Cassel, Philippe Nahon, Vincent Winterhalter, François Levantal, Sasha Alliel, Julien Israël, Sandrine Rigaux, Katia Lewkowicz e Susan Lay.

Sinopse: Yann é o engenheiro responsável pela segurança dos aviões de uma companhia aérea que tem um probleminha pouco comum entre os profissionais de sua área: medo de voar. Mas ele terá que entrar numa aeronave para se encontrar com a mulher que é o amor de sua vida.

Crítica: uma comédia leve e bem dirigida, com situações inusitadas, mas conduzidas de forma inteligente e que prendem a atenção do espectador até o final. Bons diálogos e personagens cativantes.
Perfeito para um programa a dois!

Avaliação
: *** 

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sábado, 6 de maio de 2006

Camelos Também Choram

Título original: The Story of Wepping Camel
País: Alemanha/Mongólia
Ano: 2005
Gênero: Documentário
Duração: 87 min
Direção: Byambasuren Davaa e Luigi Falorni
Elenco: Janchiv Ayurzana, Chimed Ohin, Amgaabazar Gonson, Zeveljamz Nyam, Ikhbayar Amgaabazar, Odgerel Ayusch, Enkhbulgan Ikhbayar, Uuganbaatar Ikhbayar, Guntbaatar Ikhbayar e Munkhbayar Lhagvaa.

Sinopse: primavera no deserto de Gobi, sul da Mongólia. Uma família de pastores nômades assiste ao nascimento de uma manada de filhotes de camelo. Uma das camelas tem grande dificuldade no parto, mas, com a ajuda da família, dá a luz a um raro filhote albino. Apesar dos esforços dos pastores, a mãe rejeita o filhote recém-nascido, recusando-se, friamente, a amamentá-lo e a lhe dar o amor materno. Quando todas as esperanças para o pequeno filhote parecem ter desaparecido, os nômades enviam dois jovens em uma jornada através do deserto em busca de um músico... Finalmente, o violinista chega ao acampamento e segue-se um belo e comovente ritual. O som de um violino arcaico, cujas cordas são feita de crina de cavalo, e o canto melódico de uma das mulheres do local, mexem com o coração da mamãe-camela. Quando seu filhote é, novamente, levado a ela, ela chora e, finalmente, aceita-o, dando-lhe o leite que precisa para sobreviver.
Crítica: este raro exemplar da Mongólia não ganhou nenhum prêmio de grande expressão, não é recostado em nenhum nome de peso (são dois diretores estreantes) e não conta nenhuma estória emocionante e complexa, típica de filmes de festivais. É apenas um filme simples e encantador.
No meio do vasto Deserto de Gobi, no sul da Mongólia, quatro gerações de criadores de ovelhas vivem numa pequena aldeia. É época da cria de camelos, animal bastante estimado na região, principal meio de transporte dos nômades e provedor de lã.
A primeira parte do documentário é focada, em especial, na relação da família, e demora a engatar. Após um breve monólogo sobre a lenda dos camelos, somos apresentados à família aos poucos, seus membros e modo de vida, e só ao final da projeção é que temos uma noção mais clara de quem é quem na hierarquia. Na verdade, o grande foco é a relação cultural da trupe, sendo este breve problema com os camelos apenas mais um momento da vida no deserto.
A câmera está a favor dos habitantes, e vai retocando a história aos poucos, e com um grande tino para captar imagens, como o conturbado nascimento do filhote de camelo e uma fortíssima tempestade de areia e suas conseqüências.
Se a primeira parte do filme correspondia às nuances do estilo de vida daquele povo, que certamente tem o toque de sensibilidade da diretora Davaa, natural do país, a segunda parte é marcada por um olhar vindo de fora. Os dois irmãos saem da comunidade culturalmente fechada do deserto e, à medida que vão se aproximando da cidade, diferenças marcantes começam a aparecer, em especial a presença de postes de energia. Tendo energia elétrica você pode ter uma televisão, e assim, estar conectado ao mundo exterior, e o fascínio do pequeno Ugna pelo novo mundo é claro, ele que é o mais novo e o menos enraizado na própria cultura. Esta silenciosa ocidentalização do oriente é um dos maiores problemas do continente, e já fora alertado em outros trabalhos no cinema.
Quem espera um filme lento e com fortes questões irá se decepcionar; os planos são curtos e o ritmo flui bem tranquilamente. Ele também se isenta de julgamentos, preferindo deixar a realidade falar por si.
É um documentário leve, descompromissado e belo a respeito de uma família de habitantes do deserto e sua cultura milenar. E, além disso, ainda tem um final comovente.
Avaliação: ****

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