Título original: Le Petit Lieutenant
País: França
Ano: 2004
Gênero: Policial
Duração: 110 min
Direção: Xavier Beauvois
Elenco: Nathalie Baye, Jalil Lespert, Roschdy Zem, Antoine Chappey, Jacques Perrin, Bruce Myers, Patrick Chauvel, Jean Lespert, Annick Le Goff, Bérangère Allaux e Mireille Franchino.
Sinopse: Antoine (Jalil Lespert) é um jovem do interior que, depois de se formar na academia de polícia, vai trabalhar na força judiciária de Paris. É quando conhece Caroline, uma policial que voltou à ativa depois de ter superado o alcoolismo e escolhe justamente Antoine para fazer parte de seu grupo. Ele começa a conhecer seus colegas de trabalho, bebendo com eles e convivendo com a rotina do ofício de investigador. Aos poucos, Caroline (Nathalie Baye) começa a se envolver com esse jovem policial que tem a idade de seu filho desaparecido. Quando um corpo é descoberto flutuando no rio Sena, uma aparente investigação de rotina faz surgir fatos que mudarão a vida desses personagens.
Crítica: para realizar este seu quarto filme, o cineasta acompanhou por meses um capitão da policia parisiense. “O pequeno tenente” é produto desta experiência pessoal. A partir do personagem fictício Antoine, um jovem recém-formado da escola de tenentes que assume um posto numa divisão da capital francesa, Beauvois tenta nos repassar essa experiência de descoberta da profissão policial da maneira mais realista possível.
Beauvois, sob nenhuma hipótese quer mentir para o espectador. Ele costuma dizer que filma somente o que vê. Então, busca fazer o filme mais simples e direto possível.
Beauvois parte de um gênero conhecido e reconhecível, este das séries e dos thrillers policiais, que nos ensina como é feito uma investigação, um interrogatório, uma batida... Mas ao mesmo tempo, o cineasta deposita uma enorme crença no cinema como uma forma mais solta e livre. “O pequeno tenente” não coloca o cotidiano dos policiais no mesmo nível da mitologia representada pelos diversos cartazes de filmes policias que adornam os espaços do longa. Os policias de “O pequeno tenente” são gente como eu e você, pessoas simples, sem aquela face cowboy que nos acostumamos a ver no cinema.
É muito interessante como o diretor descortina Antoine como um sujeito que não suporta o cotidiano, que busca transcendência no dia-a-dia. Quando o personagem testemunha sua primeira autópsia, Mozart lhe vem à cabeça. Ao ouvir a história, o pai de Antoine sublinha que o filho se tornou místico depois que entrou para a polícia. No momento mesmo em que o personagem é apresentado ao lado sem graça da profissão que escolhera, ele se vê tentando escapar dela, ou colori-la. O mesmo acontece na seqüência em que, parado no trânsito, Antoine liga a sirene e foge cortando o tráfico com um enorme sorriso no rosto. Para além da amizade entre o protagonista e sua chefe alcoólatra Caroline – ela é o futuro dele, e ele o passado dela –, há também uma bonita cumplicidade entre a detetive e o tenente veterano marroquino (Roschdy Zem).
É genial a maneira pela qual Antoine aos poucos deixa de ser o herói, o personagem central. As sequências, as situações, os diálogos e, sobretudo, a interpretação dos atores são a base do sucesso da trama.
Avaliação: ***
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