Querido Menino (Beautiful Boy)
País:
EUA
Ano: 2018
Gênero: Drama
Duração: 112
min
Direção:
Felix Van Groeningen
Elenco: Steve Carell,
Timothée Chalamet, Maura Tierney, Amy Ryan e Jack Dylan Grazer.
Sinopse: David Sheff (Steve Carell) é pai de Nic Sheff
(Timothée Chalamet), que é viciado em metanfetamina. Sheff precisa lidar com a
situação do filho e lutar para encontrar uma forma de recuperação.
Crítica: inspirado no livro de mesmo título escrito por
David Sheff que conta a sua história e a de seu filho Nic, alcoólatra e viciado
em drogas.
David (Carell) é um
consagrado jornalista, com textos publicados na revista Rolling Stone e no jornal
New York Times. Vive com a esposa e seus três filhos. O mais velho, Nic
(Chalamet), fruto do primeiro casamento de David, está prestes a entrar para a
universidade. No entanto, o consumo excessivo de drogas afeta drasticamente o
seu cotidiano e o relacionamento com o pai.
Pelos flashbacks percebemos
o amor e o carinho incondicional do pai, a educação e a atenção dadas ao filho.
São cenas que dificultam mais ainda o entendimento da escolha feita por Nic.
Ele tem um lar, amor, uma família. Todos o querem bem. O pai é compreensivo com
os atos e erros do filho, o interna em clínicas, o escuta, conversa com ele (os
momentos que envolvem os dois são os melhores da trama), procura médicos, faz
pesquisas sobre as drogas e até experimenta (para poder entender os efeitos) a que
o está destruindo: a metanfetamina – que vicia mais que heroína e destrói o organismo mais que
o crack. A droga tem sido cada vez mais procurada por jovens do mundo inteiro
por seus efeitos de euforia e excitação sexual.
Da excelente relação entre
pai e filho passamos a ver a destruição da família, as ausências e os desaparecimentos
do filho, o desespero do pai e a sua dor de se sentir impossibilitado e/ou incapaz
de ajudar. É doloroso também ver Nic, de fato, arrependido de ter as recaídas
após cada internação e decepcionar a si mesmo e a seu pai.
O filme não aponta vilões ou
culpados, nem demoniza os viciados. A narrativa tem o papel de expor o quanto
uma família se deteriora quando não consegue, apesar de todo o amor e cuidado,
salvar alguém que ama. A dependência química do filho leva todos para uma lugar
escuro e sombrio, onde a esperança acaba sendo vencida pela desistência.
O diretor e roteirista (o
mesmo do excelente “Alabama Monroe”) é competente ao retratar a triste história,
apesar de tudo, sem apelar para o melodrama. Revela um pouco sobre as clínicas
de reabilitação, suas táticas e tratamentos e números nada otimistas de
recuperação, sobretudo no caso do vício em drogas sintéticas – anfetaminas,
metanfetaminas, ecstasy. O uso de metanfetamina a longo prazo pode causar danos
irreversíveis: aumento do batimento cardíaco e da pressão sanguínea, danos nos
vasos sanguíneos cerebrais que podem causar derrames ou batimentos cardíacos
irregulares que podem causar, por sua vez, colapso cardiovascular ou morte e
danos cerebrais, incluindo perda de memória e incapacidade para entender
pensamentos abstratos.
Um dos apelos de Nic ao telefone
é extremamente comovente e Carell já não tem mais forças para ouvi-lo. Ele
precisa cuidar de seus outros dois filhos e de sua esposa atual.
As atuações de Steve Carell
e de Timothée Chalamet são dignas de Oscar (ainda que não tenham sido
indicados). Carell desempenha o melhor papel de sua carreira, demonstrando uma
sensação de impotência para tentar ajudar seu querido filho. Timothée faz uma
transformação incrível de quando está lúcido para quando passa a se drogar
novamente (hiperatividade,
aumento de agressividade e irritabilidade), sem falar no esforço físico
(teve que perder vários quilos para o personagem).
“Beautiful Boy” (título original)
é o nome da canção (de John Lennon feita para o seu filho Sean) presente no
longa-metragem.
O filme não aponta soluções,
mas exemplifica o que é ter um problema como esse em casa e é humano ao mostrar
a dor de todos os envolvidos.
Avaliação:
****
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