quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Mudbound – Lágrimas sobre o Mississipi (Mudbound)


País: EUA
Ano: 2017
Gênero: Drama
Duração: 134 min
Direção: Dee Rees
Elenco: Garrett Hedlund, Jason Mitchell, Carey Mulligan e Jason Clarke.

Sinopse: a tímida Laura (Carey Mulligan) acredita ter tirado a sorte grande quando encontra Henry McAllan (Jason Clarke), um homem um pouco bruto, mas interessado nela. Logo após o casamento, a família se muda para uma fazenda no chuvoso delta do Rio Mississipi. Enquanto Laura enfrenta dificuldades para se adaptar à vida rural, ela é confrontada com uma família negra, os Jackson, responsáveis por ajudar no trabalho pesado com o plantio e a colheita. Duas posições muito distintas se desenham na família: enquanto o pai idoso de Henry, Poppy McAllan (Jonathan Banks), luta para manter os privilégios dos brancos no terreno, o irmão de Henry, Jamie McAllan (Garrett Hedlund), desenvolve uma boa amizade com o filho dos caseiros, Ronsell Jackson (Jason Mitchell), pelo fato de ambos compartilharem traumas da guerra. Um violento conflito de etnias, gêneros e classes sociais marca a convivência entre os McAllan e os Jackson.

Crítica: “…não faz sentido lutar. Eles sempre vencerão”, frase dita por um personagem negro, dá uma dica do que teremos pela frente.
A película retrata o convívio entre as famílias McAllan e Jackson nos anos 1940, em uma região campestre no delta do Rio Mississippi. Enquanto Laura (Carey Mulligan) sofre para se adaptar com a nova vida na fazenda, seu marido Henry McAllan (Jason Clarke) realiza o sonho de ser fazendeiro. Já o pai de Henry, Poppy (Jonathan Banks), se preocupa em manter os privilégios dos brancos na região. Por outro lado, o casal Florence (Mary J. Blige) e Hap Jackson (Rob Morgan – excepcional no papel) busca manter uma vida pacata com seus filhos e pacífica com as pessoas brancas. Porém, a vida da família Jackson toma caminhos difíceis.
Repressão de sentimentos, dor e sofrimento marcam esse ambiente árido. A infelicidade ronda os dois lados, narrada em grande parte do filme pelos principais personagens.
É uma época em que negros não podem entrar em certos estabelecimentos ou, em outros, entrar e sair pela porta dos fundos, não podem utilizar quaisquer assentos em ônibus (que deixam reservados os do fundo para “pessoas de cor”, com uma placa indicativa); não podem ter suas próprias terras. Além disso, o casamento é, em teoria, o caminho para as mulheres terem a vida com que sonham, todavia, na prática, é o instituto que concretiza a posição hierárquica inferior da mulher na família tradicional (baseando-se na obediência); e a injustiça e a desumanidade assombram quem não tem dinheiro.
O filme ganha frescor ao contar paralelamente a vida de Ronsel (filho de Hap) e de Jamie (irmão de Henry). Ambos foram a guerra e ao voltarem percebem que têm muito em comum. A questão era que, naquela época, brancos e negros não andavam juntos. A aproximação deles causa a ira do pai de Jamie e quase desgraça a família, numa das cenas mais revoltantes da trama.
Amor e ódio caminham juntos. Um drama pesado, realista e com ótimas atuações.

Avaliação: ****

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