quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

O Apartamento (Forushande)

País: Irã
Ano: 2016
Gênero: Drama
Duração: 106 min
Direção: Asghar Farhadi
Elenco: Shahab Hosseini, Taraneh Alidoosti, Babak Karimi e Mina Sadati.

Sinopse: Emad (Shahab Hosseini) e Rana (Taraneh Alidoosti) são casados e encenam a montagem de uma peça teatral. Um dia, eles são surpreendidos com o alerta para que eles e todos os moradores do prédio em que vivem deixem o local imediatamente. O problema é que, devido a uma obra próxima, todo o prédio corre o risco de desabamento. Diante deste problema, Emad e Rana passam a morar, provisoriamente, em um apartamento emprestado. É lá que Rana é surpreendida com a entrada de um estranho no banheiro, justamente quando está tomando banho. O susto faz com que ela se machuque seriamente e vá parar no hospital. Entretanto, é o trauma do ocorrido que afeta, cada vez mais, suas vidas.

Crítica: Asghar Farhadi conduz ótimos suspenses. Seu filme “A Separação” foi o vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, em 2012, e o primeiro longa iraniano a levar tal premiação.
Com uma estrutura mais clássica e uma direção mais contida do que em trabalhos anteriores, acompanhamos aqui a história pelo ponto de vista de Emad (Shahab Hosseini, em excelente performance), professor e ator amador, obrigado a buscar um novo apartamento quando o edifício onde mora corre o risco de desabar. Assim que adota outro lar, a esposa Rana (Taraneh Alidoosti) é agredida em sua casa por um desconhecido. Na sociedade machista onde moram, o marido sente-se tão desonrado quanto a própria esposa, e busca vingança.
Emad parece pouco solidário à esposa ferida e segue com suas tarefas de professor e os ensaios de teatro (com a peça “A Morte de um Caixeiro Viajante”, de Arthur Miller), onde dividia o palco com a esposa até antes do ocorrido. Seu único foco é descobrir quem foi o agressor.
Pela primeira vez em sua filmografia, as mulheres recebem menos atenção que os homens, tanto em desenvolvimento de personagem quanto em força narrativa. A questão da honra, tão importante em sociedades regidas pela religião, é vista principalmente pelo “direito” masculino de preservar a esposa para si. A trama guarda algumas críticas a esta estrutura – Rana desfere duas falas ferozes no que diz respeito ao descaso de Emad.
Outra crítica suave surge durante os bastidores da peça teatral, quando aborda-se a questão da censura do texto.
Apesar do discurso político mais brando, a história nos traz um conflituoso embate entre dois homens, movidos pelos valores de uma sociedade machista e conservadora.

Avaliação: ***

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