A Coroa (The Crown) – 1ª Temporada
País: Reino
Unido
Ano:
2016
Gênero: Biografia
Duração: 10
episódios
Direção: Netflix
Elenco: Claire Foy,
Jared Harris, John Lithgow, Matt Smith, Vanessa Kirby, Alex Jennings, Eileen
Atkins, Jeremy Northam, Victoria Hamilton, Ben Miles, Greg Wise, Harry
Hadden-Paton, Harriet Walker e Lia Willliams.
Sinopse: filha do rei George VI (Jared Harris),
Elizabeth II (Claire Foy) sempre soube que não teria uma vida comum. Após a
morte do seu pai em 1952, ela dá seus primeiros passos em direção ao trono
inglês, a começar pelas audiências semanais com os primeiro-ministros ingleses.
Ela assume a coroa com apenas 25 anos de idade, mas com grandes compromissos,
vêm grandes responsabilidades.
Crítica: a primeira temporada, com 10 episódios, traz
os primeiros poucos anos da coroação precoce (aos 25 anos) de Elizabeth Windsor (Claire Foy)
depois da morte de seu pai, o Rei George VI (Jared Harris), não muito tempo
após seu casamento em 1947 – por amor – com Philip (Matt Smith), membro da
família real “estendida”, mas originário da Grécia. A estrutura narrativa
escolhida não poderia ser mais acertada, com cada episódio lidando com um tema
em particular costurados em sucessão que, quando vistos em conjunto, ganham
perfeita cadência e fluidez, contando uma grande e espetacular história maior.
A coroa é pesada para
Elizabeth II, que precisa agradar todos e tomar decisões. Sua ingenuidade
inicial é aproveitada por todos ao seu redor, o que acabar por gerar conflitos
com seu marido playboy e entediado; com sua irmã, a Princesa Margaret (Vanessa
Kirby), que perigosamente começa a caminhar pelos mesmos passos de seu tio, o
Duque de Windsor (Alex Jennings) que abdicara ao trono por amor à uma mulher
divorciada, algo inadmissível para a Igreja; e com sua mãe que se interfere em
praticamente todos os assuntos.
Ela recorre, então, a um de
seus grandes conselheiros, o Primeiro Ministro britânico, à época e pela
terceira vez (não consecutiva), o enigmático Winston Churchill (John Lithgow),
um dos maiores estadistas do século XX e que quase sozinho foi o responsável
por manter o mundo livre dos nazistas. Já idoso, Churchill tem um grande apego
ao poder. Inteligentíssimo, mas incapaz de reconhecer suas limitações físicas,
nutre um profundo respeito pela Coroa.
Mas a história privada da
monarquia britânica (festas, reuniões, relacionamentos, discussões, educação
dos filhos) é entrelaçada não apenas por questões políticas vindas do Gabinete
de 10 Downing Street, como também pela geopolítica da época, com uma Inglaterra
recém-saída da guerra e completamente em frangalhos e gradativamente perdendo o
status de sede do Império Britânico que não tão vagarosamente começa a deixar
de existir.
Um dos problemas do
pós-guerra foi o histórico Nevoeiro de 1952 – também conhecido como Big Smoke
–, quando cerca de 12 mil pessoas morreram e outras 150 mil ficaram gravemente
doentes por causa de infeções respiratórias devido à exposição ao ar poluído,
entre os dias 05 e 09 de dezembro daquele ano.
Em dezembro de 1952, uma
frente fria chegou a Londres e fez com que as pessoas queimassem mais carvão
que o usual no inverno. O aumento na poluição do ar foi agravado por uma
inversão térmica, causada pela densa massa de ar frio. O acúmulo de poluentes
foi crescente, especialmente de fumaça e partículas do carvão que era queimado
(todas as fábricas eram movidas a carvão).
Devido aos problemas
econômicos, o carvão de melhor qualidade para o aquecimento havia sido
exportado. Como resultado, os londrinos usaram o carvão de baixa qualidade,
rico em enxofre, o que agravou por demais o problema. Esse particular
acontecimento tem destaque num dos episódios. A secretária de Churchill foi uma
das vítimas. O nevoeiro tirou toda a visibilidade e, ao atravessar uma rua, ela
é atropelada por um ônibus coletivo.
Assistimos a um incrível
choque entre o antigo e o novo, entre a tradição e a necessidade de reforma,
entre a ancestralidade firme e o futuro incerto.
Sem falar no incrível
cenário, figurino, trilha sonora, diálogos apurados, atuações sublimes, cuidado
aos detalhes – tudo na mais impressionante perfeição.
E muito mais vem por aí. O
projeto é de 60 episódios – logo, mais cinco temporadas.
Avaliação:
*****
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