sábado, 6 de maio de 2006

Camelos Também Choram

Título original: The Story of Wepping Camel
País: Alemanha/Mongólia
Ano: 2005
Gênero: Documentário
Duração: 87 min
Direção: Byambasuren Davaa e Luigi Falorni
Elenco: Janchiv Ayurzana, Chimed Ohin, Amgaabazar Gonson, Zeveljamz Nyam, Ikhbayar Amgaabazar, Odgerel Ayusch, Enkhbulgan Ikhbayar, Uuganbaatar Ikhbayar, Guntbaatar Ikhbayar e Munkhbayar Lhagvaa.

Sinopse: primavera no deserto de Gobi, sul da Mongólia. Uma família de pastores nômades assiste ao nascimento de uma manada de filhotes de camelo. Uma das camelas tem grande dificuldade no parto, mas, com a ajuda da família, dá a luz a um raro filhote albino. Apesar dos esforços dos pastores, a mãe rejeita o filhote recém-nascido, recusando-se, friamente, a amamentá-lo e a lhe dar o amor materno. Quando todas as esperanças para o pequeno filhote parecem ter desaparecido, os nômades enviam dois jovens em uma jornada através do deserto em busca de um músico... Finalmente, o violinista chega ao acampamento e segue-se um belo e comovente ritual. O som de um violino arcaico, cujas cordas são feita de crina de cavalo, e o canto melódico de uma das mulheres do local, mexem com o coração da mamãe-camela. Quando seu filhote é, novamente, levado a ela, ela chora e, finalmente, aceita-o, dando-lhe o leite que precisa para sobreviver.
Crítica: este raro exemplar da Mongólia não ganhou nenhum prêmio de grande expressão, não é recostado em nenhum nome de peso (são dois diretores estreantes) e não conta nenhuma estória emocionante e complexa, típica de filmes de festivais. É apenas um filme simples e encantador.
No meio do vasto Deserto de Gobi, no sul da Mongólia, quatro gerações de criadores de ovelhas vivem numa pequena aldeia. É época da cria de camelos, animal bastante estimado na região, principal meio de transporte dos nômades e provedor de lã.
A primeira parte do documentário é focada, em especial, na relação da família, e demora a engatar. Após um breve monólogo sobre a lenda dos camelos, somos apresentados à família aos poucos, seus membros e modo de vida, e só ao final da projeção é que temos uma noção mais clara de quem é quem na hierarquia. Na verdade, o grande foco é a relação cultural da trupe, sendo este breve problema com os camelos apenas mais um momento da vida no deserto.
A câmera está a favor dos habitantes, e vai retocando a história aos poucos, e com um grande tino para captar imagens, como o conturbado nascimento do filhote de camelo e uma fortíssima tempestade de areia e suas conseqüências.
Se a primeira parte do filme correspondia às nuances do estilo de vida daquele povo, que certamente tem o toque de sensibilidade da diretora Davaa, natural do país, a segunda parte é marcada por um olhar vindo de fora. Os dois irmãos saem da comunidade culturalmente fechada do deserto e, à medida que vão se aproximando da cidade, diferenças marcantes começam a aparecer, em especial a presença de postes de energia. Tendo energia elétrica você pode ter uma televisão, e assim, estar conectado ao mundo exterior, e o fascínio do pequeno Ugna pelo novo mundo é claro, ele que é o mais novo e o menos enraizado na própria cultura. Esta silenciosa ocidentalização do oriente é um dos maiores problemas do continente, e já fora alertado em outros trabalhos no cinema.
Quem espera um filme lento e com fortes questões irá se decepcionar; os planos são curtos e o ritmo flui bem tranquilamente. Ele também se isenta de julgamentos, preferindo deixar a realidade falar por si.
É um documentário leve, descompromissado e belo a respeito de uma família de habitantes do deserto e sua cultura milenar. E, além disso, ainda tem um final comovente.
Avaliação: ****

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