A História da Eternidade
País: Brasil
Ano:
2014
Gênero: Drama
Duração: 120
min
Direção: Camilo
Cavalcante
Elenco: Irandhir
Santos, Débora Ingrid, Marcelia Cartaxo e Zezita Matos.
Sinopse: Alfonsina (Débora Ingrid) tem 15 anos e sonha
conhecer o mar. Querência (Marcélia Cartaxo) está na faixa dos 40. Das Dores
(Zezita Matos) já no fim da vida, recebe o neto após um passado turbulento. No
sertão compartilham sobrenome e muitos sentimentos. Amam e desejam
ardentemente.
Crítica: a inspiração para o filme veio de
um curta que produzido em 2003, com o mesmo nome. Até agora, a experiência do diretor Camilo Cavalcante era com curtas e médias-metragens.
"A história da Eternidade" pode ser definido como uma tempestade de emoções.
O desenvolvimento da narrativa e a força emotiva são surpreendentes. A direção ousada retrata, com visão humana e, ao mesmo tempo, estética, a rotina de uma vila esquecida pelo mundo no nordeste brasileiro.
O filme é um exemplo claro,
e nada comum, de trama emotiva que não é prejudicada pela arte; ao contrário, é enriquecida por ela. A fotografia é uma prova disso e dá um toque todo
especial ao cenário. É uma beleza cinematográfica: a tomada perfeita, o ângulo incomum, a vida onde não costumamos ver.
A primeira cena mostra um
cenário seco e quente que acompanha a passagem de um cortejo fúnebre de uma criança.
Na sequência, somos apresentados a personagens clássicos do sertão: a menina
que sonha em conhecer o mar, o pai durão, a senhora que cuida da vida de todos,
o deficiente que é meio que repelido pela população, o artista e por aí vai.
As veteranas Marcelia
Cartaxo e Zezita Matos, e a jovem Débora Ingrid são responsáveis por
interpretar as três figuras centrais da trama. Cartaxo é Querência, a mãe da
criança que acaba de ser enterrada, que convive com o luto e com o assédio do
sanfoneiro cego do vilarejo. Matos vive Das Dores, a senhora mais velha do
local, que recebe a inesperada visita do neto vindo de São Paulo. Por sua vez,
Débora interpreta Alfonsina, uma garota de 15 anos que sonha em deixar o sertão
e conhecer o mar. Ela cuida da casa, tendo que servir o pai e os irmãos. Ao
mesmo tempo, conhece o mundo pelas histórias do tio Joãozinho (Irandhir
Santos), um artista epilético que vive de favor com o irmão e que claramente
não pertence àquele ambiente.
Irandhir Santos está longe
de ser o protagonista do filme, mas sua atuação é marcante. Aprisionado àquele
lugar, ele tenta através da arte fugir. Ele protagoniza uma das cenas mais
belas vistas nos últimos anos no cinema nacional. Diferente de todas as pessoas
no local, Joãozinho, de calça estampada e maquiagem, deixa a casa com uma
vitrola. Então, coloca um disco para tocar, no que podemos ouvir
"Fala" na voz de Ney Matogrosso, e dubla e interpreta a canção.
É um filme poético,
sensível, forte, e de forma alguma, enfadonho. Revela como as pessoas parecem
aprisionadas aos seus tabus, ao destino ou ao lugar em que vivem, e buscam
libertar-se, viver.
Um belíssimo trabalho, de
qualidade excepcional, raríssimo no cinema nacional.
Avaliação:
***
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