segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Loving

País: EUA/Reino Unido
Ano: 2016
Gênero: Drama
Duração: 123 min
Direção: Jeff Nichols
Elenco: Joel Edgerton, Ruth Negga, Marton Csokas, Nick Kroll e Michael Shannon.

Sinopse: Richard (Joel Edgerton) e Mildred Loving (Ruth Negga), um casal interracial, são presos em junho de 1958 por terem se casado. Jogados na prisão e exilados do estado onde viviam, eles lutam pelo matrimônio e pelo direito de voltar para casa como uma família. 

Crítica“Loving” aborda os movimentos de direitos civis da população negra nos Estados Unidos nas décadas de 50 e 60, mas sem destacar figuras conhecidas como Rosa Parks, Martin Luther King ou Malcolm X. Aliás, a imagem de Martin Luther King aparece uma única vez na TV ao mostrar uma passeata em Washington.
A escolha do cineasta aqui é mais intimista e foca uma família, os Loving. De forma delicada e sutil, somos apresenteados a Richard (Joel Edgerton) e a Mildred (Ruth Negga), um casal apaixonado que vive no estado da Virigínia e que sonha em construir uma vida lado a lado.
Como o casamento interracial é proibido onde vivem, eles vão até o estado vizinho para se casarem (em 1958), tendo como testemunha apenas o pai de Mildred. Mas denunciados, têm sua casa invadida à noite e são presos e obrigados a deixar a região e, por 25 anos, não podem voltar juntos à cidade de Milford. Acabam afastados de suas famílias e obrigados a viver numa área urbana e não no campo, onde sonhavam em criar seus filhos.
Mas Mildred, quando está para ter o primeiro filho, quer que a mãe de Richard (que é parteira) faça o parto. Então, voltam para a cidade à noite (escondidos). Contudo, novamente, são denunciados por vizinhos. A polícia bate à porta e os leva para a prisão.
Serão dez anos de conversas com advogados, de fianças pagas, de acordos feitos a contragosto. As coisas só começarão a tomar um rumo diferente quando Mildred escreve uma carta para o procurador-geral, Robert Kennedy à época, e seu pedido de socorro é encaminhado a ACLU (The American Civil Liberties Union), que envia um advogado para defender a causa. Com a ajuda de outro advogado e um pouco de pressão da imprensa (uma rápida e ótima aparição de Michael Shannon como fotógrafo da revista Life), o casal consegue a autorização para viver livremente onde estão todos os seus familiares e onde Richard tinha comprado uma terra para construir o lar que sermpre quis. O caso foi decidido na Suprema Corte e influenciou outros 16 estados americanos a abolirem suas leis de casamento inter-racial.
A injustiça por serem tratados como “criminosos” é gritante por ser necessário que um homem trabalhador, bom esposo e pai, apaixonado por sua esposa, precise de alguém da lei para autorizar como e onde ele deve viver e que ele precise justificar suas escolhas. E pensar que isso tudo é bastante recente. Por exemplo, o estado do Alabama, no sul, foi o último a abolir as leis que proibiam o casamento inter-racial – o que só ocorreu no ano 2000.
Joel Edgerton (bronco e cético com relação a tudo) tem a melhor atuação de sua carreira. Ruth Negga, indicada ao Oscar de Melhor Atriz, constrói uma personagem complexa e determinada, e que é responsável por tomar decisões que mudarão o destino da família.
Um filme que merece ser visto por levantar, sobretudo, a bandeira da humanidade.


Avaliação: ****

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