sábado, 4 de janeiro de 2020

O Jovem Ahmed (Le Jeune Ahmed)


País: Bélgica/França
Ano: 2019
Gênero: Drama
Duração: 84 min
Direção: Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne
Elenco: Idir Ben Addi, Olivier Bonnaud, Myriem Akheddiou e Claire Bodson.

Sinopse: Ahmed (Idir Ben Addi) é um menino muçulmano de 13 anos de idade que vive na Bélgica. Seguindo as palavras de um imã local, e inspirado nos passos do primo extremista, ele começa a rejeitar a autoridade da mãe e da professora. Quando se convence de que a professora é uma pecadora por ministrar um curso de árabe sem utilizar o Corão, Ahmed decide matá-la para impressionar os líderes religiosos e agradar a Alá. Depois do ato, o adolescente precisa lidar com as consequências.

Crítica: acompanhamos aqui a história de um pré-adolescente seduzido pela interpretação radical do Alcorão.
Ahmed (Idir Ben Addi) enxerga no imã uma figura paterna, alguém que o trate como um adulto em potencial, ao contrário da mãe (Claire Bodson) com suas ordens e conselhos protetores. Além disso, o garoto tem pressa de crescer e se encaixar em algum grupo social. De personalidade tímida, ele encontra no núcleo radical do primo um lar para acomodar sua virilidade. O protagonista é promovido ao status de “homem da família”, razão pela qual o atalho das escrituras lhe parece tão promissor.
Em casa, ele vê a mãe como uma “infiel” por tomar uma taça de vinho; o irmão como um relapso por se preocupar mais com a prática de esportes do que em rezar; e a irmã como uma prostituta por simplesmente ter um namorado e o levá-lo para casa.
E pior: quer matar a professora por ela ensinar palavras novas em árabe, presentes em canções, que não estão no Alcorão.
A trama é clara em expor: o que conduz Ahmed à violência e, principalmente, de que maneira agir com um garoto nessa situação?
Os diretores são cuidadosos ao abordar a religião muçulmana, destacando que o radicalismo é uma leitura minoritária, e que esse tipo de desvio da norma também pode ser encontrado em outras situações ou religiões – vide o exemplo dos colegas do centro de detenção.
Lá ele tem oportunidades de conhecer pessoas novas, de fazer atividades esportivas, de participar de trabalhos comunitários. A ideia é criar uma rede de afetos para salvá-lo.
A obra, de forma inteligente, tenta entender o que leva uma criança (entre a inocência e a arrogância) a pensar em matar outra pessoa em nome de Alá.
O desfecho é um pouco decepcionante, tendo em vista a mudança abrupta das convicções de Ahmed, que dificilmente se daria na vida real.

Avaliação: ***

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