sábado, 8 de dezembro de 2018

Henfil


País: Brasil
Ano: 2017
Gênero: Documentário
Duração: 103 min
Direção: Ângela Zoé
Elenco: -

Sinopse: o documentário registra uma proposta curiosa feita a uma turma de jovens animadores: tentar trazer para a atualidade as obras do cartunista, jornalista e ativista brasileiro Henfil. Além desse processo, o filme traz depoimentos de amigos e revelações sobre como o artista hemofílico lidava com sua doença e utilizava seus desenhos como instrumento de luta contra a censura política de sua época.

Crítica: o documentário é completo e digno do legado deixado por Henfil. Um artista rebelde, crítico, inquieto, sincero e com um carisma incrível. Bem articulado, sabia expor suas ideias em palavras e nos desenhos.
Seu risco, considerado único por seus colegas e amigos, era impossível de ser copiado. A inspiração para suas histórias vinha da vida real. Lia muito e acompanhava tudo o que se passava no país.
No Pasquim, ele driblava a crítica. Não foi preso como alguns de seus companheiros foram. Alguns acreditam que talvez tenha sido pelo fato de ser hemofílico, assim como seus dois irmãos – o sociólogo Betinho e o músico Chico Mário.
O cartunista, quadrinista, jornalista e escritor brasileiro teve sua carreira como ilustrador iniciada em 1964.
A partir de 1969, passou a colaborar com o Jornal do Brasil e com O Pasquim. Nessas publicações, seus personagens atingiram um grande nível de popularidade. Já envolvido com a política do país, Henfil criou em 1970 a revista Fradim, que tinha como marca registrada o desenho humorístico, crítico e satírico, com personagens tipicamente brasileiros.
Com o advento do AI-5 — garantindo a censura dos meios de comunicação, e os órgãos de repressão prendendo e torturando os "subversivos" —, Henfil, em 1972, lançou a revista Fradim pela editora Codecri, que tornou seus personagens conhecidos. Além dos fradinhos Cumprido e Baixim, a revista reuniu a Graúna (a bem-humorada e popular personagem), o Bode Orelana, o nordestino Zeferino e, mais tarde, Ubaldo, o paranoico.
Henfil envolveu-se também com cinema, teatro, televisão (trabalhou na Rede Globo, como redator do extinto programa TV Mulher) e literatura, mas ficou marcado mesmo por sua atuação nos movimentos sociais e políticos brasileiros.
Tentou seguir carreira nos Estados Unidos, onde passou dois anos em um tratamento de saúde, mas seus desenhos não foram bem aceitos por lá.
Tudo isso é mostrado no documentário que nos presenteia, ao final, com um desenho criado por estudantes admiradores de Henfil, usando seus próprios personagens.
Com excelentes entrevistas, imagens de arquivo e recursos gráficos, o espectador é surpreendido com um trabalho criativo e muito bem produzido.

Avaliação: ****

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