quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Infiltrado na Klan (BlacKkKlansman)

País: EUA
Ano: 2018
Gênero: Biografia
Duração: 136 min
Direção: Spike Lee
Elenco: John David Washington, Adam Driver e Topher Grace.

Sinopse: em 1978, Ron Stallworth (John David Washington), um policial negro do Colorado, conseguiu se infiltrar na Ku Klux Klan local. Ele se comunicava com os outros membros do grupo através de telefonemas e cartas, quando precisava estar fisicamente presente enviava um outro policial branco no seu lugar. Depois de meses de investigação, Ron se tornou o líder da seita, sendo responsável por sabotar uma série de linchamentos e outros crimes de ódio orquestrados pelos racistas.

Crítica: uma ficção absurdamente real. Assim podemos classificar o novo trabalho de Spike Lee: “Infiltrado na Klan”.
A trama com ares de humor e sarcasmo conta, na verdade, uma história verídica em que o protagonista é Ron Satllworth (John David Washington). Um policial negro, um dos raríssimos na corporação norte-americana dos anos 1970, que conseguiu com sucesso se infiltrar na Ku Kluk Klan e sabotá-la por dentro. Primeiro, ele efetuou longas trocas telefônicas com os líderes do grupo racista, para ganhar confiança. Depois, treinou um policial branco para interpretá-lo nas reuniões presenciais. Ron (John David Washington) e seu dublê Flip (Adam Driver) correram sérios riscos ao manipularem uma organização paranoica e fortemente armada.
Os nomes, locais e fatos principais são mantidos, mas o filme sabe rir de si mesmo, apreciar seus próprios absurdos. Além disso, estabelece paralelos com os dias atuais, demonstrando de que maneira o discurso da extrema-direita adotou uma aparência “democrática” para se infiltrar na política e eleger políticos em cargos importantes, o que teria culminado com a presidência de Donald Trump.
A comédia encontra espaço para criticar o racismo na polícia, mas também para destacar nomes progressistas entre os policiais. Demonstra a potência e as limitações do discurso dos Panteras Negras, e consegue explorar diferentes vertentes dentro da Ku Klux Klan. Para completar, tem como personagem principal um homem de postura moderada, alheio às causas militantes. Para Ron, também, o caso se torna um aprendizado. Uma cena se destaca neste sentido: quando Flip Zimmerman, de origem judia, passa tempo demais na investigação, ele diz “Antes, eu não pensava sobre ser judeu. Agora, penso nisso o tempo todo”. A semente do espírito crítico está plantada.
O filme aborda e debate questões complexas, mas sempre com bom humor e inteligência. Ataca ideias racistas, mais do que as pessoas racistas em si, e neste ponto encontra sua maior força política. Em alguns momentos, nos deixa desconfortáveis com suas críticas sociais.
Consegue, ainda, fazer uma grande homenagem a Blacksploitation – um movimento cinematográfico dos EUA que surgiu durante esse período onde diretores e atores negros começaram a produzir uma série de filmes. A fotografia, o estilo e o humor são referências diretas ao gênero, que ganha homenagens inclusive no cartaz da produção.
O elenco está afinadíssimo. Um dos destaques, além de John David e de Adam Driver, é Topher Grace, que interpreta o líder fascista David Duke.
O filme é concluído com imagens reais do conflito de Charlottesville em 2017 – onde neonazistas tomaram as ruas para protestar contra negros, judeus e imigrantes. Inacreditável!
“Infiltrado na Klan” é marcante e nos faz refletir sobre os tempos atuais.

Avaliação: ****

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