Dor e Glória (Dolor y Gloria)
País: Espanha
Ano: 2019
Gênero: Drama
Duração: 112
min
Direção: Pedro
Almodóvar
Elenco: Antonio
Banderas, Asier Etxeandia, Penélope Cruz e Leonardo Sbaraglia.
Sinopse: Salvador Mallo (Antonio Banderas) é um
melancólico cineasta em declínio que se vê obrigado a pensar sobre as escolhas
que fez na vida quando seu passado retorna. Entre lembranças e reencontros, ele
reflete sobre sua infância na década de 1960, seu processo de imigração para a
Espanha, seu primeiro amor maduro e sua relação com a escrita e com o cinema.
Crítica: “Dor e Glória” ganhou o prêmio de Melhor Ator
para Antonio Banderas, que interpreta um diretor de cinema em declínio após um
período produtivo. As diversas dores no corpo, principalmente em suas costas e
na cabeça, a ansiedade e a depressão o impossibilitam de trabalhar, por
roubarem-lhe a energia e dificultarem que haja o foco necessário para produzir
um novo filme. Solitário, ele passa a relembrar sua vida e carreira desde sua
infância na cidade de Valência, nos anos 60.
A figura de Salvador Mallo
representa o diretor do longa, Pedro Almodóvar. A obra, extremamente intimista,
revela suas conquistas, alegrias, frustrações, arrependimentos, tristezas,
enfim, suas dores e glórias.
Após a restauração de um de
seus filmes clássicos e um convite para um bate papo com o público, Salvador
procura seu ator principal, Alberto (Asier Etxeandia), para fazer as pazes,
depois de terem brigado 30 anos atrás. Quando Alberto entra na vida de
Salvador, ele também compartilha seu vício de heroína. Essa válvula de escape
lhe oferece momentos de reflexão: é como se precisasse dar uns passos para trás
(em seu passado) para poder seguir em frente.
As sequências em flashback mostram
sua infância, a forte presença protetora da mãe (interpretada por Penélope
Cruz), a vontade de estudar, a já inclinação para a leitura, o cinema e a arte,
os primeiros desejos.
Nessas lembranças percebe
como sente falta das pequenas coisas que deixou passar.
Como de costume, exalta a
figura da mãe e mulher.
Banderas proporciona uma
das performances mais inesquecíveis de sua carreira. É impressionante como o diretor
consegue extrair tudo do ator. A cena do reencontro com o ex-amante Federico (Leonardo
Sbaraglia) é inesquecível. Os diálogos simples, os olhos lacrimejantes de
Salvador e um sorriso sem jeito são tão naturais que podemos sentir os
sentimentos e as emoções de Almodóvar. É simplesmente comovente.
Outra excelente cena é a do
monólogo interpretado por Alberto num texto chamado O Vício, que é quase uma
confissão de amor de Salvador pelo seu ex-amante. Aliás, é disso que o filme
trata: de amor, de sentimentos guardados ou feridos, de momentos marcantes, de
palavras não ditas ou ditas em excesso.
Na parte técnica, Pedro
Almodóvar sempre oferece o melhor em design artístico. As cores vibrantes nas
roupas, nos objetos e nas roupas e os quadros de arte são incrivelmente
harmoniosos. As filmagens ocorreram no próprio apartamento do diretor.
O maior desnível na
narrativa talvez sejam os recursos visuais usados para explicar suas dores e
sua consequente incapacidade para se inspirar em novos trabalhos. São alguns minutos
prolongados e desnecessários, mas que não chegam a interferir na avaliação
final do longa.
Dor e Glória é um dos
melhores trabalhos do cineasta espanhol, conhecido por cinéfilos do mundo todo.
Pela figura de Salvador Mallo, ele abre seu coração como nunca antes havia
feito.
Ainda que tenha um tom mais
melancólico e use menos do humor (a que já nos acostumamos em suas obras), é
uma bela celebração do cinema e do amor.
Avaliação: ****
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