Apagada (Izbrisana)
País: Eslovênia/ Croácia/ Sérvia
Ano: 2019
Gênero: Drama
Duração: 86 min
Direção: Miha Mazzini
Elenco: Judita Frankovic, Sebastian Cavazza e Izudin Bajrovic.
Sinopse: Ana (Judita Frankovic) dá à luz no hospital local e tudo ocorre bem. O único problema é que a ficha dela sumiu do computador, mas, de início, isso é considerado uma perda temporária de arquivos. Alguns dias depois, a moça é forçada a deixar a filha recém-nascida sozinha no hospital, sem o direito de visitá-la até que tudo esteja resolvido. De uma hora para a outra, Ana passa a ser uma estrangeira, sem documentos que comprovem que é uma cidadã eslovena. E, como legalmente ela não existe mais, sua filha se torna uma órfã, sendo mandada para a adoção.
Crítica: a guerra na Bósnia-Herzegóvina organizou territórios etnicamente e redefiniu as categorias étnico-nacionais – sérvia, croata e bosniac (muçulmana). Enquanto os soldados combatiam nas linhas de frente, inúmeras eram as atrocidades testemunhadas em outros campos de batalha: casas, vilas, cidades, campos de detenção e concentração e os campos de estupro. Faço neste artigo uma revisão da discussão acerca do estupro na guerra na Bósnia, como este pode ser visto como arma de guerra e um instrumento de limpeza étnica e de tentativa de extermínio.
No filme acompanhamos a jornada de Ana que dá à luz e tem sua filha retirada de seus braços. Inúmeras mentiras são contadas, mantendo-a presa no hospital e longa de sua filha até que ela descobre que não a verá mais. O desespero se instala.
Na guerra, ocorrida em 1993, as mulheres eram aprisionadas com o propósito de engravidar e só libertadas quando não pudessem mais realizar o aborto. A maioria que escapou pôde fazê-lo com segurança em algum hospital. As crianças filhas de estupros eram, geralmente, rejeitadas. Algumas mulheres contam que davam socos na barriga, ou que injetavam água quente pela vagina para tentar expelir o feto. A maioria das crianças nascidas foi entregue para a adoção.
Ainda que o horror da guerra não seja retratado no filme, mostra-se o pós-guerra e suas duras sequelas. Famílias separadas e destruídas sem qualquer justificativa. O silêncio é a lei.
Avaliação: ***
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