terça-feira, 23 de abril de 2019

O Anjo (El Ángel)


País: Argentina/Espanha
Ano: 2019
Gênero: Drama
Duração: 118 min
Direção: Luis Ortega
Elenco: Lorenzo Ferro, Chino Darín, Daniel Fanego e Mercedes Morán.

Sinopse: Carlos Robledo Puch (Lorenzo Ferro) está preso há 45 anos, o período mais longo de detenção já registrado na história da Argentina. Durante a adolescência, ele confessou ter cometido onze assassinatos, executado mais de quarenta roubos e uma série de sequestros. Alguns de seus atos criminosos se configuravam como uma forma de impressionar Carlos, um amigo íntimo. Quando sua identidade foi revelada para o público, ele ganhou o apelido de "Anjo da Morte", graças aos seus cachos e rosto angelical, tornando-se uma celebridade instantânea no país.

Crítica: “As pessoas são malucas? Alguém considera a chance de ser livre? Ir a todo lugar quando quiser; quando você quiser. Nós todos temos um destino. Eu sou um ladrão de nascença. Eu não acredito em “isso é seu, e isso é meu.”
Assim inicia-se o filme que revela a jornada de Carlos ou Carlitos (Lorenzo Ferro), jovem argentino, criminoso, responsável por assassinatos e roubos milionários.
A proposta é ousada: aponta uma crítica sobre a juventude frustrada quando também aposta na diversão, na história como um entretenimento.
Seja pelo jeito de se vestir, pelo cabelo “de anjo”, pelo corpo sem pelos (quase um menino) ou pelo fato de ele não roubar para enriquecer (quem fica com o lucro são os demais que participam das ações), é difícil vê-lo como criminoso.
Carlos conta com a ajuda de Jorge Ibáñez, que usava o nome falso de Ramón (Chino Darín, que rouba a cena com sua atuação marcante) e, posteriormente, com o auxílio dos pais do colega – uma família nada convencional. Quem ensina Carlos a atirar é justamente o pai de Ramón.
Os pequenos roubos tornam-se grandes: armamentos em lojas, quadros e joias em mansões e mais joias e dinheiro em joalherias. Assassinatos passam a fazer parte. A qualquer movimento, Carlos (“Dedo Nervoso”, como seu parceiro o chamava) atira e mata.
Os conselhos dos pais não têm efeito algum. Quando Carlitos chega com “algo novo” em casa e lhe perguntam a procedência, ele diz que é emprestado.
A produção da trama é de primeira qualidade. Estética indiscutível no figurino, na mobília e na decoração das casas, e no cenário urbano dos anos 1970.
O ritmo da narrativa é intenso e acompanhamos as loucuras de Carlos que se sente inatingível. Com poucas preocupações, ele é astuto, criativo e atrevido. Cada roubo é uma emoção.
As cenas com seu parceiro também sugerem algo de homoerotismo. A sexualidade dúbia de Carlos fica no ar.
O filme atrai por fugir das receitas tradicionais de biografias. A imagem inicial do protagonista dançando, assim como a final, sugerem algo leve, transcendente, quando na verdade o que Carlos faz é muito grave.
Mas o caminho escolhido pelo diretor indica leveza e comunicação com o público. Ele quer provocar questionando a psicologia de um criminoso e seu espaço na sociedade.
Carlos Eduardo Robledo Puch, hoje com 67 anos, foi sentenciado a 45 anos de prisão pelos 11 assassinatos e dezenas de roubos e furtos cometidos. A motivação dos crimes de Robledo Puch nunca ficou clara. Ele vivia numa família abastada, tocava piano, era bom aluno e falava três idiomas.

Avaliação: ***

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