quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

A Pé Ele Não Vai Longe (Don’t Worry, He Won’t Get Far On Foot)

País: EUA
Ano: 2018
Gênero: Drama, Biografia
Duração: 113 min
Direção: Gus Van Sant
Elenco: Joaquin Phoenix, Jonah Hill, Rooney Mara, Jack Black e Carrie Brownstein.

Sinopse: John Callahan (Joaquin Phoenix) é um homem conturbado que, bêbado, bate de carro e sofre um grave acidente. Tetraplégico, ele transforma sua vida, tornando-se um dos cartunistas mais improváveis, ácidos e perseverantes do mundo, usando as limitações físicas para desenvolver uma carreira artística com a ajuda de sua namorada e de um simpático padrinho.

Crítica: John Callahan (Joaquin Phoenix) enfrentou o alcoolismo durante muitos anos. Devido à embriaguez constante, pega o carro ao lado de um amigo igualmente bêbado. Eles batem o veículo, John perde o movimento das pernas. A válvula de escapa após o trauma se encontra no desenho de quadrinhos irônicos, brincando com o racismo, a sexualidade e a própria deficiência. O homem perdido na vida ganha voz e torna-se um ídolo para algumas pessoas, mas ainda visto como um desenhista desrespeitoso para outros.
A montagem usa a cronologia fragmentada: vemos o personagem numa cadeira de rodas, depois voltamos ao acidente, em seguida descobrimos a sua vida comum com a paralisia, então retornamos ao primeiro encontro no grupo de ajuda após o acidente. As peças se montam de maneira livre, sem letreiros ou outros recursos do tipo. Ao quebrar a linearidade, a comédia também dilui o efeito de causa e consequência tão pesado em histórias de tragédia. Fica mais difícil dizer “isso aconteceu porque John agiu desta maneira”, ou “nada teria acontecido se John não tivesse tomado outra atitude”. Os personagens são muito mais do que os seus atos no momento específico do acidente.
O diretor Gus Van Sant traz lições de vida por meio de discursos em um teatro (qdo John fala para o público) e em grupos de terapia (com o terapeuta Donnie – vivido por Johan Hill) ao falar de sua história 
O espectador jamais será realmente provocado ou perturbado. Os quadrinhos hilários de Callahan, utilizados na passagem entre as cenas, ajudam a quebrar qualquer incômodo, e as atuações minimizam o peso do trauma. Joaquin Phoenix, ator bastante versátil, se sai muitíssimo bem como homem paralisado, mas ainda irresponsável e brincalhão, enquanto Jonah Hill revela-se na performance um líder espiritual gay, ora bastante autoritário, ora muito permissivo.
Mas é um filme morno, na avaliação geral. Tem seu recado a dar, porém longe de ser uma história marcante.

Avaliação: ***

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