terça-feira, 4 de julho de 2017

Okja

País: Coreia do Sul
Ano: 2016
Gênero: Ficção Científica
Duração: 118 min
Direção: Joon-Ho Bong
Elenco: Seo-Hyun Ahn, Tilda Swinton, Jake Gyllenhaal, Paul Dano e Steven Yeun.

Sinopse: Nova York, 2007. Lucy Mirando (Tilda Swinton), a CEO de uma poderosa empresa, apresenta ao mundo que uma nova espécie animal foi descoberta no Chile. Apelidada de "super porco", ela é cuidada em laboratório e tem 26 animais enviados para países distintos, de forma que cada fazenda que o receba possa apresentá-lo à sua própria cultura local. A ideia é que os animais permaneçam espalhados ao redor do planeta por 10 anos, sendo que após este período participarão de um concurso que escolherá o melhor super porco. Uma década depois, a jovem Mija (Seo-Hyun Ahn) convive desde a infância com Okja, o super porco fêmea criado pelo avô. Prestes a perdê-la devido à proximidade do concurso, Mija decide lutar para ficar ao lado dela, custe o que custar. 

Crítica: o filme tem uma história bombástica, mas contada, por meio de ficção e pitadas de humor satírico, pode causar uma impressão, à primeira vista, de um contexto leve, sem maiores repercussões. Ledo engano.
Na Coreia do Sul, estão Mija (Seo-Hyun Ahn, com uma performance genuína) e sua porca Okja – escolhida a mais bela para o concurso do ”Super Porco” organizado pela empresa de Lucy Mirando (Tilda Swinton – excelente no papel). Outros 25 porcos em 25 países também concorriam para o concurso.
É comovente ver a relação de amor e amizade entre Mija e seu bichinho de estimação (Okja tem um olhar cativante e um jeito dócil e manso). E, por isso mesmo, extremamente doloroso será ver a separação das duas quando Okja terá que ser levada para Nova York para ser apresentada.
A partir daí começa a sofrida maratona de Mija para resgatar sua porca e, mais importante, livrá-la do que a empresa pretende fazer com ela.
Entram em ação ativistas da Frente de Libertação de Animais (FLA), com Joy (Paul Dano) no comando do grupo, já há anos libertando animais de zoológicos, cativeiros e laboratórios.
Os acontecimentos que se sucedem no difícil resgate de Okja são duros e cruéis. Para manter certa leveza à história, grande parte dos personagens é bastante caricata, presunçosa e vaidosa. Contudo, o núcleo da trama está mesmo focado em Mija e sua bela porcona. Difícil não se contorcer com o que vimos e ouvimos – animais criados em laboratórios, mutações forçadas, alimentos geneticamente modificados, animais assassinados em massa. Tudo em nome de uma carne saborosa e suculenta e de muito lucro.
A crítica à nossa gananciosa indústria alimentícia é feroz. O diretor coreano escolheu uma forma inteligente e lúdica de alertar a sociedade para o que estamos fazendo com os animais e de censurar nosso pensamento pequeno para com eles, ao acharmos que não sofrem sendo confinados aos milhares e encaminhados para a morte, porque simplesmente queremos acreditar que sua existência tenha o único propósito de nos alimentar.
Excêntrico e original, pode se dizer que, pela força da narrativa, talvez uma parcela do público até se torne vegetariana após ver Okja. Imperdível! Pena que não será exibido nas grandes telas de cinema, tendo em vista ser uma produção da Netflix.

Avaliação: *****
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