terça-feira, 12 de janeiro de 2016

A Terra e a Sombra (La Tierra y la Sombra)

País: Colômbia
Ano: 2015
Gênero: Drama
Duração: 97 min
Direção: César Acevedo
Elenco: Haimer Leal, Hilda Ruiz e Edison Raigosa.

Sinopse: Alfonso (Haimer Leal) volta para casa após 17 anos de ausência, devido à doença que seu filho sofre. A situação tem mobilizado toda a família, com a esposa dele e sua mãe trabalhando na plantação de cana de açúcar para conseguir o sustento financeiro necessário. Mesmo com Gerardo (Edison Raigosa) praticamente trancafiado em casa, já que todas as janelas permanecem sempre fechadas para que não entre poeira, ainda assim ele não apresenta melhora no estado de saúde. Diante da situação, a família busca algum meio de interná-lo.

Crítica: o longa-metragem acompanha uma família humilde, que vive em uma casa remota, próxima à plantação de cana de açúcar. É lá que um homem, com sérios problemas de saúde, mal consegue sair do quarto, tamanha sua fraqueza. Mais ainda: para que os problemas respiratórios não piorem, todas as janelas da casa ficam permanentemente fechadas, o que dá ao ambiente a sensação de uma prisão.
O diretor destaca a precariedade da vida ali existente. O desamparo surge não apenas na ausência de acompanhamento médico para o enfermo, como também pela distância da casa em relação a qualquer outro traço de civilização. O filme também retrata, mesmo que de forma superficial, os donos das plantações, típicos exploradores que exigem o máximo dos empregados, mas não cumprem o mínimo, como pagamento em dia. Apesar dessa denúncia contra tais abusos, o drama foca mesmo no sentimento de dor, de Gerardo (Edison Raigosa) e de todos que estão à sua volta, pela impossibilidade de fazer algo. A única solução é esperar. A primeira parte do filme é bastante contemplativas, repleta de silêncios e de imagens fortes. A fotografia é espetacular e, sem ela, o filme não seria o mesmo.
Destaque para a tocante (e desesperada) cena em que a esposa pede ajuda ao antigo chefe de seu marido, na plantação, e também para a sequência da queimada, impactante pelo gigantismo alcançado.
Um retrato bem produzido e contextualizado do sofrimento, quando todas as portas e janelas parecem estar fechadas.

Avaliação: ****

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Victoria

País: Alemanha
Ano: 2015
Gênero: Drama
Duração: 138 min
Direção: Sebastian Schipper
Elenco: Laia Costa, Frederick Lau e Franz Rogowski.

Sinopse: em um clube, Victoria (Laia Costa) conhece Sonne (Frederick Lau), que está no local com seus amigos, e, rapidamente, há uma forte conexão entre eles. Mas o ínicio do romance é interrompido quando o grupo de jovens é forçado a pagar uma antiga dívida. Victoria, impulsivamente, decide ajudá-los e entra no jogo como uma motorista. Mas o que começou como uma louca aventura pode se tornar um pesadelo. 

Crítica: “Uma garota. Uma noite. Uma cidade. E uma sequência de 118 minutos.” Assim é o filme alemão que concorreu à indicação para representar o país pelo Oscar de Filme Estrangeiro, mas perdeu para Labirinto de Mentiras.
O plano-sequência, com cortes invisíveis, impressiona não apenas pela capacidade de deixar o olhar “livre”, sem a manipulação da montagem, mas também por ser um recurso evidentemente difícil de realizar. Para o trabalho dar certo, foram três tentativas.
A dinâmica é incrível e a câmera segue Victoria (Laia Costa) saindo de uma casa noturna em Berlim, conhecendo quatro amigos, passeando pelas ruas, andando de bicicleta, indo para o alto de prédios, correndo da polícia, entrando em garagens –, tudo com o uso da iluminação natural.
Muita coisa acontece e não sabemos nunca o que está por vir. Cria-se a tensão necessária para prender a tensão do espectador, tanto que não parece se passar mais de duas horas de história.
Pode não ter tanto conteúdo, no entanto o formato do longa supera isso. Um drama sobre a juventude contado em um plano só.

