Loving
País: EUA/Reino
Unido
Ano:
2016
Gênero: Drama
Duração: 123
min
Direção: Jeff
Nichols
Elenco: Joel Edgerton,
Ruth Negga, Marton Csokas, Nick Kroll e Michael Shannon.
Sinopse: Richard (Joel Edgerton) e Mildred Loving (Ruth
Negga), um casal interracial, são presos em junho de 1958 por terem se casado.
Jogados na prisão e exilados do estado onde viviam, eles lutam pelo matrimônio
e pelo direito de voltar para casa como uma família.
Crítica: “Loving” aborda os movimentos
de direitos civis da população negra nos Estados Unidos nas décadas de 50 e 60,
mas sem destacar figuras conhecidas como Rosa Parks, Martin Luther King ou
Malcolm X. Aliás, a imagem de Martin Luther King aparece uma única vez na TV ao
mostrar uma passeata em Washington.
A escolha do cineasta aqui
é mais intimista e foca uma família, os Loving. De forma delicada e sutil,
somos apresenteados a Richard (Joel Edgerton) e a Mildred (Ruth Negga), um
casal apaixonado que vive no estado da Virigínia e que sonha em construir uma
vida lado a lado.
Como o casamento interracial
é proibido onde vivem, eles vão até o estado vizinho para se casarem (em 1958),
tendo como testemunha apenas o pai de Mildred. Mas denunciados, têm sua casa
invadida à noite e são presos e obrigados a deixar a região e, por 25 anos, não
podem voltar juntos à cidade de Milford. Acabam afastados de suas famílias e
obrigados a viver numa área urbana e não no campo, onde sonhavam em criar seus
filhos.
Mas Mildred, quando está
para ter o primeiro filho, quer que a mãe de Richard (que é parteira) faça o
parto. Então, voltam para a cidade à noite (escondidos). Contudo, novamente,
são denunciados por vizinhos. A polícia bate à porta e os leva para a prisão.
Serão dez anos de conversas
com advogados, de fianças pagas, de acordos feitos a contragosto. As coisas só
começarão a tomar um rumo diferente quando Mildred escreve uma carta para o
procurador-geral, Robert Kennedy à época, e seu pedido de socorro é encaminhado
a ACLU (The American Civil Liberties Union), que envia um advogado para defender
a causa. Com a ajuda de outro advogado e um pouco de pressão da imprensa (uma rápida
e ótima aparição de Michael Shannon como fotógrafo da revista Life), o casal
consegue a autorização para viver livremente onde estão todos os seus familiares
e onde Richard tinha comprado uma terra para construir o lar que sermpre quis.
O caso foi decidido na Suprema Corte e influenciou outros 16 estados americanos
a abolirem suas leis de casamento inter-racial.
A injustiça por serem tratados
como “criminosos” é gritante por ser necessário que um homem trabalhador, bom
esposo e pai, apaixonado por sua esposa, precise de alguém da lei para autorizar
como e onde ele deve viver e que ele precise justificar suas escolhas. E pensar
que isso tudo é bastante recente. Por exemplo, o estado do Alabama, no sul, foi
o último a abolir as leis que proibiam o casamento inter-racial – o que só
ocorreu no ano 2000.
Joel Edgerton (bronco e
cético com relação a tudo) tem a melhor atuação de sua carreira. Ruth Negga, indicada
ao Oscar de Melhor Atriz, constrói uma personagem complexa e determinada, e que
é responsável por tomar decisões que mudarão o destino da família.
Um filme que merece ser visto
por levantar, sobretudo, a bandeira da humanidade.
Avaliação: ****
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