O Jovem Ahmed (Le Jeune Ahmed)
País: Bélgica/França
Ano: 2019
Gênero: Drama
Duração: 84
min
Direção: Jean-Pierre
Dardenne e Luc Dardenne
Elenco: Idir
Ben Addi, Olivier Bonnaud, Myriem Akheddiou e Claire Bodson.
Sinopse: Ahmed (Idir Ben Addi) é um menino muçulmano de
13 anos de idade que vive na Bélgica. Seguindo as palavras de um imã local, e
inspirado nos passos do primo extremista, ele começa a rejeitar a autoridade da
mãe e da professora. Quando se convence de que a professora é uma pecadora por
ministrar um curso de árabe sem utilizar o Corão, Ahmed decide matá-la para
impressionar os líderes religiosos e agradar a Alá. Depois do ato, o
adolescente precisa lidar com as consequências.
Crítica: acompanhamos aqui a história de um
pré-adolescente seduzido pela interpretação radical do Alcorão.
Ahmed (Idir Ben Addi)
enxerga no imã uma figura paterna, alguém que o trate como um adulto em
potencial, ao contrário da mãe (Claire Bodson) com suas ordens e conselhos
protetores. Além disso, o garoto tem pressa de crescer e se encaixar em algum
grupo social. De personalidade tímida, ele encontra no núcleo radical do primo
um lar para acomodar sua virilidade. O protagonista é promovido ao status de
“homem da família”, razão pela qual o atalho das escrituras lhe parece tão
promissor.
Em casa, ele vê a mãe como
uma “infiel” por tomar uma taça de vinho; o irmão como um relapso por se preocupar
mais com a prática de esportes do que em rezar; e a irmã como uma prostituta por
simplesmente ter um namorado e o levá-lo para casa.
E pior: quer matar a
professora por ela ensinar palavras novas em árabe, presentes em canções, que não
estão no Alcorão.
A trama é clara em expor: o
que conduz Ahmed à violência e, principalmente, de que maneira agir com um
garoto nessa situação?
Os diretores são cuidadosos
ao abordar a religião muçulmana, destacando que o radicalismo é uma leitura
minoritária, e que esse tipo de desvio da norma também pode ser encontrado em
outras situações ou religiões – vide o exemplo dos colegas do centro de
detenção.
Lá ele tem oportunidades de
conhecer pessoas novas, de fazer atividades esportivas, de participar de trabalhos
comunitários. A ideia é criar uma rede de afetos para salvá-lo.
A obra, de forma
inteligente, tenta entender o que leva uma criança (entre a inocência e a arrogância)
a pensar em matar outra pessoa em nome de Alá.
O desfecho é um pouco decepcionante,
tendo em vista a mudança abrupta das convicções de Ahmed, que dificilmente se
daria na vida real.
Avaliação: ***
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