Nós ou Nada em Paris
País: França
Ano:
2016
Gênero: Comédia
dramática
Duração: 102
min
Direção: Kheiron
Elenco: Kheiron,
Leïla Bekhti, Gérard Darmon e Zabou Breitman.
Sinopse: o iraniano Hibat (Kheiron) é um ativista
contra o governo que volta e meia acaba preso. Apesar dos problemas com a lei,
ele consegue se mudar para a França com a família. E é lá que Hibat tem a
chance de começar uma nova vida.
Crítica: há muitas razões para o filme agradar o
público: a história é verídica, a narrativa escolhida para contar a história é
excelente, os recursos usados para mostrar a trajetória de Hibat (interpretado
pelo próprio Kheiron, que também é o diretor estreante) desde sua infância no
Irã até chegar e se estabelecer em Paris são bastante criativos e, por fim, o
elenco, bem cativante, dá conta do recado.
Uma história de sofrimento,
mas que é revelada de forma leve e bem humorada em diversas situações, o que
atrai ainda mais a atenção do espectador, justamente por não se tornar maçante.
As dificuldades de Hibat
não foram poucas na vida. A convicção dos seus valores e do que ele queria para
a vida foram determinantes para que ele chegasse onde chegou. Digamos que ele
tenha contado com a sorte, pois, de fato, poderia ter tido sua vida
interrompida abruptamente. Muitos de seus amigos se foram e ver tudo isso não é
nada reconfortante.
De ditador a ditador, ele
teve que deixar seu país para continuar lutando contra a opressão (ficou 7 anos
e meio preso por apenas panfletar contra o regime de Pahlevi (vivido por Alexandre
Astier)), deixando para trás toda sua família, partindo com a mulher e o filho
para a França. Alguns de seus amigos fizeram o mesmo, antes que fosse tarde
demais. Na época, assumia o poder o aiatolá Ruhollah Khomeini.
A vida nova na França foi
difícil, mas recompensadora. Morando numa periferia da capital – Stans, em
Seine-Saint Denis -, ele se envolve num outro tipo de ativismo, que inclui a
integração de jovens filhos de imigrantes de vários lugares, divididos pela
dificuldade de inserção, o preconceito, o racismo e o flerte com a
marginalidade.
O filme, indicado ao César
de melhor trabalho de estreante, inspira-se nas memórias dos pais do ator, os
iranianos Hibat e Fereshteh Tabib, exilados na França depois de terem atuado na
oposição tanto ao regime do xá Reza Pahlevi quanto ao seu substituto, o aiatolá
Ruhollah Khomeini.
O maior mérito do trabalho
é entrelaçar aspectos pessoais e políticos de forma simples e bem humorada. Uma
trama que se comunica diretamente com o público.
É um retrato genuíno do que
ele viu sua família passar. Ao final, fotos originais de seus pais, familiares
e amigos são mostradas na tela. Todos os personagens do filme estão ali
presentes.
Avaliação: ****
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