Muito Além do Peso
País: Brasil
Ano: 2012
Gênero: Documentário
Duração: 84 minutos
Direção: Estela Renner
Elenco: -
Sinopse: o filme discute por que 33%
das crianças brasileiras pesam mais do que deviam. As respostas envolvem o
governo, os pais, as escolas e a publicidade.
Crítica: o documentário é excelente. Bem dirigido e
produzido, não economizou em entrevistas (gastrônomos, pediatras,
nutricionistas, advogados, professores, pais, crianças e vários especialistas
de vários países), pesquisa e estatísticas. Imagens e arte gráfica completam o
trabalho que passa a sua mensagem com perfeição: é preciso já cuidar da
alimentação das crianças. Além disso, busca culpados para a epidemia de
obesidade infantil no Brasil e no mundo.
Os números são alarmantes:
em cada 5 crianças obesas, 4 assim serão quando adultas. Os exemplos são terríveis:
pais que não conseguem dizer ‘não’ aos pedidos infantis, crianças que não reconhecem
certas frutas e legumes, parcerias entre Ministério da Saúde e Coca-Cola, prêmios
de parceria de saúde ao McDonald’s, e por aí vai.
A indústria do fast food,
originada nos EUA, invadiu o lar das famílias e destruiu sua saúde.
As campanhas publicitárias,
sem limite algum, vendem alimentos associados a brinquedos, tornando a luta
contra a obesidade ainda mais difícil.
Várias marcas de produtos
industrializados têm seus ‘saudáveis’ alimentos desmascarados.
A melhor parte do filme é
quando meninos e meninas de diversas partes do país, e de diferentes classes
sociais, são entrevistados. Eles têm problemas típicos de adultos, como
hipertensão, diabetes, artrite, colesterol alto, trombose, entre outros. Jovens
vítimas do sobrepeso advindo de uma alimentação desregrada e ausência de
atividades físicas em seus momentos de lazer. A maioria não sabe o que é
correr, pedalar ou jogar bola. Tudo foi trocado pela televisão e pelo
computador.
É surpreendente quando a
documentarista mostra a alguns deles frutas e legumes, e eles não conseguem
identificá-los. Uma menina, por exemplo, pega nas mãos uma batata e arrisca
tratar-se de uma cebola. Só consegue apontar com exatidão o vegetal quando este
vem frito e empacotado para consumo.
Em uma determinada parte do
documentário, uma cena surpreende: um supermercado flutuante da marca Nestlé
navega pelos rios do Pará rumo à cidade ribeirinha de Breves levando o açúcar e
a gordura de seus produtos tão prejudiciais à saúde. Até em certas comunidades,
alguns alimentos industrializados já fazem parte das refeições diárias.
A falha mais grave do longa
é querer amenizar a culpa dos pais, tratados ali como vítimas. Os vilões, no
caso, seriam somente as grandes marcas e a publicidade. Transferir a responsabilidade
é fácil e cômodo. Se assim fosse, não haveria crianças magras e saudáveis. O
que falta para controlar a obesidade infantil é educação alimentar, é preocupação
real com os filhos e disciplina. Há um limite e um momento certo para tudo.
A televisão vai continuar existindo,
assim como a internet. Suas influências em nossas vidas serão cada vez maiores.
Em compensação, a participação e a convivência familiar também precisam ser.
Avaliação: ****
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