domingo, 7 de junho de 2015

A Menina dos Campos de Arroz (La Rizière)

País: França/China
Ano: 2010
Gênero: Drama
Duração: 80 min
Direção: Xiaoling Zhu
Elenco: Yang Yinqiu, Xiang Chuifen, Shi Guangjin e Wu Shenming.

Sinopse: aos 12 anos de idade, A Qiu (Yang Yinqiu) mora em uma pequena cidade no sul da China, cercada por campos de arroz. Ela é criada pela avó, enquanto os pais tentam ganhar a vida na cidade grande. Com a morte da avó, os pais são obrigados a retornar à cidadezinha, mudando a vida de A Qiu.

Crítica: a trama se passa numa região montanhosa do sudoeste da China, a província de Guangxi, onde vive o povo Dong (3 milhões de pessoas). A cineasta, que vive hoje na França, é nativa da região e filmou moradores do vilarejo, que não são atores profissionais, no primeiro longa falado inteiramente na língua Dong.
A bela e cativante protagonista é A Qiu, de 12 anos, que vai narrando os fatos e o dia-a-dia da comunidade ao longo do ano. Ela vive junto aos arrozais e em função deles, mas deseja ser escritora. Estuda bastante, pois quer ir para a escola secundária. Enquanto sua melhor amiga não quer estudar e quer ser modelo para ganhar dinheiro.
As anotações de seu diário vão nos mostrando as diversas etapas da semeadura e colheita do arroz e as mudanças das estações. A luta pela sobrevivência é o mote da vida daquelas pessoas, o que se percebe quando ela informa que todo aquele trabalho dá para sustentar uma só família durante um ano.
É uma ficção totalmente inspirada, não apenas na realidade vivida pela diretora, numa espécie de autobiografia da infância e adolescência, mas uma representação da vida da maioria das pessoas da localidade. O que se vê é uma espécie de modelo-padrão da vida social, afetiva e econômica do povoado. Os pais vão em busca de sustento nas cidades (no caso, o pai trabalha em obras e a mãe como cozinheira), enquanto os avós criam os netos e trabalham com eles, desde crianças, nos arrozais. Aqui o avô constrói pagodas, além de cuidar dos arrozais com a esposa que, já bastante idosa, cuida da casa também. Mas doença e morte dos idosos podem levar a um retorno às origens, por parte dos pais, e o dilema de voltar a depender exclusivamente da renda do arroz, muito incerta e vinculada às condições climáticas, ou ir em busca de outra vida na cidade. Surgem aí mais dificuldades e preocupações, e outras opções de sobrevivência. 
A tradição se encontra com a modernidade, de alguma forma, pelo vínculo cidade-campo. Por mais distantes que sejam os povoados, as expectativas tecnológicas sempre estarão presentes, mesmo que inacessíveis à maior parte das pessoas. Um belo exemplo é dado pelo irmão menor da protagonista, que quer ganhar (a todo custo) um videogame. Já A Qiu, criada pela avó que ensina as boas maneiras a uma menina, sonha em sair dali, estudar e não depender de marido algum.
O filme é belíssimo, seja pelas paisagens exuberantes de seus arrozais e realmente ficamos sabendo como é feita essa colheita, de tradições milenares, quase que de forma documental, seja pelos personagens delicados e seus anseios.
A família se unirá para pagar os estudos de A Qiu que seguirá estudando na escola secundária. Os problemas continuam, mas o amor fala mais alto e o lado bom do ser humano também.
Para se ver e não se esquecer.

Avaliação: ****

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