A Menina dos Campos de Arroz (La Rizière)
País: França/China
Ano:
2010
Gênero: Drama
Duração: 80
min
Direção: Xiaoling
Zhu
Elenco:
Yang Yinqiu, Xiang Chuifen, Shi Guangjin e Wu Shenming.
Sinopse: aos 12 anos de idade, A Qiu (Yang Yinqiu) mora
em uma pequena cidade no sul da China, cercada por campos de arroz. Ela é
criada pela avó, enquanto os pais tentam ganhar a vida na cidade grande. Com a
morte da avó, os pais são obrigados a retornar à cidadezinha, mudando a vida de
A Qiu.
Crítica: a trama se passa numa região montanhosa do sudoeste
da China, a província de Guangxi, onde vive o povo Dong (3 milhões de pessoas).
A cineasta, que vive hoje na França, é nativa da região e filmou moradores do
vilarejo, que não são atores profissionais, no primeiro longa falado
inteiramente na língua Dong.
A bela e cativante protagonista
é A Qiu, de 12 anos, que vai narrando os fatos e o dia-a-dia da comunidade ao
longo do ano. Ela vive junto aos arrozais e em função deles, mas deseja ser
escritora. Estuda bastante, pois quer ir para a escola secundária. Enquanto sua
melhor amiga não quer estudar e quer ser modelo para ganhar dinheiro.
As anotações de seu diário
vão nos mostrando as diversas etapas da semeadura e colheita do arroz e as
mudanças das estações. A luta pela sobrevivência é o mote da vida daquelas
pessoas, o que se percebe quando ela informa que todo aquele trabalho dá para
sustentar uma só família durante um ano.
É uma ficção totalmente
inspirada, não apenas na realidade vivida pela diretora, numa espécie de
autobiografia da infância e adolescência, mas uma representação da vida da
maioria das pessoas da localidade. O que se vê é uma espécie de modelo-padrão
da vida social, afetiva e econômica do povoado. Os pais vão em busca de
sustento nas cidades (no caso, o pai trabalha em obras e a mãe como cozinheira),
enquanto os avós criam os netos e trabalham com eles, desde crianças, nos
arrozais. Aqui o avô constrói pagodas, além de cuidar dos arrozais com a esposa
que, já bastante idosa, cuida da casa também. Mas doença e morte dos idosos
podem levar a um retorno às origens, por parte dos pais, e o dilema de voltar a
depender exclusivamente da renda do arroz, muito incerta e vinculada às
condições climáticas, ou ir em busca de outra vida na cidade. Surgem aí mais
dificuldades e preocupações, e outras opções de sobrevivência.
A tradição se encontra com
a modernidade, de alguma forma, pelo vínculo cidade-campo. Por mais distantes
que sejam os povoados, as expectativas tecnológicas sempre estarão presentes,
mesmo que inacessíveis à maior parte das pessoas. Um belo exemplo é dado pelo
irmão menor da protagonista, que quer ganhar (a todo custo) um videogame. Já A
Qiu, criada pela avó que ensina as boas maneiras a uma menina, sonha em sair
dali, estudar e não depender de marido algum.
O filme é belíssimo, seja
pelas paisagens exuberantes de seus arrozais e realmente ficamos sabendo como é
feita essa colheita, de tradições milenares, quase que de forma documental,
seja pelos personagens delicados e seus anseios.
A família se unirá para
pagar os estudos de A Qiu que seguirá estudando na escola secundária. Os
problemas continuam, mas o amor fala mais alto e o lado bom do ser humano
também.
Para se ver e não
se esquecer.
Avaliação: ****
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