Avó (Amama)
País: Espanha
Ano: 2016
Gênero: Drama
Duração: 103
min
Direção:
Asier Altuna.
Elenco: Iraia Elias, Amparo Badiola, Manu Uranga, Klara
Badiola, Ander Lipus, Nagore Aranburu e Kandido Uranga.
Sinopse: um filme sobre a passagem da cultura rural
basca, que liricamente explora o espírito do lugar, a ascendência e a
inevitabilidade da mudança. Gaizka (Manu Uranga) é o filho mais velho da família, mas recusa
a assumir o casario - a fazenda que foi da família por gerações. Sua irmã Amaia (Iraia Elias) é a única que tem de lidar com o protesto de seu teimoso pai à moda antiga. Ele
insiste que a fazenda representa um modo de vida e valores que devem ser
preservados. Amaia encontra-se dividida entre a tradição e a vida no mundo
moderno, mas ela não pode deixar seus velhos pais e avó cuidarem da fazenda por
si mesmos.
Crítica: o filme, apesar de estar atrelado a particularidades
regionais, consegue passar uma mensagem universal.
Um antigo casario na área
rural serve como pano de fundo de uma história que retrata as rupturas das tradições.
Ali vivem o pai, a mãe e a avó. O primogênito Gaizka (Manu Uranga), que seria o
herdeiro a continuar cuidando da fazenda, decide ir morar e trabalhar no
exterior; o outro filho Xabier (Ander Lipis) é preguiçoso e Amaia (Iraia Elias)
trabalha com produção de trabalhos artísticos e fica a maior parte do tempo na
cidade grande.
O pai não aceita os
caminhos escolhidos pelos filhos, nunca perguntou sobre os sonhos e desejos
deles e nem os incentivou a estudar. Essa parte coube à mãe, como ele mesmo
acusa no decorrer da trama.
Ele se fecha num mundo que
ele acredita ser o único a existir. Não quer abrir os olhos para ver outros mundos
nem abrir a mente para entender as descobertas dos filhos.
A relação familiar é quase
insuportável. O patriarca se isola e afasta todos.
O corte de uma árvore é a
gota d’água para, enfim, a mãe levantar a voz (depois de anos de silêncio). Na
fazenda, para cada nascimento de um membro da família, foi plantada uma árvore.
O pai, num ato de fúria, corta a árvore da filha.
A reconciliação só vem
depois desse acontecimento. Amaia, mesmo dividida entre os dois mundos, o
passado e o presente, sabe que, se o pai resistir às mudanças, será o fim dos
laços que ainda os unem.
A fotografia do longa, a
sequência das imagens que mistura o real e o ficcional, as cores que dão um
significado ao sentimento de cada um são recursos bastante simbólicos no filme
e funcionam muito bem.
Uma trama familiar que
aborda, com sabedoria, os conflitos de geração. E longe de ser previsível ou
enfadonho, consegue atrair o público para a sua abordagem.
Um filme que marca e que
deixa bons pensamentos.
Avaliação: ***