Virunga
País: Reino
Unido/Congo
Ano: 2014
Gênero: Documentário
Duração: 100
min
Direção: Orlando
von Einsiedel
Elenco: -
Sinopse: na República Democrática do Congo fica o
Parque Nacional de Virunga, espaço que abriga o restante dos gorilas da
montanha existente no mundo. Uma pequena equipe de guardas florestais protege o
parque das milícias, das empresas interessadas em explorar o petróleo da região
e de desastres naturais.
Crítica: desde 1968, o Congo sofre uma sucessão de
conflitos e raríssimos e curtos períodos de paz. O Exército dá um golpe de Estado,
presidente é assassinado, junta militar assume, ditadores assumem o poder, milícias
mandam e desmandam, o exército vai embora e deixa a população à mercê da violência.
O governo corrupto, simplesmente, se omite.
O documentário retrata o Parque
Nacional de Virunga (mais antigo da África, fundado em 1925 por autoridades
coloniais belgas) e seus heróis guardas-florestais.
Nos últimos 20 anos, 170 guardas
já foram mortos em emboscadas. Os
autores? Grupos de rebeldes armados (M23), bandidos locais e milícias “Mai Mai”
de autodefesa e caçadores ilegais. Mais recentemente, a pressão contra eles e
contra o parque aumentou: a empresa britânica SOCO pretende explorar petróleo
na área preservada.
É doloroso assistir a um
retrocesso na questão de preservação da fauna (gorilas, elefantes, hipopótamos,
antílopes, pássaros) e flora local. É comovente ver o carinho dos tratadores
com os 4 últimos gorilas das montanhas (os caçadores matam os machos adultos).
Em uma das imagens é mostrada a chacina de 9 gorilas. O diretor do parque é um
militar belga. Idealista, acredita que pode resistir ao ataque dos rebeldes.
Uma jornalista francesa
documenta tudo e investiga membros da SOCO. Grava conversas comprometedoras. O guarda-florestal
Rodrigue também filma e grava conversas com militares e membros do governo já
comprados pela empresa exploradora de petróleo. Fecham os olhos para o que será
feito em troca de dinheiro, sempre mais dinheiro.
Não há nenhuma preocupação com
o crescimento e o desenvolvimento do país, com a educação das crianças, com a
renda das pessoas, com oportunidades para os jovens, com a melhoria da qualidade
de vida dos vilarejos.
É revoltante, é nauseante, é
lamentável, ver como homens poderosos continuam agindo como se estivessem no século
passado. O mesmo modo exploratório que destruiu a África se mostra presente novamente.
O parque ainda existe e
resiste. Mas até quando? A instabilidade é grande.
Alguns membros da SOCO
foram afastados. Mas ela insiste em dizer que não interferirá na área preservada
e que os seus interesses são os mais honestos e nobres possíveis.
Uma história de poder e submissão,
já vista tantas vezes...
Um filme incrivelmente
documentado que resume um pouco o que é viver no Congo, as dificuldades
impostas à população por jovens recrutados para milícias que espalham o terror,
um governo completamente fadado à corrupção e um exército sem qualquer poder de
atuação para impedir as mortes violentas, a destruição de vilarejos e
assentamentos de refugiados (de Uganda, outro país arrasado pelas guerras), o
estupro de mulheres, o medo crescente de pessoas que perdem tudo, até a
dignidade.
O diretor do filme venceu o
Oscar de melhor documentário de curta-metragem na edição de 2017 pelo trabalho
na obra “The White Helmets” (Os Capacetes Brancos).
Avaliação:
****
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