sábado, 22 de dezembro de 2018

Colette


País: EUA/Reino Unido
Ano: 2018
Gênero: Drama
Duração: 111 min
Direção: Wash Westmoreland
Elenco: Keira Knightley, Dominic West e Eleanor Tomlinson.

Sinopse: Colette (Keira Knightley) é uma romancista francesa que sofre com seu casamento abusivo e com seu parceiro que tenta ganhar créditos sobre suas obras de maneira ilegal. Para superá-lo, ela emerge como uma grande escritora em seu país e, por conseguinte, como uma candidata ao Prêmio Nobel em Literatura.

Crítica: "Colette" é um filme sobre o papel protagonista da mulher na sociedade que usa bem a escritora francesa como veículo de divulgação do papel da mulher na sociedade (à época, 1873). Pode-se facilmente dizer que Sidonie Gabrielle Colette, a autora, foi, ela mesma, tão integral à emancipação feminina que sua história e a mensagem passada se confundem.
Focando no começo da carreira da futura escritora, vivida por Keira Knightley (sem dúvida, em sua melhor performance no cinema), vemos rapidamente suas raízes camponesas, na região da Borgonha, e seu casamento com Henry Gauthier-Villars (Dominic West), então já um autor conhecido em Paris, que escreve sob o codinome de Willy e que a leva para a cidade grande. O que vemos a seguir é centrado na relação dos dois, ele o típico cafajeste, mas com ideias e conceitos interessantemente progressistas e ela adaptando-se a uma realidade que não imaginava, literalmente desabrochando para um mundo novo, mas dominado pelo sexo masculino.
Henry Gauthier-Villars também tem uma ótima atuação, criando uma fusão perfeita entre o odiável e o irresistível, entre o cafajeste e o simpático e cativante.
Apesar de as atitudes de Willy (diante de sua esposa serem nada corretas, o roteiro faz um grande esforço para demonstrar que existia uma forte ligação intelectual que os une. Colette se vê gratificada e feliz com o sucesso dos livros protagonizados por sua personagem autobiográfica Claudine, ainda que Willy seja reconhecido como o autor. Mesmo considerando os abusos do marido, como o famoso momento em que ele a tranca no escritório só deixando que ela saia de lá depois de escrever um número considerável de páginas, parece ter existido uma relação simbiótica por um bom tempo, a ponto de Colette, mais tarde, ter reconhecido que Claudine não existiria se não fosse Willy.
Ele exige mais e mais. Os livros, um após o outro, são uma sensação. Participando de eventos e festas no círculo parisiense, Colette começa a expor seus sentimentos livremente, demonstrando interesse por mulheres e não esconde isso de  Willy.
A reconstrução de época também vale destaque, com diversas filmagens em locação em Paris, cidade fotogênica por si só e preparada naturalmente para lidar com uma fotografia do início do século XX. Os figurinos evoluem harmonicamente, de acordo com os momentos de Colette, em seu amadurecimento intelectual e pessoal.
A falha do longa está no fato de ser falado integralmente em inglês britânico, apesar de se passar completamente na França, algo que fica ainda mais evidente quando a narração em off de Knightley é utilizada quando Colette escreve em francês.
Mas, no geral, é uma obra bem dirigida e que deixa uma mensagem marcante, inclusive para os dias atuais.

Avaliação: ****

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