segunda-feira, 18 de julho de 2016

Nós ou Nada em Paris

País: França
Ano: 2016
Gênero: Comédia dramática
Duração: 102 min
Direção: Kheiron
Elenco: Kheiron, Leïla Bekhti, Gérard Darmon e Zabou Breitman.

Sinopse: o iraniano Hibat (Kheiron) é um ativista contra o governo que volta e meia acaba preso. Apesar dos problemas com a lei, ele consegue se mudar para a França com a família. E é lá que Hibat tem a chance de começar uma nova vida.

Crítica: há muitas razões para o filme agradar o público: a história é verídica, a narrativa escolhida para contar a história é excelente, os recursos usados para mostrar a trajetória de Hibat (interpretado pelo próprio Kheiron, que também é o diretor estreante) desde sua infância no Irã até chegar e se estabelecer em Paris são bastante criativos e, por fim, o elenco, bem cativante, dá conta do recado.
Uma história de sofrimento, mas que é revelada de forma leve e bem humorada em diversas situações, o que atrai ainda mais a atenção do espectador, justamente por não se tornar maçante.
As dificuldades de Hibat não foram poucas na vida. A convicção dos seus valores e do que ele queria para a vida foram determinantes para que ele chegasse onde chegou. Digamos que ele tenha contado com a sorte, pois, de fato, poderia ter tido sua vida interrompida abruptamente. Muitos de seus amigos se foram e ver tudo isso não é nada reconfortante.
De ditador a ditador, ele teve que deixar seu país para continuar lutando contra a opressão (ficou 7 anos e meio preso por apenas panfletar contra o regime de Pahlevi (vivido por Alexandre Astier)), deixando para trás toda sua família, partindo com a mulher e o filho para a França. Alguns de seus amigos fizeram o mesmo, antes que fosse tarde demais. Na época, assumia o poder o aiatolá Ruhollah Khomeini.
A vida nova na França foi difícil, mas recompensadora. Morando numa periferia da capital – Stans, em Seine-Saint Denis -, ele se envolve num outro tipo de ativismo, que inclui a integração de jovens filhos de imigrantes de vários lugares, divididos pela dificuldade de inserção, o preconceito, o racismo e o flerte com a marginalidade.
O filme, indicado ao César de melhor trabalho de estreante, inspira-se nas memórias dos pais do ator, os iranianos Hibat e Fereshteh Tabib, exilados na França depois de terem atuado na oposição tanto ao regime do xá Reza Pahlevi quanto ao seu substituto, o aiatolá Ruhollah Khomeini.
O maior mérito do trabalho é entrelaçar aspectos pessoais e políticos de forma simples e bem humorada. Uma trama que se comunica diretamente com o público.
É um retrato genuíno do que ele viu sua família passar. Ao final, fotos originais de seus pais, familiares e amigos são mostradas na tela. Todos os personagens do filme estão ali presentes.

Avaliação: ****

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