Lucky
Lucky
País: EUA
Ano:
2017
Gênero: Drama
Duração: 86
min
Direção: John
Carroll Lynch
Elenco: Harry Dean
Stanton, David Lynch e Ron Livingston.
Sinopse: depois de fumar por muito mais tempo que todos
os seus conterrâneos, o velho ateu Lucky, de 90 anos, está no fim de seus dias,
apenas esperando a morte. Vivendo em uma cidade no deserto, ele inicia sua
última atividade antes de partir: se autoexplorar para enfim encontrar
iluminação.
Crítica: “Lucky” é um filme para todo e qualquer tipo
de público assistir. Lucky (interpretado pelo formidável Harry Dean Stanton) traz
em seu personagem uma meditação sobre mortalidade, solidão, espiritualidade e
conexão humana. Mas tudo com muito humor, ironia e sabedoria.
Lucky, ateu empedernido,
fumante inveterado, com 90 anos, extremamente lúcido e crítico (critica com
veemência advogados e agentes de seguros de vida, chamando-os de sanguessuga), não
tem medo da morte. Sabe que é preciso aceitar, simplesmente. A palavra "realidade", segundo ele, justifica bem o que é a aceitação.
Nunca se casou e tem sua
rotina diária de tomar café, fazer seus minutos de ginástica (yoga), ir ao
restaurante fazer sua palavra cruzada,
passar no mercado e comprar seu leite e ir ao bar à noite conversar com os amigos.
O filme constrói de forma
dinâmica tal rotina, sem deixar a trama cair na mesmice, na lentidão ou na
melancolia. Cada dia há uma situação inusitada ou em novo encontro para irmos
conhecendo Lucky em sua intimidade.
Os momentos de reflexão,
sempre pontuados com um ótimo texto, e inseridos no momento certo, ocorrem com
pequenos relatos, como por exemplo, durante um encontro com um veterano de
guerra que cita o sorriso de uma criança de 7 anos que é budista e está feliz
porque vai morrer em meio à guerra.
Um dia, ele cai em casa e
vai ao médico. Mas o diagnóstico é de que ele está bem, sem nenhuma fratura, problema
de pressão ou qualquer outra doença, apesar de fumar uma carteira de cigarro
por dia. Ele apenas está envelhecendo e um dia irá morrer. Tal constatação faz
com que ele acorde e veja que talvez falte pouco tempo.
Aceita o convite para uma
festa de aniversário de criança, onde rouba a cena cantando (de verdade) uma
música em espanhol. Perdoa as pessoas de um bar (do qual ele teria sido expulso
uma vez por infringir as regras) e passa a dar valor um pouco mais à companhia
dos amigos.
Ateu sim, mas de um
respeito inigualável aos sentimentos dos outros inigualável, um amor incondicional aos animais, sem preconceitos e de uma tranquilidade e uma lucidez que
impressionam.
O diretor aborda, com
mestria, temas que geralmente incomodam: velhice e morte. Mas o roteiro nos surpreende
com uma bela história, que em nada lembra uma tragédia.
Sensacional! Imperdível!
Avaliação: ****
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