Lola
Título original: Lola
País: França/Filipinas
Ano: 2009
Gênero: Drama
Duração: 110 min
Direção: Brillante Mendoza
Elenco: Anita Linda, Rustica Carpio, Tanya Gomez, Jhong Hilario e Ketchup Eusebio.
Sinopse: duas senhoras têm de lidar com as consequências de um crime envolvendo os respectivos netos: um é a vítima, outro o suspeito. Pobres e desprotegidas, ambas vão as ruas pedir dinheiro, cada qual com um objetivo.
Crítica: a avó do acusado é indiferente se as acusações contra o seu neto são verdadeiras ou não, sua única preocupação é livrá-lo do desconforto da prisão. Puring procura, então, as maneiras mais diversas para conseguir dinheiro: dá golpes nos clientes da feira, penhora seus eletrônicos, recorre a uma agiota dando a sua casa como garantia e viaja ao campo para pedir dinheiro a parentes, de onde sai com apenas dois patos e comida. O desespero pode ser visto em cada gesto e expressão facial da senhora. Porém, Sepa, inicialmente, se mostra indiferente às tentativas de compra da retirada da acusação contra Mateo (Ketchup Eusebio), neto de Puring.
Apesar de limitadas fisicamente pela idade (as duas possuem mais de oitenta anos), as atuações das atrizes que representam as avós são magistrais. Suas expressões faciais, juntamente com a dificuldade de deslocamento, são responsáveis por toda a grande carga emotiva que o filme passa ao expectador. Além de ótimas atuações, o Lola merece crédito pela escolha da locação: o bairro popular em que Sepa mora com a filha é perenemente alagado, fazendo com que seja preciso um barco para chegar à sua casa, garantindo as mais belas cenas do filme, como a do funeral do seu neto, em que vários barcos seguem em procissão.
Filmado em apenas dez dias do mês de junho, estação chuvosa nas Filipinas, a chuva constantemente presente intensifica a percepção que o espectador tem de como é difícil a vida dos personagens: além de se deslocarem pelas movimentadas ruas de Manila, onde a multidão disputa espaço com vendedores e veículos, eles possuem os pés permanentemente encharcados. A câmera na mão está sempre acompanhando de muito perto os movimentos dos personagens, passando a sensação de que sempre se está seguindo alguém. Esta movimentação garante que mesmo as cenas que poderiam ser tediosas não o sejam. Estes movimentos de câmera e a iluminação sempre natural utilizada pelo diretor são características típicas do seu trabalho.
Curiosidade: formado em publicidade e com anos de experiência na produção e direção de clipes musicais e vídeos publicitários, Brillante Mendoza iniciou a sua carreira como diretor de cinema apenas em 2005, aos 45 anos. Em poucos anos como diretor, vários de seus filmes - que têm como característica comum a evidenciação de problemas sociais e políticos do seu país e de questões morais enfrentadas pelos filipinos - entraram na seleção oficial do Festival de Cannes.
Avaliação: ***
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