O Bar da Luva Dourada (Der Goldene Handschuh)
País: Alemanha
Ano: 2018
Gênero: Drama
Duração: 110
min
Direção: Fatih
Akin
Elenco: Jonas
Dassler, Margarete Tiesel e Hark Bohm.
Sinopse: na década de 70, os habitantes da cidade de
Hamburgo sofrem quando os jornais começam a noticiar o desaparecimento
sucessivo de vários cidadãos seguindo um padrão específico. Começa, então, uma
das mais complexas investigações de assassinatos em série que o local já havia
presenciado até o momento.
Crítica: o serial killer em Hamburgo nos anos 1970 teve
sua história contada em livro, e agora, em filme.
O diretor Fatih Akin já tem
notoriedade em seus longas e, de forma bastante ousada, traz para o público um
trabalho completamente diferente dos anteriores.
Ele conta, de forma crua e
realista, a história de Fritz Honka (Jonas Dassler). O bar, no título do filme,
era constantemente frequentado por Honka e era lá que ele conseguia suas
vitimas.
Na primeira cena, já chocante,
ele tenta colocar um corpo de uma mulher gorda dentro de um saco e sai descendo
com ela escada abaixo. A cena causa agonia e só conseguimos ver o rosto do
assassino alguns minutos depois. É um bom início. A atuação do ator Jonas Dassler
é simplesmente excepcional, ainda mais considerando-se a transformação pela
qual passou; está irreconhecível.
O local era um antro de
bêbados, vagabundos e prostitutas. Prostitutas essas que, atraídas pela bebida
e dinheiro, acompanhavam o assassino até seu apartamento, onde eram mortas,
tinham seus corpos esquartejados e depois guardados em um buraco feito na
parede do local. O passado de Honka não é abordado (o único parente que ele tem
e que aparece na trama é seu irmão) e ele está longe de ser charmoso e ter
habilidades intelectuais e físicas. Ele é corcunda, manca, vive sujo, seus
cabelos são extremamente oleosos, é estrábico em um dos olhos e tem dentes podres.
Ele é apenas um bêbado que,
por ser extremamente feio, não consegue se relacionar ou mesmo fazer sexo.
De fato, o filme incomoda,
mas não tem uma violência tão explícita como a que o marketing promete. O
diretor, sabiamente, tira proveito da performance do ator para mostrar o que
basta para entendermos a brutalidade.
Honka sabe que nunca terá
uma vida normal. Ele até tenta em um certo momento: para de beber e arranja um
emprego. Lá ele encanta-se por uma moça que é casada. Assim que ele bebe, toda
a bestialidade surge novamente.
No decorrer da trama, é
normal sentir nojo e repulsa, afinal todo o ambiente corrobora para isso. O apartamento
de Honka é imundo, assim como o bar que ele frequenta. A cena do vômito quando
ele abre o compartimento onde estão as partes dos corpos que esquarteja é tão
real que imaginamos o cheiro terrível do local.
Ao final do longa, são
mostradas as imagens reais do assassino.
Uma direção sublime. Horror
e suspense legítimos.
Avaliação: ****