Holy Motors
País: França/Alemanha
Ano: 2012
Gênero: Drama
Duração: 115 min
Direção: Leos Carax
Elenco: Denis Lavant, Edith Scob e
Eva Mendes.
Sinopse: homem misterioso encarna
diferentes personas num mesmo dia, acompanhado por sua motorista pelos
arredores de Paris.
Crítica: surreal e enigmático, ‘Holy Motors’ é um filme
difícil de assistir. Críticos acreditam ser uma exuberante homenagem ao cinema
que Leos Carax tanto ama, desde os tempos quando escrevia crítica
cinematográfica. De fato, é um filme sobre cinema, uma grande metalinguagem que
faz lembrar “Império dos Sonhos” (Inland Empire, 2006) de David Lynch. Porém,
“Holy Motors” está muito mais para um réquiem do que uma homenagem ao cinema.
Carax nos fala sobre os destinos do cinema na era digital e da Internet, da
ameaça da obsolescência do dispositivo cinematográfico, o “motor sagrado” do
título.
Denis Lavant faz Mr. Oscar,
um camaleônico ator que viaja no interior de uma limusine pela cidade de Paris
dirigida por uma melancólica motorista Céline (Edith Scob). O filme inicia com
Mr. Oscar (um homem aparentemente rico) saindo para mais um dia de trabalho.
Pelo intercomunicador a motorista diz que uma pasta ao seu lado no interior da
limusine contém o arquivo com os “encontros” do dia. Esses “encontros” em
vários pontos de Paris na verdade são personagens que Oscar irá performar: uma
velha pedinte de rua corcunda, um sátiro lascivo (o “Sr. Merde”, personagem
resgatado do filme anterior “Tokyo”), um homem moribundo em uma cama, um
terrorista que tenta matar um banqueiro, um assassino de aluguel, um artista
com sensores de captura de movimentos simulando lutas e um ato sexual para a
produção de efeitos digitais 3D, etc.
São “encontros” surreais
conduzidos por uma limusine que se transforma em camarim para Mr. Oscar se
transfigurar em múltiplos personagens com elaboradas máscaras de látex, perucas
e figurinos. Qual o propósito desses encontros? Por que seguranças o
acompanham? O que é a “Central”, uma suposta empresa a qual eles têm que se
reportar? Qual a natureza do trabalho de Mr. Oscar?
O filme torna-se uma
parábola das relações humanas e do Cinema com a era da Internet. Principalmente
sobre o problema da identidade, tanto de um quanto de outro: em primeiro lugar,
o fato de estarmos cansados de nós mesmos e as redes virtuais serem o espaço
ideal para vivenciarmos de forma esquizoide múltiplos personagens; e o Cinema
metalinguisticamente mostrado em “Holy Motors” como um mecanismo ameaçado pelo
tédio (“ninguém mais liga para motores hoje em dia”, lamenta uma linha de
diálogo próximo ao final) da plateia (representada como espectadores sem rostos
no filme) como do próprio ator cansado de performar tantos personagens que
poderiam facilmente ser substituídos por capturas digitais - como sugere a
certa altura.
Propõe uma reflexão sobre
nossa relação com o mundo que, ao contrário do dinamismo que toda a evolução propõe,
temos a impressão de estarmos estáticos, sem ação.
Avaliação: **
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