segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Muito Além do Peso


País: Brasil
Ano: 2012
Gênero: Documentário
Duração: 84 minutos
Direção: Estela Renner
Elenco: -

Sinopse: o filme discute por que 33% das crianças brasileiras pesam mais do que deviam. As respostas envolvem o governo, os pais, as escolas e a publicidade.

Crítica: o documentário é excelente. Bem dirigido e produzido, não economizou em entrevistas (gastrônomos, pediatras, nutricionistas, advogados, professores, pais, crianças e vários especialistas de vários países), pesquisa e estatísticas. Imagens e arte gráfica completam o trabalho que passa a sua mensagem com perfeição: é preciso já cuidar da alimentação das crianças. Além disso, busca culpados para a epidemia de obesidade infantil no Brasil e no mundo.
Os números são alarmantes: em cada 5 crianças obesas, 4 assim serão quando adultas. Os exemplos são terríveis: pais que não conseguem dizer ‘não’ aos pedidos infantis, crianças que não reconhecem certas frutas e legumes, parcerias entre Ministério da Saúde e Coca-Cola, prêmios de parceria de saúde ao McDonald’s, e por aí vai.
A indústria do fast food, originada nos EUA, invadiu o lar das famílias e destruiu sua saúde.
As campanhas publicitárias, sem limite algum, vendem alimentos associados a brinquedos, tornando a luta contra a obesidade ainda mais difícil.  
Várias marcas de produtos industrializados têm seus ‘saudáveis’ alimentos desmascarados.
A melhor parte do filme é quando meninos e meninas de diversas partes do país, e de diferentes classes sociais, são entrevistados. Eles têm problemas típicos de adultos, como hipertensão, diabetes, artrite, colesterol alto, trombose, entre outros. Jovens vítimas do sobrepeso advindo de uma alimentação desregrada e ausência de atividades físicas em seus momentos de lazer. A maioria não sabe o que é correr, pedalar ou jogar bola. Tudo foi trocado pela televisão e pelo computador.
É surpreendente quando a documentarista mostra a alguns deles frutas e legumes, e eles não conseguem identificá-los. Uma menina, por exemplo, pega nas mãos uma batata e arrisca tratar-se de uma cebola. Só consegue apontar com exatidão o vegetal quando este vem frito e empacotado para consumo.
Em uma determinada parte do documentário, uma cena surpreende: um supermercado flutuante da marca Nestlé navega pelos rios do Pará rumo à cidade ribeirinha de Breves levando o açúcar e a gordura de seus produtos tão prejudiciais à saúde. Até em certas comunidades, alguns alimentos industrializados já fazem parte das refeições diárias.
A falha mais grave do longa é querer amenizar a culpa dos pais, tratados ali como vítimas. Os vilões, no caso, seriam somente as grandes marcas e a publicidade. Transferir a responsabilidade é fácil e cômodo. Se assim fosse, não haveria crianças magras e saudáveis. O que falta para controlar a obesidade infantil é educação alimentar, é preocupação real com os filhos e disciplina. Há um limite e um momento certo para tudo.
A televisão vai continuar existindo, assim como a internet. Suas influências em nossas vidas serão cada vez maiores. Em compensação, a participação e a convivência familiar também precisam ser.  

Avaliação: ****

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