A Noite dos Desesperados (They Shoot Horses, Don’t they?)
País: EUA
Ano: 1969
Gênero: Drama
Duração: 129
min
Direção: Sydney
Pollack
Elenco: Jane
Fonda, Michael Sarrazin e Susannah York.
Sinopse: em 1929, em plena depressão americana, uma desumana
maratona de dança premiava o casal que resistisse por mais tempo na pista,
mesmo que isso representasse a morte para o vencedor. Baseado em romance de
Horace McCoy com título homônimo.
Crítica: adaptado do livro de Horace McCoy de 1935, o
título do filme soa estranho quando apenas pensamos no nome que ganhou no
Brasil – A Noite dos Desesperados. Mas em inglês (“They Shot Horses, Don’t
They”) é uma metáfora que nos remeterá, ao final da projeção, ao absurdo da
condição humana – à conclusão de que a vida daqueles deserdados, participantes
por dias a fio da maratona, em sua maioria vencidos pelo cansaço e pela dor,
não vale mais que a vida de um animal ferido em acidente.
O livro tornou-se um dos
prediletos dos filósofos e escritores existencialistas franceses que viam na
obra não só uma alusão ao pior que o capitalismo americano poderia produzir,
mas também um mergulho nas motivações humanas para fazer frente a momentos de
dor e desespero. Até Charles Chaplin, que havia comprado os direitos do livro,
pensava fazer um filme sobre a obra.
Jane Fonda (Gloria) e
Michael Sarrazin (Robert) compõem o núcleo central do filme de Sydney Pollack,
formando um dos casais que viveram aquele vale-tudo. A bela sequência de
abertura é um ato premonitório no filme, que faz referência ao ato de
sacrificar o animal ferido para que ele não sofra mais.
Por três refeições por dia,
a promessa de um prêmio de 1.500,00 dólares e algumas moedas jogadas pela
plateia, dezenas de casais desesperados em plena Grande Depressão dos anos 1930
nos EUA decidem participar de um concurso de danças em um velho salão em
Chicago. Na verdade será uma desumana maratona de seis dias até que o último
casal sobreviva após passar por dores físicas, desconforto, humilhações e
indignidades, monitorados por médicos e enfermeiras cujo papel básico é o de
manter os participantes de pé à todo custo para manter a adrenalina do show.
Seu mestre de cerimônias e
empresário chamado Rocky (Gig Young, premiado com um Oscar de ator
coadjuvante), filho de um charlatão que fazia shows de simulação de curas em
parques de diversão, usará as lições aprendidas para manipular emocionalmente
os participantes: “isso não é um concurso, é show. As pessoas não estão nem aí
para o vencedor. Querem ver um pouco de sofrimento para que se sintam melhor!”,
dispara cinicamente Rocky a certa altura do filme.
A narrativa é repleta de
pequenos dramas pessoais amplificados pela depressão econômica e desemprego:
uma mulher grávida e seu marido que veem no grande prêmio a esperança de dar
uma vida digna ao futuro filho; uma fútil atriz que vive a esperança de que na
plateia esteja um caçador de talentos de Hollywood; um orgulhoso marinheiro
veterano da I Guerra Mundial que tenta provar que ainda é capaz; uma mulher amarga e sobrevivente das ruas vê seu parceiro desistir por motivos de saúde na
última hora.
As cenas são extremamente realistas, o que só contribui para a valorização da trama. E o final é arrebatador.
As cenas são extremamente realistas, o que só contribui para a valorização da trama. E o final é arrebatador.
Sem dúvida, uma obra marcante
que escancara as crises sociais e as condições humanas.
Avaliação: ****
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