3 Faces (Se Rokh)
País: Irã
Ano: 2018
Gênero: Drama
Duração: 100
min
Direção: Jafar
Panahi
Elenco: Behnaz
Jafari, Jafar Panahi e Marziyeh Rezaei.
Sinopse: uma famosa atriz iraniana recebe um vídeo
perturbador de uma garota implorando por ajuda para escapar de sua família
conservadora. Ela então pede seu amigo, o diretor Jafar Panahi, para descobrir
se o vídeo é real ou uma manipulação. Juntos, eles seguem o caminho para a
aldeia da menina nas remotas montanhas do norte, onde as tradições ancestrais
continuam a ditar a vida local. Filme exibido no 71º Festival Internacional de
Cannes, em maio de 2018.
Crítica: novamente mesclando ficção e realidade (como
visto em seu último trabalho “Táxi em Teerã), mas agora de forma ainda mais
competente e surpreendente, Panahi inicia
o filme com um vídeo caseiro que mostra uma garota desesperada, pedindo ajuda a
uma atriz famosa, porque também sonha em ser atriz, mas sofre com a perseguição
da família. O desespero da menina é intenso, a conclusão do vídeo sugere a
possibilidade de suicídio.
A atriz Behnaz Jafari e o
amigo Jafar Panahi, ambos interpretando a si mesmos, decidem ir até o vilarejo
onde a menina mora para saber se, de fato, o vídeo é verdadeiro ou se é uma
brincadeira de mau gosto.
Jafari e Panahi assistem às
imagens uma, duas, três vezes. Eles levantam dúvidas sobre os objetos da cena,
o tom de uma suposta atuação, o envio do material e se realmente houve uma
tragédia. Vale ressaltar a total naturalidade deles em cena.
Os acontecimentos da viagem
e durante o encontro com os moradores do vilarejo (e suas rígidas regras), e os
diálogos, são bastante precisos em misturar drama e comédia e em escancarar uma
crítica social num suspense que permanece quase até o fim da trama.
E quando é revelado, os
preconceitos, as exclusões e o machismo são trazidos à tona, geralmente
produzidos pela opressão religiosa, pela diferença de classes sociais e pelo
isolamento do vilarejo. A violência está ali nas palavras ou até fisicamente,
como por exemplo, o irmão da moça que precisa ser contido. Afinal, ele não
aceita que ela estude e trabalhe como atriz. Nota-se a diversidade do Irã por
meio de seus personagens.
Panahi também consegue
inserir na narrativa (com excepcional naturalidade) as restrições impostas a ele
mesmo e a outros atores. Ele que não pode deixar o Irã ou fazer filmes (a não
ser burlando a lei como faz aqui) e alguns que não podem retornar ao país.
Além do incrível roteiro,
Panahi demonstra invejável controle estético e uma criatividade peculiar para
os posicionamentos da câmera, que parece estar em vários locais e
enquadramentos simultaneamente capturando todos os movimentos.
Um filme interessante, que
tem muito a dizer sobre o papel da mulher na sociedade médio-oriental.
Na trama temos a atriz já
famosa e conhecida por todos, a menina que quer ir para a capital e seguir os
passos da carreira artística e outra que mora no vilarejo e está completamente
esquecida e “condenada” à solidão.
Avaliação: ****
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