terça-feira, 4 de março de 2014

Robocop

País: EUA
Ano: 2013
Gênero: Ficção Científica
Duração: 117 min
Direção: José Padilha
Elenco: Joel Kinnaman, Gary Oldman, Michael Keaton, Samuel L Jackson, Abbie Cornish, Jennifer Ehle, Marianne Jean-Baptiste e Aimee Garcia.

Sinopse: 2028. Já há vários anos os drones têm sido usados para fins militares mundo afora e agora a empresa OmniCorp deseja que eles sejam usados também para o combate ao crime nas grandes cidades. Entretanto, esta iniciativa tem recebido forte resistência nos Estados Unidos. Na intenção de conquistar o povo americano, Raymond Sellars tem a ideia de criar um robô que tenha consciência humana, de forma a aproximá-lo à população. A oportunidade surge quando o policial Alex Murphy sofre um atentado, que o coloca entre a vida e a morte.

Crítica: remake do sucesso de Paul Verhoeven, de 1987, o longa cumpre a missão de levar para uma superprodução questões políticas, sem deixar de lado a ação e o ritmo frenético de um videogame.
Enquanto no primeiro longa a trama tratava com ironia o rearmamento norte-americano da era Reagan, nesta versão, dirigida por José Padilha, o discurso bate de frente com a militarização e a atuação dos EUA no exterior, com o uso de drones e outros aparatos tecnológicos letais. Estamos no ano 2028 e a superpoderosa organização OmniCorp mantém sua influência nas mais diferentes esferas, sobretudo na segurança, criando diversas soluções para a polícia de Chicago.
A mais polêmica delas é o uso de robôs para fazer o policiamento ostensivo nas ruas da cidade. Enquanto a maioria dos americanos aprova o uso dessas máquinas em países do Oriente Médio, no âmbito doméstico a situação é oposta. Para isso, os cientistas e marqueteiros, liderados pelo CEO sem escrúpulos, Raymond Sellers (Michael Keaton) resolvem entregar ao público uma máquina que é parte-homem, parte-robô. O sujeito encontrado para encarnar esse papel foi Alex Murphy, detetive que foi vítima de um atentado e perdeu quase todo seu corpo. Com o hardware mais avançado de todos e um software que acessa o banco de dados da polícia e câmeras de segurança, Robocop parece ser o policial perfeito. O problema é que sua mente humana ainda ativa interfere nesse sistema.
Aqui temos o ponto de maior diferenciação entre os dois filmes: uma maior consciência do protagonista e mais espaço para discussões sobre temas como política e ética no uso de robôs. E é por essa razão que Murphy tentará sozinho resolver o crime que quase o matou. São os momentos de questionamentos do personagem, a trama sobre a corrupção policial e a relação com sua família que dão ao roteiro um tom humanista e o impedem de ser mais um produto industrializado sem charme.
A direção tenta mesclar os momentos de ação e adrenalina com a discussão sobre militarismo, corrupção e ética.
O protagonista vivido por Joel Kinnaman (Alex Murphy) convence. Aqui, menos robótico que o original, ele demonstra a difícil aceitação a existir apenas como máquina. Mas Abbie Cornish, no papel de sua esposa (Clara Murphy), quase não tem espaço para mostrar seu personagem.
O maior destaque no longa é Samuel L. Jackson, que serve como fio condutor da narrativa, ao interpretar um apresentador de TV de extrema-direita e defensor do controle do crime mecanizado. Ele está impecável. Merece elogios também a performance do Dr. Dennett Norton (Gary Oldman) que ajuda a criar o Robocop. As cenas e os diálogos envolvendo os dois são muito bons.
Na equipe do filme, há outros brasileiros: Lula Carvalho (Budapeste, Tropa de Elite), que assina a fotografia, Pedro Bromfman (dos dois Tropa de Elite), na trilha sonora e Daniel Rezende, montador conhecido por Cidade de Deus e A Árvore da Vida.
É muito mais do que um remake; trata-se de um robô mais humano, se isso é possível.
A produção é de primeira e o entretenimento, garantido.


Avaliação: ***

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