segunda-feira, 8 de abril de 2019

O Tradutor (Un Traductor)


País: Cuba/Canadá
Ano: 2019
Gênero: Drama
Duração: 107 min
Direção: Rodrigo Barriuso e Sebastián Barriuso
Elenco: Rodrigo Santoro, Maricel Álvarez, Genadijs Dolganovs e Eslinda Nuñez.

Sinopse: na Universidade de Havana, o professor de literatura russa, Malin (Rodrigo Santoro), é obrigado a trabalhar como tradutor para crianças vítimas do desastre nuclear de Chernobyl quando elas são enviadas até Cuba para tratamento médico.

Crítica: a história do filme (não retratada no cinema ainda) é bem interessante, com conteúdo de sobra.
Rodrigo Santoro (que interpreta o professor de literatura russa) se desdobra falando espanhol e russo. O conhecimento dessa língua faz com que o governo o indique para trabalhar em um hospital (tendo que largar a universidade, sem qualquer aviso prévio) ajudando na comunicação entre pais e médicos que cuidam das crianças expostas à radiação no acidente nuclear que ocorreu em 26 de abril de 1986 na central elétrica da Usina Nuclear de Chernobyl.
Com o programa de saúde renomado de Cuba, as crianças são enviadas para o país para tratamento. Um acordo que gera, certamente, favores de Cuba à Rússia. Inclusive, as imagens iniciais do longa são o Mikhail Gorbachev, presidente da Rússia à época, sendo recebido por Fidel Castro em Havana (capital de Cuba).
O filme é feliz em retratar o envolvimento cada vez maior de Malin (a princípio, contrariado) com as crianças. Passa a contar histórias para elas, promove atividades para que escrevam, pintem, desenhem, enfim, expressem o que têm vontade.
Ele conta com a ajuda da enfermeira argentina Gladys (Maricel Álvarez, em ótima atuação).
Nesse envolvimento, ele acaba por deixar sua família de lado: sua esposa grávida pela segunda vez e seu filho.
Seus mundos se afastam. Malin é mais idealista, socialista e acredita que faz um trabalho honroso. Sua esposa trabalha com arte e desconhece o verdadeiro papel de Malin no hospital e no tratamento das crianças. A falta de diálogo os distancia.
Interessante ver as liberdades individuais serem cortadas em Cuba. Faltam alimentos, falta gasolina, faltam empregos. O retrato dessa Cuba é importante para situar o espectador e entender as motivações de seus personagens.
Com exceção de algumas cenas novelescas ou “melosas”, o filme tem seu mérito ao mostrar crianças inocentes que perderam suas vidas por negligência humana.
Há um momento em que falta luz no hospital e o desespero de todos para salvar as crianças é comovente.
Os diretores Rodrigo Barriuso e Sebastián Barriuso são filhos do próprio personagem Malin na vida real. Por isso, é inevitável seu tom extremamente pessoal e emocionante.

Avaliação: **

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