Até a Eternidade (Les Petits Mouchoirs)
País: França
Ano: 2010
Gênero: Drama
Duração: 154 min
Direção: Guillaume Canet
Elenco: François Cluzet, Marion
Cotillard e Benoît Magimel.
Sinopse: a amizade de um grupo de
amigos, que costuma sair de férias juntos, é ameaçada após acidente quase fatal
de um deles.
Crítica: a história é a seguinte: um
grupo de amigos decide manter a programação de férias na praia mesmo após um
deles ter sofrido um acidente e permanecer em coma no hospital. Ludo (Jean
Dujardin) é esse personagem que, embora ausente a maior parte do tempo, ocupará
os pensamentos dos outros personagens. Estes se mandaram em férias de verão na
estupenda casa de praia do mais bem sucedido entre eles, Max (François Cluzet).
O próprio Max, com sua paranoia e exibicionismo, é uma
das figuras centrais. A outra é Marie (Marion Cotillard), carente e sexy, com
uma história pontuada por namoros febris. Há também outras figuras, todas
decupadas de modo a evitar a caricatura. Descrevemo-los assim apenas por
conforto de narrativa, mas Canet trata de fazê-los complexos e contraditórios –
isto é, humanos. Em todo caso, há sempre aquele tipo folgazão e extrovertido
que logo mostrará seu lado frágil. As esposas um pouco apagadas, mas que depois
se colocarão à frente da cena. E, claro, uma inevitável saída do armário, que
terá importância central na trama, tanto quanto, ou mais, que o acidente de
Ludo.
Até a Eternidade é uma celebração da amizade. Mesmo
sabendo que existe uma série de tensões acumuladas – amor, rivalidade, agressão
e mesmo ódio, misturados a certa libido de grupo que não raro se traduz em
violentos casos extraconjugais, culpa, ciúmes recíprocos e desconfianças. Sem
que o diretor se preocupe em teorizar muito, é tudo isso que está em jogo no
filme. A amizade não é idealizada, porém, mesmo tão ambígua e sujeita e
contradições e apesar dos contras, sai com saldo muito positivo.
Essa valorização do grupo formado por pessoas com quem
se tem afinidade, com quem rimos e pelas quais podemos chorar, é a linha
dominante da trama – terna, divertida e emocionante. Talvez um pouco comprida
demais (154 minutos), mas é essa longa duração que permite cenas mais
complexas, e acredite: você não percebe o tempo passar. Vale cada minuto.
Bastante francês, é também universal. Em especial pela
tonalidade afetiva e por essa valorização das coisas realmente importantes, de
que tomamos consciência toda vez que perdemos alguém próximo.
Avaliação: ****
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