As Sessões (The Sessions)
País:
EUA
Ano:
2012
Gênero:
Drama
Duração:
95 min
Direção: Ben Lewin
Elenco: John Hawkes,
Helen Hunt e William H. Macy.
Sinopse: por causa de uma poliomielite, homem perde os
movimentos do corpo e desconhece o que é sexo. Tudo muda quando ele passa a
frequentar sessões com uma terapeuta sexual.
Crítica: o protagonista da trama é Mark O’Brien, poeta
e escritor que desde a infância está preso a um imenso aparelho, apelidado de
"pulmão de aço", devido à poliomielite.
O foco do filme é “Qual é a
importância do sexo para a formação de uma pessoa?” Sem poder mexer os músculos
do corpo, com exceção da cabeça, ele leva uma vida repleta de limitações, entre
elas a de sair de sua própria casa – seus pulmões aguentariam trabalhar
sozinhos apenas por três ou quatro horas. Mark leva a vida com um certo humor
irônico, sem reclamar de sua situação. Entretanto, por jamais ter tido uma
experiência sexual, ele se sente incompleto. É a partir deste ponto que o
diretor Ben Lewin desenvolve uma história delicada, não apenas pelo modo como é
desenvolvida, mas também por abordar questões ainda hoje consideradas tabus.
Em sua busca por tornar-se
completo, Mark enfrenta uma série de questões – não apenas físicas, sobretudo
especialmente psicológicas. Extremamente religioso, ele busca com o padre
Brendan (William H. Macy), seu amigo pessoal, conselhos sobre uma proposta
ousada: ter sessões com uma especialista em exercícios de consciência corporal,
que irá iniciá-lo no sexo.
Tendo esta complexa
situação como pano de fundo, o longa surpreende pela naturalidade com que cada
fase é apresentada e superada. Por mais que haja temas difíceis, eles são
resolvidos a partir de uma humanidade impressionante dos envolvidos, que em
vários momentos deixam de lado os dogmas impostos pela vida em sociedade ou
pela religião. O bem-estar de Mark é o mais importante e este é o foco, sempre.
Tal naturalidade reflete também no modo como o próprio sexo é tratado, com
cenas de nudez em que não há alguma glorificação do corpo. Ainda neste sentido,
chama atenção a devoção de Helen Hunt que encara sem receio uma personagem
polêmica e que exige cenas de nudez frontal.
Além da espetacular atuação
de John Hawkes, os personagens secundários, como por exemplo, os acompanhantes
e ajudantes que auxiliam Mark O’Brien no dia-a-dia dão um toque especial à
história, todos com performances convincentes e na medida certa.
As Sessões é um filme
delicado que conquista o espectador pela persistência de seu personagem
principal. Simpático e irônico, Mark é daquelas pessoas das quais é fácil
gostar. O problema maior do filme é justamente sua simplicidade, que impede que
a trama se desenvolva muito. Ainda assim, traz importantes lições sobre não se
prender a regras impostas se elas viram um empecilho para que alguém possa se
sentir, de fato, humano.
A trama é inspirada na vida
de Mark O'Brien, jornalista responsável pelo artigo On Seeing a Sex Surrogate, publicado em 1983. A pesquisa necessária
para sua publicação terminou influenciando o rapaz, de 38 anos, que contraiu
poliomielite ainda criança e precisava de aparelhos para sobreviver, a arriscar
e tomar a inciativa de deixar de ser virgem.
Avaliação: ***
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