O Anjo (El Ángel)
País: Argentina/Espanha
Ano: 2019
Gênero: Drama
Duração: 118
min
Direção: Luis
Ortega
Elenco: Lorenzo
Ferro, Chino Darín, Daniel Fanego e Mercedes Morán.
Sinopse: Carlos Robledo Puch (Lorenzo Ferro) está preso
há 45 anos, o período mais longo de detenção já registrado na história da
Argentina. Durante a adolescência, ele confessou ter cometido onze
assassinatos, executado mais de quarenta roubos e uma série de sequestros.
Alguns de seus atos criminosos se configuravam como uma forma de impressionar
Carlos, um amigo íntimo. Quando sua identidade foi revelada para o público, ele
ganhou o apelido de "Anjo da Morte", graças aos seus cachos e rosto
angelical, tornando-se uma celebridade instantânea no país.
Crítica: “As pessoas são malucas? Alguém considera a
chance de ser livre? Ir a todo lugar quando quiser; quando você quiser. Nós
todos temos um destino. Eu sou um ladrão de nascença. Eu não acredito em “isso
é seu, e isso é meu.”
Assim inicia-se o filme que
revela a jornada de Carlos ou Carlitos (Lorenzo Ferro), jovem argentino, criminoso,
responsável por assassinatos e roubos milionários.
A proposta é ousada: aponta
uma crítica sobre a juventude frustrada quando também aposta na diversão, na
história como um entretenimento.
Seja pelo jeito de se
vestir, pelo cabelo “de anjo”, pelo corpo sem pelos (quase um menino) ou pelo
fato de ele não roubar para enriquecer (quem fica com o lucro são os demais que
participam das ações), é difícil vê-lo como criminoso.
Carlos conta com a ajuda de
Jorge Ibáñez, que usava o nome falso de Ramón (Chino Darín, que rouba a cena
com sua atuação marcante) e, posteriormente, com o auxílio dos pais do colega – uma
família nada convencional. Quem ensina Carlos a atirar é justamente o pai de
Ramón.
Os pequenos roubos
tornam-se grandes: armamentos em lojas, quadros e joias em mansões e mais joias
e dinheiro em joalherias. Assassinatos passam a fazer parte. A qualquer
movimento, Carlos (“Dedo Nervoso”, como seu parceiro o chamava) atira e mata.
Os conselhos dos pais não têm
efeito algum. Quando Carlitos chega com “algo novo” em casa e lhe perguntam a
procedência, ele diz que é emprestado.
A produção da trama é de
primeira qualidade. Estética indiscutível no figurino, na mobília e na
decoração das casas, e no cenário urbano dos anos 1970.
O ritmo da narrativa é
intenso e acompanhamos as loucuras de Carlos que se sente inatingível. Com
poucas preocupações, ele é astuto, criativo e atrevido. Cada roubo é uma emoção.
As cenas com seu parceiro
também sugerem algo de homoerotismo. A sexualidade dúbia de Carlos fica no ar.
O filme atrai por fugir das
receitas tradicionais de biografias. A imagem inicial do protagonista dançando,
assim como a final, sugerem algo leve, transcendente, quando na verdade o que Carlos
faz é muito grave.
Mas o caminho escolhido
pelo diretor indica leveza e comunicação com o público. Ele quer provocar
questionando a psicologia de um criminoso e seu espaço na sociedade.
Carlos Eduardo Robledo Puch,
hoje com 67 anos, foi sentenciado a 45 anos de prisão pelos 11 assassinatos e
dezenas de roubos e furtos cometidos. A motivação dos crimes de Robledo Puch nunca ficou clara.
Ele vivia numa família abastada, tocava piano, era bom aluno e falava três
idiomas.
Avaliação:
***
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