Avaliação: ****

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A Marcha (La Marche)

País: França
Ano: 2013
Gênero: Drama
Duração: 120 min
Direção: Nabil Bem Yadir
ElencoOlivier Gourmet, Tewfik Jallab, Vincent Rottiers, Jamel Debbouze, Nader Boussandel, Philippe Nahon, M'Barek Belkouk, Lubna Azabal e Hafsia Herzi.

Sinopse: em 1983, quando a França era atormentada pela intolerância e atos de violência racial, três jovens e um Padre lançam uma marcha pacífica, em grande parte, pela igualdade e contra o racismo, de Marselha à Paris. Apesar das dificuldades e da resistência encontrada, o movimento desencadeia um aumento real da esperança, à maneira de Gandhi e Martin Luther King.

Crítica: “A Marcha” conta o protesto pacífico que percorreu mais de mil quilômetros pela França no final de 1983, mas o roteiro não poupa as falhas de caráter dos personagens.
Tudo começou quando o jovem de origem árabe Mohamed (Tewfik Jallab) tentou salvar um mendigo (Jamel Debbouze) da perseguição de um cachorro policial. Na confusão que o evento se transformou, o rapaz acaba baleado, uma vez que a ação da força policial é muitas vezes motivada por valores preconceituosos, como bem sabemos.
Depois que se recupera do ferimento, alguns amigos de Mohamed esperam que ele tome uma atitude, de preferência violenta. Entretanto, o rapaz opta por se inspirar em figuras como Martin Luther King e Mahatma Gandhi. Assim, nasce a Marcha contra o Racismo e pela Igualdade. O plano é sair da pequena cidade onde moram e caminhar pelo interior da França até chegar a Paris para um ato de grandes proporções.
Antes da chegada à capital, o protesto começa com um grupo pequeno e heterogêneo, que sofre ameaças racistas pelo caminho. O rabugento René (Philippe Nahon) está no carro de apoio. Ele é um empresário aposentado que só topou participar por causa da insistência do padre Dubois (Olivier Gourmet, de Dois Dias, Uma Noite). O religioso também é responsável por obter a autorização dos pais de Farid (M'Barek Belkouk) para que ele acompanhe a caminhada. O rapaz está acima do peso, mas bastante disposto a contribuir com seus passos.
Na primeira parada, unem-se ao bando Kheira (Lubna Azabal) e sua sobrinha Monia (Hafsia Herzi). As duas árabes representam bem o cuidado do filme em não ser cegamente parcial. A mulher mais velha fuma incessantemente e tem temperamento forte, com grande resistência em aceitar opiniões diferentes da sua. A mais jovem encanta Sylvain (Vincent Rottiers), um rapaz branco amigo de Mohamed. O amor entre os dois tem problemas para se concretizar, apesar de ambos serem ativistas contra preconceitos raciais.
No grupo também está a fotógrafa canadense Claire (Charlotte Le Bom), que segue a caminhada para realizar o registro. A moça também serve como acesso a outros temas, como o feminismo e a diversidade sexual. Seu melhor amigo dentro do bando é o músico Yazid (Nader Boussandel), que já teve passagens pela polícia. 
Isso deixa claro que o longa não esconde os desvios de caráter de seus personagens, tornando tudo mais humano. Há discussões acaloradas e vários conflitos, bem ao gosto dos franceses.
As contradições internas dos movimentos sociais também são bastante exploradas, como o caso do flerte proibido entre Sylvain e Monia. Há, ainda, visões diferentes e autoritárias de como protestar, rixas entre ativistas para impor pautas e disputas ególatras.
Nesse ponto, talvez exagere um pouco. Ao invés de um foco maior ou um certo aprofundamento em um determinado personagem, o diretor optou por abrir o leque e acontece que alguns personagens são dispensáveis e outros poderiam ter ganhado mais espaço.
A cobertura do evento em si é feita de forma leve, quase teatral. Um olhar mais sério poderia ter dado mais autenticidade à trama.

Avaliação: **

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