O Apartamento (Forushande)
País: Irã
Ano:
2016
Gênero: Drama
Duração: 106
min
Direção: Asghar
Farhadi
Elenco: Shahab
Hosseini, Taraneh Alidoosti, Babak Karimi e Mina Sadati.
Sinopse: Emad (Shahab Hosseini) e Rana (Taraneh
Alidoosti) são casados e encenam a montagem de uma peça teatral. Um dia, eles são surpreendidos com o
alerta para que eles e todos os moradores do prédio em que vivem deixem o local
imediatamente. O problema é que, devido a uma obra próxima, todo o prédio corre
o risco de desabamento. Diante deste problema, Emad e Rana passam a morar,
provisoriamente, em um apartamento emprestado. É lá que Rana é surpreendida com
a entrada de um estranho no banheiro, justamente quando está tomando banho. O
susto faz com que ela se machuque seriamente e vá parar no hospital.
Entretanto, é o trauma do ocorrido que afeta, cada vez mais, suas vidas.
Crítica: Asghar Farhadi conduz ótimos suspenses. Seu filme
“A Separação” foi o vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, em 2012, e o
primeiro longa iraniano a levar tal premiação.
Com uma estrutura mais
clássica e uma direção mais contida do que em trabalhos anteriores, acompanhamos
aqui a história pelo ponto de vista de Emad (Shahab Hosseini, em excelente
performance), professor e ator amador, obrigado a buscar um novo apartamento
quando o edifício onde mora corre o risco de desabar. Assim que adota outro
lar, a esposa Rana (Taraneh Alidoosti) é agredida em sua casa por um
desconhecido. Na sociedade machista onde moram, o marido sente-se tão desonrado
quanto a própria esposa, e busca vingança.
Emad parece pouco solidário
à esposa ferida e segue com suas tarefas de professor e os ensaios de teatro (com
a peça “A Morte de um Caixeiro Viajante”, de Arthur Miller), onde dividia o palco com a esposa
até antes do ocorrido. Seu único foco é descobrir quem foi o agressor.
Pela primeira vez em sua
filmografia, as mulheres recebem menos atenção que os homens, tanto em
desenvolvimento de personagem quanto em força narrativa. A questão da honra,
tão importante em sociedades regidas pela religião, é vista principalmente pelo
“direito” masculino de preservar a esposa para si. A trama guarda algumas
críticas a esta estrutura – Rana desfere duas falas ferozes no que diz respeito
ao descaso de Emad.
Outra crítica suave surge
durante os bastidores da peça teatral, quando aborda-se a questão da censura do
texto.
Apesar do discurso político
mais brando, a história nos traz um conflituoso embate entre dois homens,
movidos pelos valores de uma sociedade machista e conservadora.
Avaliação: ***
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