Graças a Deus (Grâce à Dieu)
País: França/Bélgica
Ano: 2018
Gênero: Drama
Duração: 137
min
Direção: François
Ozon
Elenco: Denis Ménochet, Melvill Poupaud, Swann Arlaud,
Bernard Verley e François Marthouret.
Sinopse: um dia, Alexandre (Melvil Poupaud) toma
coragem para escrever uma carta à Igreja Católica, revelando um segredo: quando
era criança, foi abusado sexualmente pelo padre Preynat (Bernard Verley). Os
psicólogos da Igreja tentam ajudar, mas não conseguem ocultar o fato de que o
criminoso jamais foi afastado do cargo, pelo contrário: ele continua atuando
junto às crianças. Alexandre toma coragem e publica a sua carta, o que logo faz
aparecerem muitas outras denúncias de abuso, feitas pelo mesmo padre, além da
conivência do cardeal Philippe Barbarin (François Marthouret), que sempre soube
dos crimes, mas nunca tomou providências. Juntos, Alexandre, François (Denis
Ménochet) e Emmanuel (Swann Arlaud) criam um grupo de apoio para aumentar a
pressão na justiça por providências. Mas eles terão que enfrentar todo o poder
da cúpula da Igreja.
Crítica: denúncias sobre casos de pedofilia na igreja
católica, infelizmente, tornaram-se frequentes nos últimos tempos no mundo
todo, questionando a integridade da instituição até então “endeusada”. Não que
todos os padres sejam pedófilos ou pedossexuais (termo este sugerido pela
igreja católica), mas o silêncio dos que sabiam e a falta de providências para
evitar novos casos acabam por condenar mais clérigos.
O filme parte da denúncia
de Alexandre (Melvil Poupaud), de Lyon (França), que foi abusado pelo padre
Preynat várias vezes (na sacristia, no acampamento de escoteiros etc).
Primeiramente recorre ao
superior do padre, ao cardeal e, por fim, ao Vaticano. Sem respostas, ele apela
à justiça e convence um amigo seu a denunciar também. Relatam, então, ao delegado
local os detalhes dos abusos ocorridos entre 1988 a 1991.
Sua denúncia desperta
outros casos “esquecidos”. O encontro entre todos é inevitável. Formam uma
associação, contam o que sofreram, arrecadam dinheiro, procuram a imprensa e,
principalmente, buscam por justiça.
O processo é lento. Mas, a
cada pequeno passo, uma vitória. Uma delas é o padre Preynat ser afastado das
funções da diocese. O cardeal Philippe Barbarin é condenado a 6 (seis meses)
por omissão. Contudo, inacreditavelmente, o padre Preynat continua solto e o
Vaticano não se posiciona a fim de fazer justiça às vítimas.
Outra conquista foi mudar a
lei da prescrição do crime na França: de 20 para 30 anos e contando a partir da
maioridade.
Os atores, em atuações
muito convincentes, retratam a dor de anos de silêncio. Cada um reagiu a seu
modo para seguir em frente. Poder, enfim, falar os une e os liberta de uma dor
intensa. As discussões sobre a religião e as críticas à igreja (e suas opiniões sobre orientação sexual e pedofilia) ganham grande espaço.
Os encontros com o padre Preynat
na vida adulta, arranjados pelo cardeal de Lyon e sua assistente, são difíceis.
Apesar de ele assumir a culpa, não se vê real arrependimento. É como se ele não
entendesse a dimensão dos seus atos. E de que adiantaria tal arrependimento
depois dos traumas causados, que se estendem à família de todos os envolvidos?
Um filme precioso e revelador.
O poder da Igreja continua se impondo, todavia cidadãos corajosos acreditam que
ela também um dia será punida por todos os erros. No caso do padre Preynat, ele
mesmo alertou seus superiores de que não poderia trabalhar com crianças por se
sentir atraído por elas, e nada foi feito. Uma vergonha!!! É a palavra que define
a posição da igreja que deveria “defender e proteger" as pessoas.
Avaliação: ****
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