Indústria Americana (American Factory)
País: EUA
Ano: 2019
Gênero: Documentário
Duração: 115 min
Direção: Steven Bognar e Julia Reichert
Elenco: -
Sinopse: na cidade de Ohio, durante um grande momento pós-industrial, um chinês bilionário se aproveita de um terreno abandonado da General Motors para para criar a própria empresa no local, com a intenção de realizar uma grande mudança no cenário norte-americano. Com a contratação de mais de dois mil trabalhadores para as construções, as perspectivas para Ohio se amplificam.
Crítica: depois de relembrar rapidamente o fechamento de uma fábrica da General Motors em Dayton, Ohio, na ressaca da crise de 2008, que provocou demissões em massa, os diretores registram a segunda vida da fábrica, entre 2015 e 2017, quando uma companhia chinesa, fabricante de vidros automotivos, ocupa a instalação e contrata americanos para fazer o serviço ao lado de gerentes chineses. A inversão de valores se dá ao longo do filme, à medida em que os americanos notam, subjugados pelo capital chinês, para sua nova condição de mão de obra barata.
A dinâmica da relação entre a cultura americana e a chinesa passa a tomar conta do filme – com direito a uma aula do american way of life para os funcionários chineses que chegam para trabalhar na filial da gigante de vidros Fuyao, que substitui a fábrica de carros.
O filme é inteligente ao equilibrar a formalidade industrial com um interesse sincero pelas vidas. Assim, vê-se os trabalhadores americanos fora do ambiente de trabalho, toma-se conhecimento da vida deles para que, então, exista alguma aproximação que ceda um valor mais caloroso a tudo que se vê.
A convivência ganha ares de conflito devido às diferenças culturais. Os americanos julgam os chineses rígidos demais nas jornadas de trabalho; robotizados; desumanizados. Surge o estado melancólico das pessoas que sofrem um acidente de trabalho (alegando excesso de horas trabalhadas ou estarem sozinhas num setor onde antes havia mais gente) ou que são demitidas e um mal-estar generalizado diante do capitalismo. A consciência de classe ganha força.
Ao mesmo tempo, se vê do outro lado o espelhamento e a absorção da vida ocidental.
Vencedor do Oscar de Melhor Documentário em 2020, é uma obra que preconiza mudanças nas relações humanas e laborais no mercado de trabalho nos próximos anos.
Avaliação: ***
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