Lizzie
País: EUA
Ano: 2018
Gênero: Drama
Duração: 105
min
Direção: Craig
Macneill
Elenco: Chloë Sevigny,
Kristen Stewart, Jamey Sheridan, Fiona Shaw, Kim Dickens, Denis O'Hare e Andrew
Jennings.
Sinopse: em 1892, na Era Vitoriana, Lizzie Borden
(Chloë Sevigny) é uma mulher muito mais complexa e provocante do que a maioria
das moças de sua época. Íntima de sua empregada irlandesa, Bridget Sullivan
(Kristen Stewart), a jovem tem um lado aterrorizante desconhecido, mas quando
um duplo homicídio acontece na família, ela é a primeira suspeita. Baseado em
fatos reais.
Crítica: o caso de Lizzie Borden, acusada de assassinar
o pai e a madastra a sangue frio no dia 04 de agosto de 1892, em Massachusetts,
nos Estados Unidos é uma lenda na cultura americana e, mais uma vez, é
inspiração para o cinema. Já rendeu um curta-metragem (The Old Sister, de
1955), dirigido por Alfred Hitchcock, séries e filmes de TV e livros.
A atual adaptação faz
mudanças no enredo sugerindo um romance entre Lizzie (Chloë Sevigny) e a
empregada Bridget Sullivan (Kristen Stewart).
Lizzie, de família
abastada, vivia sobre o controle do pai Andrew Borden (Jamey Sheridan),
dominador, arrogante, avarento e, sobretudo, machista. Sob o mesmo teto, estão
a madrasta Abby (Fiona Shaw) e a irmã Emma (Kim Dickens). Ambas submissas ao
pai.
Lizzie é a única a
questionar e a confrontar os atos, as decisões e as ordens do pai.
Para ele, as filhas eram
solteironas e inúteis, sobretudo Lizzie que ainda tinha problemas de saúde. Ao
que tudo indica, seria epiléptica.
Seus únicos alívios para a
vida que detestava na casa dos pais era a literatura (adorava ler e, inclusive,
lecionava – apesar de esta última atividade não ser explorada no filme), o
teatro e, por fim, a chegada da nova empregada, Bridget, de quem se tornou
muito próxima.
Os maus tratos constantes
do pai, os abusos sexuais contra a empregada praticadas por ele e a descoberta
de que o testamento teria como herdeiro seu tio, John Morse (Denis O'Hare),
cínico, ganancioso e sem escrúpulos e sua madrasta Abby teriam sido as razões
de Lizzie ter matado os dois: pai e madrasta.
Ela é presa sob suspeita,
mas é inocentada por falta de provas. O filme é muito bem editado. Abre com a
cena dos corpos no chão, volta seis meses na história para retratar a chegada
da empregada, do seu envolvimento com Lizzie e o ambiente sufocante e
humilhante em que esta vivia, e fecha mostrando o planejamento das mortes e o
julgamento.
Na verdade, nunca se
comprovou se Lizzie foi realmente a assassina ou se foi outra pessoa, o que fez
do evento uma lenda. A imprensa explorou muito o caso na época. Os golpes dados
com uma machadinha tinham vestígio de sangue de pássaros e testemunhas teriam
visto Lizzie no jardim no momento do crime, assim como também tinham visto a
empregada limpando as janelas. Abby teria sido morta às 9h30 da manhã e Andrew,
às 11h.
Chloë Sevigny está perfeita
no papel de Lizzie. Sem dúvida, a melhor atuação de sua carreira. A forma como
ela desafia seu pai, olha para Brigdet, tem seus colapsos nervosos e,
particularmente, quando comete o assassinato, é incrivelmente convincente.
Já Kristen Stewart ainda
precisa se esforçar um pouco mais para perder os trejeitos de papeis
anteriores. Falta convencimento.
Mas a maior falha do filme,
apesar de ser um bom suspense, é não se aprofundar mais nos personagens e suas
motivações. Seria um excelente trailer psicológico sobre mulheres que estavam,
em muitos aspectos, à frente do seu tempo. É um filme breve, que foca mais no
assassinato em si. Não mostra, de fato, o que Lizzie pensava. Ela tinha uma
mente aberta, interessava-se pelas pessoas, preocupava-se com os mais humildes,
gostava de ajudar, de participar. No entanto, tinha um pai autoritário e
ditador.
Tendo herdado a fortuna do
pai, morreu aos 67 anos e seu dinheiro foi doado a instituições protetoras de
animais.
Mas é uma importante obra
que retrata, com louvor, o machismo da época, ainda vigente em muitos lugares
em pleno século XXI.
Avaliação: ***
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